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SUS incorpora novo teste para HPV e rastreamento do câncer de colo do útero que substituirá o Exame Papanicolau



O câncer de colo de útero é causado por diferentes cepas do Papilomavírus Humano (HPV), um agente infeccioso de transmissão sexual. Alguns cientistas chegam a atribuir que 99% dos cânceres de colo de útero estão relacionados ao HPV.

Nas mulheres em que a infecção é causada pelas cepas do HPV de baixo risco, geralmente o próprio sistema imune consegue combatê-la, tornando-a transitória em virtude da baixa agressividade do vírus. Este tipo geralmente leva ao desenvolvimento de neoplasias benignas, como condilomas (verruga genital) e verrugas na pele. Por outro lado, quando o vírus é de alto risco e consequentemente mais agressivo, a infecção tende a escapar da resposta imune do hospedeiro, permanecendo latente (oculta no organismo) por tempo indeterminado se não diagnosticada e tratada. Nesse caso, o quadro evolui para a formação de lesões pré-cancerosas que podem evoluir para o câncer, como as neoplasias intraepiteliais cervicais (NIC).

O vírus HPV penetra no tecido do colo uterino e atinge as células das camadas mais profundas, através do contato pele a pele ou pele-mucosa, permanecendo armazenado no núcleo celular para iniciar o seu ciclo proliferativo. Os vírus de alto risco com o tempo também passam a integrar o material genético da célula epitelial, conseguindo expressar suas proteínas virais, o que leva à imortalização celular, como é o caso das classes HPV-16 e HPV-18, por exemplo. 

Atualmente, como métodos de prevenção, o SUS oferece campanhas para vacinação contra o HPV, uso de preservativos e realização de exames diagnósticos como o Papanicolau – também conhecido como preventivo – que é a estratégia adotada para a detecção precoce de lesão precursora e para o diagnóstico precoce do câncer no Brasil. No entanto, apesar de todas as campanhas, 1 em cada 4 mulheres no Brasil nunca fez o exame preventivo Papanicolau, o que está relacionado a questões socioeconômicas e culturais, incluindo aqui vergonha. Ainda cerca de 30% das mulheres não fazem com a periodicidade recomendada, inicialmente anual, e após dois exames seguidos (com um intervalo de um ano) apresentando resultado normal, o preventivo pode passar a ser feito a cada três anos.

 Desse modo, visando melhorar as medidas adotadas e seguindo recomendações da Organização Mundial da Saúde (OMS) publicadas em 2021 voltadas para países de baixa e média renda, será incorporado no Sistema Único de Saúde (SUS) o teste molecular para detecção do HPV, conhecido como teste de DNA-HPV, que foi indicado como método preferencial. Recentemente, estudos realizados indicam que o DNA-HPV é capaz de antecipar o diagnóstico em até 10 anos pela detecção do câncer ainda em seu estágio inicial.

O teste do DNA-HPV, considerado mais direto e preciso, é capaz de detectar a presença do genoma do vírus (sequência completa de DNA) na amostra coletada e caracterizá-lo de acordo com a sua classe. Isto é possível devido ao DNA do HPV ser encontrado no núcleo das células infectadas do colo uterino, onde as partículas virais infectantes podem ser isoladas.

Dentre as diversas técnicas da biologia molecular que podem ser empregadas no teste de DNA-HPV, estudos têm mostrado a análise de Reação em Cadeia da Polimerase (PCR) como a mais adequada, técnica bastante similar àquela que ficou conhecida na detecção do vírus causador da COVID-19.

O novo exame molecular permite a realização de autocoleta, ou seja, a própria paciente pode coletar uma amostra da sua mucosa cervicovaginal com o auxílio de instrumentos, como escovas e Swabs. Outra vantagem é o maior intervalo de tempo proporcionado: enquanto o Papanicolau deve ser realizado a cada três anos, o DNA-HPV pode ser realizado a cada 5 anos.

 

Sendo assim, com a implementação do novo teste, espera-se obter uma maior adesão e uma melhora no rastreio primário do câncer de colo de útero, possibilitando identificar não só as mulheres sintomáticas, mas também aquelas com potencial de desenvolver lesões cancerosas futuramente, contribuindo significativamente para o aumento nas chances de tratamento e na redução dos casos de mortes.

Referências Bibiográficas:

1. VIDAL, Flávia C. B., et al. Análise crítica dos métodos moleculares para detecção do papilomavírus humano: revisão da literatura. [S. l.]: Revista Femina, vol 40, n. 5, set./out. 2012. Disponível em: http://files.bvs.br/upload/S/0100-7254/2012/v40n5/a3416.pdf.

2. SANTOS, Marcelle F. S. M.; FONSECA, Márjorie G. Estudo comparativo das técnicas de PCR e captura híbrida para o diagnóstico do HPV: revisão de literatura. Salvador: Revista Eletrônica Atualiza Saúde, vol. 4, n. 4, jul./dez. 2016. Disponível em: https://atualizarevista.com.br/wp-content/uploads/2022/05/estudo-comparativo-das-tecnicas-de-pcr-e-captura-hibrida-para-o-diagnostico-do-hpv-revisao-de-literatura-v-4-n-4-1.pdf.

3. PIMENTEL, Carolina. Novo teste de HPV no SUS pode antecipar diagnóstico em até 10 anos. Brasília: Agência Brasil, mar. 2024. Disponível em: https://agenciabrasil.ebc.com.br/saude/noticia/2024-03/novo-teste-de-hpv-no-sus-pode-antecipar-diagnostico-em-ate-10-anos#:~:text=O%20Minist%C3%A9rio%20da%20Sa%C3%BAde%20anunciou,c%C3%A2ncer%20do%20colo%20do%20%C3%BAtero.

4. CARDIAL, Márcia F. T. et al. Papilomavírus humano (HPV). São Paulo: Revista FEMINA, vol 47, n. 2, 2019. Disponível em: https://docs.bvsalud.org/biblioref/2019/12/1046496/femina-2019-472-94-100.pdf.

 

5. GODOY, Luani R. et al. Implementation of HPV Tests in Latin America: What We Learned; What Should We Have Learned, and What Can We Do Better? Cânceres 2022, 14, 2612. Disponível em: https://doi.org/10.3390/cancers14112612.

 

 

Autora:

Jackeline de Miranda Schmidt

Acadêmica do curso de graduação em Farmácia pela Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), aluna de Iniciação Científica no Laboratório de Biogenômica e colaboradora do Portal Ciência e Consciência.

Currículo Lattes: https://lattes.cnpq.br/6278506698025703.

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