O Carnaval não é uma comemoração de origem brasileira. Na verdade, não se sabe bem onde ele se originou, mas há indícios de que as festas são um conjunto de tradições que passaram por diversas culturas ao longo de centenas de anos. A palavra “carnaval” é derivada do latim “carnis levale”, que significa “tirar a carne”; esse nome tem uma forte ligação com a religião cristã, uma vez que as comemorações acontecem no início da quaresma, um período de longo jejum que os fieis se submetem anteriormente à Páscoa.
Além disso, sabe-se que as festas sofreram influência dos famosos “bacanais romanos”, comemorações em homenagem ao Deus Baco, (ou Dionísio para os gregos), que era o Deus do vinho, onde os romanos e gregos se entregavam aos “prazeres mundanos”.
Essa influência pode ter levado o carnaval a ter a forma que possui na atualidade, uma festa divertida, mas sem muitas regras, o que pode resultar em algumas consequências na saúde dos foliões. Um exemplo disso são as Infecções Sexualmente Transmissíveis (ISTs).
Algumas ISTs que registram aumento de incidência durante o período de carnaval são a infecção pelo HIV (causador da AIDS), HPV (causador do câncer de colo de útero), sífilis, herpes genital, hepatites B e C, entre outras.
Bastante coisa né?
Mas afinal, o que são ISTs e como podemos nos prevenir delas?
ISTs são assim chamadas pois são infecções que acabam sendo contraídas através do ato sexual.
“Isso quer dizer que caso eu tenha relações no carnaval eu vou ficar doente?”
Não. O contágio por essas infecções se dá em caso de relações sexuais com pessoas que já possuem elas em seu organismo.
“Mas como eu vou saber se a pessoa está infectada ou não?”
Isso é difícil de saber, além do mais, as pessoas podem acabar omitindo essa informação, por isso é importante que saibamos o que fazer. Vale ressaltar que para algumas dessas ISTs já existem formas de imunização, ou seja, existem vacinas!!! A Hepatite B é um desses casos. A vacina está disponível nos postos de saúde, e caso você não saiba se já fez ou não, basta levar seu cartão vacinal a um postinho que os profissionais irão te informar!
Outra infecção que possui vacina é o HPV, aquele que pode causar câncer de colo de útero nas mulheres, lembra? Pois é, existe sim uma vacina para esse vírus, além disso, um estudo recente, realizado pela Universidade de Oxford, mostrou que mulheres vacinadas aos 12 e 13 anos de idade não apresentaram posteriores casos invasivos de câncer de colo de útero, independentemente do número de doses tomadas. E não para por aí, mulheres de 14 a 22 anos que receberam três doses da vacina bivalente apresentaram uma redução significativa no número de casos de câncer em relação às não vacinadas.
“Quer dizer que se eu não tomar a vacina eu vou contrair HPV ou a Hepatite?”
Calma, ainda existem outros métodos. Sim, estamos falando da famosa “camisinha”, ela é uma grande aliada da saúde e evita que se tenha o contato direto entre os órgãos genitais ou entre genitália e boca (já que também é possível se contaminar através do sexo oral).
“Então se eu usar a camisinha eu estarei 100% protegido?”
Infelizmente não, o único método 100% eficaz contra as ISTs é a abstinência sexual, mas o seu uso reduz drasticamente o risco de contaminação. Então não deixe de utilizá-la, além do mais, elas são distribuídas gratuitamente nas Unidades Básicas de Saúde (UBS).
“Mas e aquelas doenças que não têm vacina?”
A maioria delas possui tratamento, como é o caso da AIDS, e algumas até já têm cura, como a Hepatite C e a Sífilis, mas para não correr o risco de contraí-las, é importante se prevenir.
“E como eu vou saber se eu contraí uma IST ou se já possuo alguma?”
Isso é bem simples, basta se dirigir à UBS de seu bairro e agendar uma testagem. São testes rápidos e não duram mais do que uma hora, além disso, são totalmente sigilosos e seguros para que o paciente fique o mais confortável possível.
Caso você ainda tenha dúvidas a respeito do assunto, procure sempre um profissional especializado, ele vai poder te responder com mais detalhes, esclarecendo com calma os seus questionamentos.
E claro, não deixe de curtir o Carnaval. Se divirta sem esquecer de se prevenir, assim, todos vão conseguir aproveitar ao máximo essa data tão querida por nós!
Referências bibliográficas:
1. Palmer TJ, Kavanagh K, Cuschieri K, Cameron R, Graham C, Wilson A, Roy K. Invasive cervical cancer incidence following bivalent human papillomavirus vaccination: a population-based observational study of age at immunization, dose, and deprivation. J Natl Cancer Inst. 2024 Jan 22:djad263. doi: 10.1093/jnci/djad263. Epub ahead of print. PMID: 38247547.
Disponível em: https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/38247547/
2. Carnaval acende alerta para doenças sexualmente transmissíveis
3. Infecções Sexualmente Transmissíveis – Ministério da Saúde
Autor:
Henrique Scherer Buffon
Acadêmico do curso de Graduação em Medicina – UFSM, Iniciação Científica em Laboratório de Biogenômica – UFSM.
Currículo Lattes: http://lattes.cnpq.br/9480594162344652