Ir para o conteúdo CIÊNCIA E CONSCIÊNCIA Ir para o menu CIÊNCIA E CONSCIÊNCIA Ir para a busca no site CIÊNCIA E CONSCIÊNCIA Ir para o rodapé CIÊNCIA E CONSCIÊNCIA
  • International
  • Acessibilidade
  • Sítios da UFSM
  • Área restrita

Aviso de Conectividade Saber Mais

Início do conteúdo

O Vinho na Balança da Saúde: o que a ciência aponta sobre seu consumo?



          O vinho é uma bebida alcoólica produzida a partir da fermentação da uva. Muito se discute a respeito do baixo ou moderado consumo do vinho e se realmente essa bebida traria benefícios para a saúde de quem a consome. É importante ressaltar que não há consenso entre os pesquisadores a respeito da sua ingestão, contudo, algumas questões foram elucidadas e neste texto trataremos a respeito desses fatores.

          Em primeira análise, precisamos refletir sobre as origens desse ditado popular de que “tomar vinho faz bem para a saúde”. Essa ideia surgiu na Europa, mais especificamente nos países mediterrâneos, onde o consumo de vinho está associado a raízes culturais na população, uma vez que os maiores produtores da bebida se encontram aos arredores do Mar Mediterrâneo. 

         Somado a isso, percebeu-se que determinadas populações dessa região – principalmente Itália, Grécia e Croácia – possuíam índices mais baixos de doenças crônicas (como diabetes, hipertensão, câncer, entre outras) levando pesquisadores a acreditar que poderiam ter fatores no seu estilo de vida que serviam como protetores para a saúde populacional. Chegou-se à conclusão de que, apesar das diferenças culturais entre as nações, essas pessoas possuíam uma rotina alimentar muito semelhante, à qual foi dado o nome de Dieta Mediterrânea. Dessa forma notou-se que esses povos possuíam uma grande variabilidade alimentar, consumindo, massas, grãos, peixes, frutas, legumes e verduras; além disso, dois alimentos se destacaram: o vinho e o azeite de oliva. A partir daí, começou-se a estudar os benefícios desses alimentos para a saúde humana.

Apesar da literatura científica não esclarecer com precisão se o consumo de vinho é, de fato benéfico, conseguimos ponderar alguns fatores. O vinho, principalmente o tinto, por ser produzido na presença da casca da uva, possui uma alta quantidade de polifenóis: substâncias com poder antioxidante, ou seja, que desempenham um importante papel na prevenção de doenças cardiovasculares, na atividade anti-inflamatória e nas doenças crônicas anteriormente citadas, sendo a principal delas o resveratrol. É importante salientar que naquela região, o vinho é consumido junto de outros alimentos, fazendo com que a absorção do álcool seja diminuída e sua depuração hepática (metabolização da molécula de álcool pelo fígado) fique, também, menos sobrecarregada, sendo menos danosa ao fígado e ao organismo como um todo e, portanto, a sua ingesta seja menos prejudicial. 

Além disso, nesses locais, essa bebida possui outros efeitos além dos associados puramente à sua composição. É importante ressaltar que, por ser ingerido em refeições, o consumo dessa bebida está associado a um contexto de socialização, confraternizações e momentos de interações pessoais, podendo fazer parte do sentimento de bem-estar social. Desse modo, poderíamos concluir que o consumo de vinho, juntamente da alimentação e não simplesmente pelo ato de bebê-lo, aparenta ser benéfico para a saúde, e, de fato, possui vantagens que outras bebidas alcoólicas como o whisky, a vodka e a cerveja, não apresentam.

Entretanto, é de extrema importância salientar que assim como outras bebidas alcoólicas, o vinho também possui álcool em sua composição, o que acaba sendo um problema, uma vez que essa substância possui poder hepatotóxico (prejudicial ao fígado), aumenta as chances de quem a consome desenvolver determinados tipos de câncer (como o de boca, de estômago e de intestino) além de possuir um considerável poder de causar dependência. Somado a isso, o álcool altera o funcionamento do cérebro, comprometendo a funcionalidade do córtex pré-frontal, local do encéfalo responsável pela tomada de decisões, comportamento social, compreensão, entre outras funções. Isso faz com que um indivíduo sob a influência dessa substância tenha seu juízo, seu temperamento e suas atitudes prejudicadas, podendo causar dano a si próprio ou até mesmo a terceiros. 

Esses fatores são extremamente importantes e devem ser levados em consideração para quem possui ou está pensando em criar o hábito de consumir vinho por conta de seus benefícios, pois em nenhuma circunstância a ingesta de álcool será superior fisiologicamente a se abster do seu consumo. Ainda, as substâncias benéficas do vinho, podem, também, ser encontradas em outros alimentos, como a própria uva, frutas vermelhas, além de serem muito presentes no azeite de oliva, preferencialmente virgem. Dessa forma a substituição da bebida por alimentos não alcoólicos, pode trazer a grande maioria das vantagens do vinho, sem causar os danos associados ao etanol.

Desse modo, é possível concluir que o consumo de vinho pode apresentar benefícios, apesar disso, ressaltamos que não existem níveis seguros para o consumo de álcool, sendo a melhor opção se abster e substituir a bebida por outros alimentos. Entretanto, caso opte pelo consumo do vinho, respeite as orientações do seu médico e consuma com moderação, buscado evitar possíveis danos futuros à sua saúde. Para finalizar, lembramos que o consumo de bebidas alcoólicas é proibido para menores de 18 anos.

Referências Bibliográficas:

1. Santos-Buelga C, González-Manzano S, González-Paramás AM. Wine, Polyphenols, and Mediterranean Diets. What Else Is There to Say? Molecules. 2021 Sep 12;26(18):5537. doi: 10.3390/molecules26185537. PMID: 34577008; PMCID: PMC8468969.

Disponível em: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC8468969/

2. Lombardo M, Feraco A, Camajani E, Caprio M, Armani A. Health Effects of Red Wine Consumption: A Narrative Review of an Issue That Still Deserves Debate. Nutrients. 2023 Apr 16;15(8):1921. doi: 10.3390/nu15081921. PMID: 37111141; PMCID: PMC10146095.
Disponível em: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC10146095/

3. Hrelia S, Di Renzo L, Bavaresco L, Bernardi E, Malaguti M, Giacosa A. Moderate Wine Consumption and Health: A Narrative Review. Nutrients. 2022 Dec 30;15(1):175. doi: 10.3390/nu15010175. PMID: 36615832; PMCID: PMC9824172.
Disponível em: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC9824172/

4. GUYTON, Arthur C.; HALL, Michael E.; HALL, John E.. Tratado de fisiologia médica. 14.ed RIO DE JANEIRO: Grupo GEN, 2021, 1121 p.

Autor:

Henrique Scherer Buffon

Acadêmico do curso de graduação em Medicina pela Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), aluno de Iniciação Científica no Laboratório de Biogenômica.

CurrículoLattes: http://lattes.cnpq.br/9480594162344652

 

Divulgue este conteúdo:
https://ufsm.br/r-910-236

Publicações Relacionadas

Publicações Recentes