Não é novidade que não temos no Brasil uma cultura de prevenção de crises ou de gestão de riscos. Isso se torna evidente a cada nova situação crítica que tem como desfecho uma crise, um desastre ou uma catástrofe. A cultura existente é a do gerenciamento da crise já em andamento e a do esquecimento do ocorrido com o passar do tempo. Soma-se, ainda, à falta de prevenção e à má gestão, o negacionismo científico e o fenômeno da desinformação.
Diante desse cenário, a gestão de crises se torna ainda mais complexa, requerendo uma atuação interdisciplinar de áreas e agentes envolvidos no processo. Nesse sentido, realizamos uma curadoria de textos que ajudam a entender o que falhou e como precisamos nos preparar enquanto população, enquanto sociedade e enquanto governo para fazer frente aos próximos eventos extremos.
Gestão de riscos, gestão de crise, ciência, prevenção, comunicação de risco e comunicação de crise são alguns dos temas abordados nos textos elencados pelo Observatório da Comunicação de Crise a fim de contribuir para a reflexão sobre a necessidade do planejamento para situações de crise. Trata-se de matérias, artigos, pesquisas, análises e reportagens de jornalistas, pesquisadores e especialistas que abordam a gestão a partir do contexto do desastre no Estado do RS.
“Uma confluência de fatores deixa o estado do Rio Grande do Sul mais suscetível aos extremos causados pela mudança climática. A própria posição geográfica, a configuração das cidades e a falta de um programa eficiente de gestão de risco estão entre os fatores que favoreceram a catástrofe socioambiental vivida pelo estado”.
(por Fabíola Sinimbú)
“Quadros sombrios como esse exigem respostas rápidas, uníssonas e a capacidade de coordenar uma mensagem coesa e unificada, de modo a dissipar as inseguranças e fazer a ajuda chegar às mãos de quem mais precisa”.
(por Patricia Marins)
“Foi com surpresa que especialistas ambientais do Rio Grande do Sul tomaram conhecimento pela imprensa de que agora, com a catástrofe em curso, um grupo de empresários sugeriu ao governo do estado contratar empresa ou especialista em evitar catástrofes”.
(por Sílvia Marcuzzo)
“A gestão de crise dos governos federal e estadual para lidar com a situação de calamidade no Rio Grande do Sul é ruim ou péssima para 52% dos gaúchos, de acordo com a pesquisa AtlasIntel/CNN”.
(por Douglas Porto)
“Por trás dos coletes prestigiados, está uma estrutura de Defesa Civil precária, com baixo orçamento, falta de quadros qualificados, com o comando de aliados políticos sem nenhuma experiência prévia no tema, principalmente em pequenas cidades, ou nas mãos de militares, embora seja uma instituição civil”.
(por Rafael Oliveira)
“Com as mudanças climáticas se tornando o “novo normal”, os desastres climáticos serão constantes, se apresentando em diferentes formatos: ora como secas, ora como tempestades e enchentes, ora como calor intenso etc. Cientes de que estas ocorrências acontecerão, cabe as autoridades adotar medidas preventivas para minimizar os seus danos”.
(por João Fortunato)
“Apesar de assustadores, os acontecimentos não são imprevistos. Não faltaram alertas científicos – e não apenas para esses casos especificamente – de que a situação tende a se agravar cada vez mais e que é preciso agir para preparar o estado contra mais tragédias”.
(por Sílvia Marcuzzo)
“Muito se fala na necessidade de aprimoramento dos sistemas de alertas, essenciais para salvar vidas quando há a eclosão de um desastre. Entretanto, também é necessário fortalecer a comunicação de riscos”.
(por Eloisa Beling Loose)
“Não me entendam como alarmista nem pessimista. A ciência alerta há muito tempo que o aumento da ocorrência de eventos extremos é uma das principais consequências das mudanças climáticas”.
(por Giovana Girardi)
“Estado usou recurso de financiamento do Banco Mundial para criar legislação, mas não deu andamento ao processo. Uma legislação estadual de gestão de desastres naturais poderia ter ajudado o Rio Grande do Sul a prevenir, mitigar e evitar tragédias como as registradas no Estado”.
(por Vinicius Coimbra)