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Mais músculos, menos doenças: o benefício da massa muscular na imunidade



Durante o último século, a população mundial tornou-se menos ativa fisicamente, levando ao aumento dos casos de condições crônicas, como as doenças cardiovasculares, Diabete Mellitus (DM) e certos tipos de cânceres. Independente do estado de saúde, a falta de massa muscular tem afetado a qualidade e expectativa de vida dessas pessoas.

 

Além de definir o corpo, a massa muscular é essencial para manter a saúde, ajudando na força e contribuindo para a regulação do metabolismo e da glicemia (concentração de açúcar no sangue). As miocinas (proteínas produzidas pelas fibras dos músculos durante a contração muscular) são substâncias antioxidantes que protegem o DNA contra danos, além de atuarem na comunicação com outros tecidos do corpo. 

O exercício físico moderado também aumenta a produção de células do sistema imune, como os linfócitos T e B, que são essenciais na identificação e destruição de patógenos (organismos que são capazes de causar doença), tornando a resposta imunológica mais eficaz. O sistema imunológico é responsável pelo reconhecimento do que é próprio e não próprio do organismo, defende o corpo de invasores, como bactérias, vírus e fungos. Dessa forma, sua função é reparar danos e preservar a capacidade do organismo de manter equilíbrio interno (homeostase). Quando nos exercitamos, ao contrair o músculo, aumentamos o fluxo sanguíneo e a circulação de células imunológicas, melhorando a detecção e eliminação de patógenos.

A prática de exercícios físicos é uma das principais formas de manter e aumentar a massa muscular. Em contrapartida, a perda de massa muscular apresenta um maior risco de desenvolvimento de doenças crônicas, incluindo DM e doenças cardiovasculares. Os treinos de força e musculação aumentam a massa muscular, modulando a resposta imune com uma ação anti-inflamatória saudável e reduzindo a inflamação crônica, que por vezes, está associada às doenças cardiovasculares. Com isso, o coração trabalha menos para bombear o sangue, o que reduz o risco de doenças e melhora a sensibilidade à insulina, que por consequência, regula a glicemia no caso de DM. Além disso, a atividade física fornece benefícios para a saúde óssea. Quando os músculos são estimulados, aumenta a força e a densidade óssea, reduzindo o risco de fraturas e osteoporose.

Um estudo desenvolvido pela Universidade de São Paulo (USP) mostrou que mulheres com mais de 65 anos com pouca massa muscular podem ter até 63 vezes mais risco de morrer do que àquelas que tem massa  muscular. A análise começou com a participação de pessoas saudáveis, semelhante em características de idade e classe social, nas quais foram feitos exames de sangue e de composição corporal por densitometria (avaliação da quantidade de gordura, osso e massa magra, incluindo músculo e água). Cinco anos depois, foram refeitos os exames com as mesmas pessoas. A análise dos resultados mostrou que a baixa massa muscular foi identificada como fator significativo de mortalidade. Dessa forma, pouca massa muscular, é um indicativo que o indivíduo está mais frágil. Isso mostra que a prevenção da perda de massa muscular é essencial, pois além desta atuar como uma reserva fisiológica, o envelhecimento por si só, já implica perda de massa.        

Além disso, os efeitos da massa muscular são benéficos em pacientes com câncer. Nesta condição, os músculos podem fortalecer a resposta imunológica do organismo, auxiliando na redução dos efeitos colaterais e no combate às células cancerígenas, pois durante a atividade física, ocorrem alterações nos níveis de citocinas (atuam como um mensageiro químico para a regulação do sistema imunológico), que podem ser pró-inflamatórias (gerar uma resposta inflamatória) ou anti-inflamatórias (diminuir uma inflamação), minimizando a toxicidade dos tratamentos convencionais e aumentando a circulação de células imunes, auxiliando no combate de agentes patogênicos, incluindo as células cancerígenas.

 

Portanto, as evidências indicam que quanto maior a quantidade de massa muscular, menores são as chances de desenvolver doenças crônicas. Assim, é importante que a população se conscientize sobre a importância do ganho de massa muscular como sendo uma forma de aumentar a imunidade e a qualidade de vida, uma vez que a perda de massa muscular é uma consequência natural do envelhecimento e começa a partir dos 30 anos. Vale ressaltar que a comunicação entre os músculos e o sistema imunológico durante o exercício é essencial para a regulação adequada da resposta imune, para a proteção contra doenças.

Referências Bibliográficas:

1) Rodrigo Terra, Sílvia Amaral Gonçalves da Silva, Verônica Salerno Pinto, Patrícia Maria Lourenço Dutra.Effect of exercise on immune system: Response, adaptation and cell signaling. Rev Bras Med Esporte – Vol. 18, No 3 – Mai/Jun, 2012. Disponível em:  https://www.scielo.br/j/rbme/a/CGmwG98hSB4pmV65hgPtZBR

2) Nogueira, H. S.; Lima, W. P. Câncer, sistema imunológico e exercício físico: uma revisão narrativa. Corpoconsciência, Cuiabá-MT, v. 22, n. 01, p. 40-52, jan./abr., 2018. Disponível em: https://periodicoscientificos.ufmt.br/ojs/index.php/corpoconsciencia/article/view/5636/4031

 

3) Santana, F. M. de, Domiciano, D. S., Gonçalves, M. A., Machado, L. G., Figueiredo, C. P., Lopes, J. B., . Pereira, R. M. R. (2019). Association of Appendicular Lean Mass, and Subcutaneous and Visceral Adipose Tissue With Mortality in Older Brazilians: The São Paulo Ageing & Health Study. Disponível em:  https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/30866105/

 

Autora:

Gabriela Acunha Razzera

Acadêmica do curso de graduação em Farmácia pela Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), aluna de Iniciação Científica no Laboratório de Biogenômica e colaboradora do Portal Ciência e Consciência

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