No dia 8 de janeiro de 2023, centenas de manifestantes golpistas invadiram as sedes dos Três Poderes da República no Brasil: o Palácio do Planalto, o Supremo Tribunal Federal e o Congresso Nacional, vandalizando prédios, salas, obras de arte e acervo histórico. Este caso talvez tenha sido a crise que mais ignorou sinais explícitos e riscos reais. Também, pode ser considerado o maior atentado à democracia brasileira que se tem registro na história.
As autoridades do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) e do DF responsáveis pela segurança das sedes dos Poderes na capital federal ignoraram todos as ameaças potenciais de ação hostil, mesmo com inúmeras manifestações em curso: ameaças de eleitores que não aceitavam os resultados das Eleições de 2022, acampamento em frente ao Exército em Brasília pedindo intervenção militar, depredações pela cidade em dezembro daquele ano após a diplomação do novo Presidente da República, fechamento de estradas Brasil afora, postagens na internet relembrando a invasão do Capitólio nos EUA, organização de viagens em grupos de redes sociais digitais para a invasão da Praça dos Três Poderes, entre outros indícios. Além disso, durante os atos, alguns Policiais foram flagrados recuando para a entrada dos invasores e fazendo selfie com os vândalos. Enfim, trata-se de uma crise marcada por leniência, conivência, falhas em série e falta de Inteligência.
Imediatamente após o ocorrido, o Presidente Lula que estava em compromisso oficial voltou a capital federal e se pronunciou sobre o ocorrido, decretando intervenção federal na segurança do DF. No dia seguinte, o Presidente se reuniu com chefes de poderes, ministros e governadores. Após, realizou uma caminhada simbólica até o STF a fim de avaliarem os estragos realizados por bolsonaristas. Ao final, atendeu a imprensa e afirmou: “Nós não vamos permitir que a democracia escape das nossas mãos”. Ainda em janeiro, o STF determinou o afastamento por 90 dias do Governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha, e a prisão do Secretário de Segurança à época, Anderson Torres.
Os ataques foram marcados por violência e ódio, resultaram em destruição de patrimônio público, de obras de arte e de acervo histórico, onerando os cofres da União em R$ 20 milhões para reconstrução e recuperação. Em abril, o Ministro do Gabinete de Segurança Institucional, General Gonçalves Dias, deixou o cargo. Em relação aos invasores, várias frentes de investigação envolvem a Polícia Civil, a Polícia Federal, A Procuradoria Geral da República e o STF. Para a investigação destes atos golpistas foi criada a Operação Lesa Pátria. Até hoje, já foram realizadas quase 90 prisões e mais de 360 mandados de busca e apreensão, os quais também miram os financiadores dos criminosos por todo o país.