O medo é uma emoção que todos os seres humanos sentem, que desempenha um papel crucial na nossa sobrevivência e adaptação ao ambiente. Por exemplo, ao nascer, os bebês já têm a capacidade de sentir medo, sendo essa uma das primeiras emoções que o ser humano sente. Esse medo é oriundo dos vários estímulos desconhecidos do ambiente, como sons, ruídos e luzes. Tais estímulos desencadeiam reações fisiológicas características desse sentimento, como o choro, agitação e gritos, maneira com a qual o bebê se comunica com o mundo. O medo, é uma emoção que vamos sentir durante toda a vida, se manifestando de maneira diferente e com intensidade diferente em cada indivíduo.
Sem medo, a espécie humana não teria chegado até aqui! O medo contribuiu para a sobrevivência e adaptação dos nossos ancestrais ao longo da evolução por agir como um sistema de alerta e autopreservação em momentos de perigo/ameaça físicos, desencadeando uma resposta de “luta ou fuga” frente a essas situações de estresse iminente. Mas o mecanismo não ficou no passado, esse sistema de luta e fuga, está conservado em cada um de nós até o momento, sendo ativado em em situações de exposição a estresse físico e psicológico.
Mas como ele funciona? O medo é capaz de desencadear respostas fisiológicas importantes para a manutenção do estado de luta ou fuga. Quando vivenciamos uma situação de perigo, esse estímulo chega ao cérebro, sendo interpretado pelo hipotálamo, que envia sinais para a glândula adrenal liberar hormônios relacionados ao estresse, como a adrenalina e a noradrenalina. Esses hormônios atuam sobre várias regiões, como o coração, aumentando a frequência cardíaca para bombear mais sangue para os músculos e órgãos; eles também tem outros efeitos sistêmicos, como redirecionamento do fluxo sanguíneo para os músculos e cérebro, que são órgãos mais importantes para a ação rápida e aumentando a frequência respiratória a afim de obter mais oxigênio. Assim, é possível estar preparado para “lutar ou fugir”.
E você sabia que existem 4 tipos de medos?
Sim, existem! São eles o medo primário, secundário, aprendido e imaginário. O medo primário é inato e faz parte do emocional humano desde o nascimento. Esta relacionado com ameaças/perigos iminentes, sendo o responsável pela ativação do mecanismo de luta ou fuga. O medo secundário é conhecido como “ansiedade”, e está relacionado a uma resposta emocional frente a situações que não apresentam perigos imediatos, contudo, caso se torne crônico, pode acarretar em doenças graves, como transtornos de humor e depressão. O medo aprendido é aquele obtido através das experiências vivenciadas, provenientes da associação entre estímulos neutros e eventos aversivos, por exemplo, desenvolver medo de dirigir após sofrer um acidente. E o medo imaginário, que é uma resposta emocional a ameaças percebidas que são improváveis ou inexistentes, como o medo de monstros embaixo da cama por crianças ou as fobias (como a claustrofobia, por exemplo, que é o medo irracional de lugares fechados. Essas categorias de medo podem se sobrepor ou variar de intensidade de acordo com a pessoal e situação.
O medo é uma ferramenta extremamente importante para nossa sobrevivência, contudo, pode se tornar uma resposta disfuncional e prejudicial a qualidade de vida quando em excesso, como a ansiedade, que é uma respostas secundária do medo, que se não tratada corretamente, com a ajuda de profissionais especializados, como psicólogos e psiquiatras, pode evoluir para um transtorno de ansiedade, podendo causar sofrimento e diminuição significativa na qualidade de vida de quem sofre com esta condição. Sendo assim, é possível dizer que o medo é uma ferramenta imprescindível para a perpetuação das espécies quando utilizado em momentos específicos, e entender seus mecanismos e a maneira como lidar com essa emoção, é de suma importância para garantir uma qualidade de vida maior.
E você do que tem medo?
Referências Bibliográficas:
1. BRANDÃO, M. L. et al. Organização neural de diferentes tipos de medo e suas implicações na ansiedade. Revista
Brasileira de Psiquiatria, v. 25, n. suppl 2, p. 36–41, dez. 2003.
Disponível em: https://doi.org/10.1590/S1516-44462003000600009
2. Luta e Fuga: as reações do corpo ao medo.
Disponível em:<https://www.saude.rj.gov.br/noticias/2020/10/luta-e-fuga-as-reacoes-do-corpo-ao-medo>.
3. GRAEFF, F. G. Ansiedade, pânico e o eixo hipotálamo-pituitária-adrenal. Revista Brasileira de Psiquiatria, v. 29, n. suppl 1, p. s3–s6, maio 2007.
Disponível em: https://doi.org/10.1590/S1516-44462007000500002
Autora:
Débora Luísa Filipetto Pulcinelli
Acadêmica do curso de graduação em Farmácia pela Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), aluna de Iniciação Científica no Laboratório de Biogenômica e colaboradora do Portal Ciência e Consciência
Currículo Lattes: https://lattes.cnpq.br/7672415642403469