O mais recente relatório do Institute for Crisis Management® (ICM) revela dados cruciais sobre a gestão de crises no último ano.
Uma das descobertas mais interessantes do relatório é o retorno ao equilíbrio entre crises anunciadas e inesperadas, com uma proporção de 50% e 49%, respetivamente. Estes valores refletem os padrões pré-pandemia, sugerindo uma estabilização na natureza das crises.
Assistiu-se também a uma redução de 9% no total de notícias sobre crises em 2022, o número totalizou 1.977.722 histórias. Tendo em conta o boom de notícias sobre a pandemia no relatório anterior, justifica-se a tendência de normalização do número de notícias e respetiva cobertura dos media.
Os desastres foram responsáveis por 26,10% do total de crises, acima dos 20,81% em 2022. Este crescimento deve-se principalmente a desastres naturais, como terramotos, inundações e tempestades, que causaram impactos devastadores ao nível de perdas humanas e do impacto económico. Note-se que em 2023, os desastres naturais causaram mais de 86 mil mortes e afetaram mais de 93 milhões de pessoas em todo o mundo. As perdas económicas impactaram em perdas no valor de mais de US$ 250 bilhões, superando a média das duas últimas décadas.
Outro dos detalhes do relatório é aumento das ações coletivas, cresceram drasticamente para 11,37%, refletindo um aumento nos litígios de grandes somas, especialmente em casos de discriminação e violações de regulamentações. O aumento significativo em litígios demonstra o crescente escrutínio legal e a exigência de responsabilidade corporativa. Esta tendência reflete o aumento do ativismo público e legal contra a má conduta corporativa.
O crime em locais de trabalho assume os 9,39% das crises. Só nos Estados Unidos da América registaram-se mais de 600 tiroteios em massa em 2023, uma média de cerca de dois por dia. No que respeita aos tiroteios em massa, é de salientar que, de 36 países estudados pelo Rockefeller Instituto, os EUA representam 33% da população e 76% dos incidentes públicos de tiroteios em massa.
O cibercrime assinala uma subida para 7,24%. Esta é uma área crítica de preocupação, onde os ciberataques e violações de dados continuam a ser uma tendência crescente, com os custos médios de incidentes a aumentarem 15% desde 2020.
Por fim, o destaque vai para a prevalência de práticas discriminatórias no local de trabalho fez com que os casos dobrassem para 7,19%.
O relatório hesita em fazer previsões, visto os resultados estarem mais flutuantes nos últimos 4 anos derivado do período da pandemia. No entanto, admite que as organizações estão mais despertas para o planeamento e preparação para situações de crise e que o aumento de formação é um sinal de que esta é uma área de maior interesse por parte das organizações.
Recomendações para Ação
O ICM sinaliza que as grandes empresas devem avaliar as vulnerabilidades, especialmente nas categorias em destaque no relatório, e desenvolver estratégias para a gestão das crises.
E as que têm um plano, devem atualizá-lo, utiliza a expressão “limpe o pó” para que esteja à altura dos desafios das crises mais atuais. Em seguida, exorta para a realização de exercícios de crise para desenvolver as habilidades de equipes.
O estudo do ICM utiliza uma análise extensiva de notícias e relatórios de crises globais, classificando-as em diversas categorias e monitorizando tendências ao longo do tempo. Para quem deseja aprofundar o tema, a leitura completa do relatório, disponível no site do Institute for Crisis Management®, é altamente recomendada.
* Esta notícia foi elaborada por Elsa Lemos, especialista em comunicação de crise que atua em Portugal (Pt) e colabora com o Observatório da Comunicação de Crise.