Segundo o Ministério da Saúde (2023), o câncer de próstata é um dos tipos de câncer mais comuns entre os homens atualmente, sendo a segunda maior causa de óbitos na população masculina em todas as regiões do país. Só em 2020, foram registrados 15,8 mil óbitos, segundo dados do Sistema de Informação sobre Mortalidade. Entre os principais fatores de risco para esta doença, destacam-se a idade (incidência e mortalidade aumentam significativamente após os 60 anos), o histórico familiar (pai ou irmão com câncer de próstata antes dos 60 anos) e a alimentação (sobrepeso e obesidade).
A próstata é uma pequena glândula do sistema reprodutor masculino, localizada abaixo da bexiga, cuja principal função é a produção de parte do líquido seminal, que auxilia na nutrição e transporte dos espermatozoides. Quando as células dessa glândula crescem de maneira descontrolada, pode surgir o câncer de próstata. Na maioria dos casos, o câncer de próstata se desenvolve lentamente, não trazendo riscos à vida do paciente e, muitas vezes, não apresenta sintomas no início, o que torna o diagnóstico precoce fundamental para o sucesso do tratamento.
Embora seja uma doença comum, por estigmas sociais ou por desconhecimento, muitos homens preferem não conversar sobre esse assunto. Na fase inicial da doença, para aqueles pacientes sintomáticos, é preciso se atentar aos seguintes sintomas: dificuldade de urinar; demora em começar e terminar de urinar; sangue na urina; diminuição do jato de urina e a necessidade de urinar mais vezes durante o dia ou à noite e, caso os percebam, devem procurar uma unidade de saúde.
Neste contexto, faz-se necessário que os homens tenham acompanhamento médico de rotina ao longo da vida para prevenção. Essa investigação se dá pela realização de dois exames: o toque retal e o Antígeno Prostático Específico (PSA), por meio do exame de sangue. Essas são as duas formas complementares, na busca por problemas na próstata, entretanto, para confirmação da doença, é preciso realizar biópsia, indicada caso seja encontrada alguma alteração nos exames anteriores. Se o diagnóstico de câncer de próstata for confirmado, o tratamento vai depender do estágio da doença e das condições de saúde do paciente.
Tradicionalmente, era comum que homens a partir dos 45 anos de idade realizassem essa rotina de exames para a prevenção da doença. Recentemente, o Instituto Nacional do Câncer (INCA), órgão do Ministério da Saúde, atualizou suas recomendações sobre o rastreamento da doença. Atualmente, o INCA não recomenda mais o uso do toque retal em campanhas de rastreamento em larga escala para toda a população masculina, enfatizando que o exame deve ser indicado com base em critérios individuais, levando em consideração fatores de risco, como idade avançada, histórico familiar de câncer de próstata e a presença de sintomas.
A mudança de diretrizes ocorre porque estudos realizados no Canadá, nos Estados Unidos e na Europa provam que o rastreamento – a aplicação de exames à população geral – não reduz a mortalidade pela doença. Esses estudos mostraram que tais exames, quando realizados em grandes grupos de homens assintomáticos, podem levar ao diagnóstico excessivo de cânceres de evolução indolente, ou seja, que possivelmente não se desenvolveriam de forma agressiva ao longo da vida. Com isso, o excesso de diagnósticos pode resultar em tratamentos desnecessários, que, embora muitas vezes eficazes, estão associados a potenciais efeitos colaterais adversos, significativos na qualidade de vida.
No entanto, isso não significa que o exame de toque ou o PSA sejam proibidos. Por isso, mesmo com as mudanças nas recomendações de rastreamento, é essencial que os homens continuem cuidando da sua saúde e discutam com seus médicos a melhor abordagem para cada caso, buscando avaliar os riscos e benefícios, considerando o histórico familiar e outras condições de saúde.
Em resumo, o câncer de próstata permanece como uma das principais causas de morte entre os homens, estando relacionado a fatores como idade avançada, histórico familiar e hábitos de vida. Embora o desenvolvimento desse tipo de câncer seja, em muitos casos, lento e assintomático nas fases iniciais, o diagnóstico precoce continua sendo de extrema importância, permitindo maior possibilidade de tratamento eficaz, aumentando as chances de cura e diminuindo complicações mais graves, reforçando a importância da conscientização e dos exames regulares, principalmente para homens a partir dos 50 anos.
Referências Bibliográficas:
1.BRASIL. Ministério da Saúde. Câncer de próstata. Disponível em: https://www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/saude-de-a-a-z/c/cancer-de-prostata.
2.BRASIL. Ministério da Saúde. Diagnóstico precoce do câncer de próstata possibilita melhores resultados no tratamento. Disponível em: https://www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/noticias/2023/outubro/diagnostico-precoce-do-cancer-de-prostata-possibilita-melhores resultados-no-tratamento.
3.BRASIL. Ministério da Saúde. Estimativa 2023: Incidência de câncer no Brasil. Disponível em: https://www.inca.gov.br/publicacoes/livros/estimativa-2023-incidencia-de-cancer-no-brasil.
4.BRASIL. Ministério da Saúde. Síntese de resultados e comentários. Disponível em: https://www.gov.br/inca/pt br/assuntos/cancer/numeros/estimativa/sintese-de-resultados-e-comentarios.
5.BRASIL. Instituto Nacional do Câncer. Manual do Câncer de Próstata. Disponível em: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/inca/manual_prostata.pdf.
6.BRASIL. Instituto Nacional do Câncer. Mudança de paradigma. Disponível em: https://www.inca.gov.br/sites/ufu.sti.inca.local/files/media/document/rrc-06-prevencao-mudanca-de-paradigma.pdf.
7.BRASIL. Instituto Nacional do Câncer. Câncer de próstata: vamos falar sobre isso? Disponível em: https://www.inca.gov.br/publicacoes/cartilhas/cancer-de-prostata-vamos-falar-sobre-isso.
8.BRASIL. Instituto Nacional do Câncer. Nota Técnica – Recomendação pelo não rastreamento populacional do câncer de próstata. Disponível em: https://www.inca.gov.br/publicacoes/notas-tecnicas/nota-tecnica-recomendacao-pelo-nao-rastreamento-populacional-do-cancer-de.
Autora:
Camille Coletto Canals
Acadêmica do Curso de Enfermagem da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) e colaboradora do Portal Ciência e Consciência.
Currículo Lattes: http://lattes.cnpq.br/6410211951302845