O sistema imunológico é uma rede multifacetada e sofisticada de órgãos, tecidos e células que protege o hospedeiro de uma variedade de patógenos, como bactérias, vírus, fungos e parasitas. Diversas pesquisas evidenciaram que a vitamina C é um ator crucial em vários aspectos do sistema imunológico, e sua deficiência resulta em imunidade prejudicada e maior suscetibilidade a infecções. Por sua vez, as infecções afetam significativamente os níveis de vitamina C devido ao aumento da inflamação e das necessidades metabólicas.

Estudos indicam que a vitamina C pode ter um papel preventivo e terapêutico em várias condições de saúde. Entre elas, o ‘resfriado comum’, termo que não denota uma doença definida com precisão, na qual os sintomas e a duração da doença variam de pessoa para pessoa. Os sintomas típicos do resfriado incluem combinações de secreção e obstrução nasal, dor de garganta e tosse, mas também podem causar sintomas mais graves. O resfriado comum é uma das doenças mais prevalentes na atualidade. Acredita-se, geralmente, que o consumo de vitamina C previne seu aparecimento, mas a eficácia real dessa medida é controversa. Uma revisão sistemática que analisou 45 estudos, concluiu que o consumo de vitamina C não previne o aparecimento do resfriado comum. De um modo geral, os dados não mostram nenhum benefício da suplementação crônica, ou seja, realizada a longo prazo, entretanto, pode ser prático iniciar a suplementação de vitamina C a curto prazo dentro de 24 horas após o início dos sintomas.

 Outra revisão investigou se o uso da vitamina C pode reduzir a incidência, duração ou gravidade do resfriado comum, seja através de suplementação diária contínua ou como tratamento iniciado no começo dos sintomas. Os resultados indicaram que a suplementação diária de vitamina C não diminui a frequência de resfriados na população em geral, sugerindo que seu uso habitual não é justificado. Embora estudos com suplementação regular tenham demonstrado uma redução na duração dos resfriados, esses achados não foram confirmados nos poucos ensaios terapêuticos conduzidos até o momento.

A vitamina C tem vários efeitos no sistema imunológico e o resfriado comum pode alterar seu metabolismo, de modo que os níveis dessa vitamina diminuam temporariamente no sangue e na urina. Assim, é plausível que a administração de vitamina C possa ter um efeito sobre a patogênese do resfriado comum. O efeito do uso crônico de ≥ 1 g / dia de vitamina C indica uma redução altamente significativa de 15% na gravidade do resfriado comum. No entanto, se a vitamina C alivia os sintomas do resfriado, parece impraticável tomar 1 g / dia de vitamina C regularmente durante muitos meses para aliviar os sintomas de resfriados que geralmente são pouco frequentes.

Logo, a ineficácia da suplementação de vitamina C em reduzir a incidência de resfriados na população em geral sugere que seu uso diário não é justificável. No entanto, considerando seu efeito consistente na diminuição da duração e gravidade dos resfriados em estudos de suplementação contínua, além de seu baixo custo e segurança, pode ser válido que indivíduos com resfriado comum experimentem o uso terapêutico da vitamina C para avaliar possíveis benefícios pessoais. Há necessidade de mais ensaios clínicos randomizados focados no uso terapêutico da vitamina C.