Com o objetivo de fortalecer a relação entre a comunidade acadêmica e a sociedade, a extensão é um dos pilares das Instituições de Ensino Superior. A Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) tem um caminho já trilhado de práticas extensionistas e, no novo edital PROEXT-PG UFSM Além do Arco, o foco é o estímulo às ações de extensão nos programas de pós-graduação,
Para a Pró-Reitora de Pós-Graduação e Pesquisa, Cristina Wayne Nogueira, a extensão é o momento que os alunos podem experienciar o contato com a comunidade: “é quando que os pós-graduandos podem mostrar sua pesquisa para a sociedade e colher o impacto, entender que essa ciência tem implicações”, destaca. Em concordância, o Pró-Reitor de Extensão, Flavi Ferreira Lisboa, destaca a necessidade da indissociabilidade entre os eixos ensino, pesquisa e extensão e pontua: “é importante que a prática da extensão seja transformadora e possibilite uma formação mais integral desse acadêmico”, enfatiza.
Em 2023, projetos contemplados no primeiro edital da UFSM de fomento a ações de extensão na pós-graduação contaram com a participação de estudantes, que se engajaram nas atividades realizadas. A seguir, alguns deles relatam sobre a participação nas ações realizadas e as contribuições da extensão para sua formação acadêmica, profissional e pessoal.
Memória e patrimônio: uma conexão Brasil – Uruguai
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Um dos projetos contemplados no ano passado foi “Capacitação em gestão documental para a preservação da memória e do patrimônio cultural da fronteira Brasil/Uruguai”, sob coordenação da professora Sônia Elisabete Constante, do Programa de Pós-Graduação em Patrimônio Cultural (PPGPC). O projeto buscou suprir uma carência de políticas públicas para preservação do patrimônio documental da região de fronteira Brasil-Uruguai, por meio da capacitação de servidores das cidades de Rivera (Uruguai) e Santana do Livramento (Brasil). A iniciativa se deu a partir da relação internacional entre a UFSM/Brasil e o Museo del Patrimonio Regional de Rivera/Uruguai.
As arquivistas e acadêmicas do PPGPC Daiane de Souza e Lourdes Marilize Ferreira Soares foram bolsistas do projeto e contam que a experiência foi bastante relevante para a formação acadêmica e profissional das duas: “A participação no projeto contribuiu para uma maior troca de ideias com outros profissionais, com os responsáveis pelos documentos da região da fronteira. Nós conseguimos entender as demandas mais urgentes e ter também muitas trocas culturais”, destacam. Dentre as ações desenvolvidas pelas bolsistas esteve a preparação do conteúdo a ser ministrado no Curso de Capacitação para os
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profissionais da área, a execução de cursos teóricos sobre noções de arquivo, incluindo a identificação da situação encontrada no acervo a partir de um diagnóstico, a execução de cursos teórico/prático com o desenvolvimento de procedimentos de gestão documental e a apresentação de trabalhos em eventos científicos.
As pós-graduandas veem de forma positiva os resultados alcançados com as ações: “Percebemos que o público e os profissionais, de modo geral, receberam muito bem o projeto, assimilando as atividades apresentadas”, destaca Daiane. As ações, que colocaram as estudantes em contato direto com outros profissionais, proporcionaram trocas acadêmicas e o contato direto com a comunidade: “Estar junto com profissionais especializados que atuaram neste projeto foi de grande satisfação, mas, ao mesmo tempo, de grande responsabilidade. Sentimos que, de fato, a nossa atuação fez a diferença e entendemos que o dever foi cumprido”, destaca Lourdes.
Mapeamento de íons de fluoreto na água – melhoria para a saúde da população
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Outro projeto contemplado pelo edital da UFSM foi “Remoção do excesso de íons fluoreto da água como estratégia para melhoria da saúde da população”, coordenado pelo professor Elvis Carissimi e vinculado ao Programa de Pós-Graduação em Engenharia Ambiental. O projeto tem como objetivo o mapeamento de áreas de fragilidade ambiental, onde há o excesso de íons de fluoreto na água para consumo. A iniciativa foi realizada na região central do Rio Grande do Sul com dados de monitoramento do flúor do Programa Vigifluor, realizado pelo Centro Estadual de Vigilância em Saúde (CEVS). A partir das informações georreferenciadas, foram construídos mapas de ocorrência do flúor que servem de referência para outros estudos.
Uma das acadêmicas que integrou o projeto foi Rafaela Morelato, então mestranda do Programa de Pós-Graduação em Engenharia Civil (PPGEC). Em sua pesquisa, Rafaela desenvolve materiais e tecnologias para a remoção do excesso de íons fluoreto (F–) em águas subterrâneas. A acadêmica explica que o excesso do material nas águas de consumo público pode causar doenças como fluorose dental e fluorose óssea: “Isso acontece em várias áreas onde a água consumida vem do subterrâneo. Há ocorrência de casos de fluorose dental em diversas regiões do Brasil, incluindo na Quarta Colônia e em Santa Maria”, conta.
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Rafaela, que recentemente foi aprovada no processo seletivo de doutorado na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), conta que o projeto lhe possibilitou o contato com realidades diferentes e expandiu sua visão sobre o impacto social da pesquisa: “Tive a possibilidade de apresentar minha pesquisa num evento no Paraguai e observei que o país não tem dados públicos de monitoramento das águas de abastecimento como o Brasil, o que limita muito a tomada de decisões dos pesquisadores e gestores públicos, por exemplo”, relatou.
Rafaela incentiva outros alunos a pensarem propostas cada vez mais alinhadas à extensão: “Espero que mais alunos busquem iniciativas inovadoras, que aliem a pesquisa científica de inovação da pós-graduação com o impacto social promovido pela extensão universitária”.
Para a jornalista e mestranda do Programa de Pós-Graduação em Comunicação da UFSM (Poscom) Samara Wobeto, integrante da Associação das Pós-graduandas e Pós-graduandos da UFSM (APG), as práticas de extensão são muito importantes por possibilitar impactos reais da pesquisa na comunidade. Samara destaca: “Pesquisar só por pesquisar limita o que a ciência pode fazer e ser, o exemplo mais recente é como a pesquisa foi importante no cenário de enchentes provocada pelas mudanças climáticas. Desde os alertas para as chuvas extremas, até as ações de mitigação dos impactos e de recuperação das comunidades, tem a presença da pesquisa e da extensão”.
O edital PROEXT-PG UFSM Além do Arco busca o fomento à participação de estudantes da pós-graduação em ações extensionistas e visa incentivar que cada vez mais alunos tenham o contato com a comunidade. O resultado final do edital será divulgado nesta sexta-feira, dia 19.
Texto: Milene Eichelberger, acadêmica de jornalismo
Aluata Comunicação e Ciência