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Lipedema: Muito Além da Estética, um Desafio para a Saúde



 

 

O lipedema é uma condição que afeta principalmente as mulheres, caracterizada por um acúmulo exagerado de gordura em áreas específicas do corpo, como as coxas, os joelhos e os tornozelos. Diferente do ganho de peso comum, essa gordura não diminui com dietas ou exercícios convencionais, e o problema costuma se agravar com o passar dos anos. Geralmente, os primeiros sinais aparecem logo após a puberdade (adolescência), e muitas vezes a condição passa despercebida, sendo confundida com simples obesidade ou até mesmo com problemas no sistema linfático, que é responsável por drenar líquidos, remover toxinas e participar da resposta imunológica do organismo.

Para quem convive com o lipedema, os sinais e sintomas costumam ser bem marcantes e podem afetar a qualidade de vida. Entre eles, podemos destacar:

  • Aumento do volume das pernas de forma simétrica, sem afetar os pés ou as mãos;
  • Dor ou sensibilidade intensa quando se pressiona ou toca as áreas afetadas;
  • Facilidade para desenvolver hematomas, mesmo sem traumas aparentes;
  • Sensação de peso e desconforto nas pernas, o que pode dificultar a locomoção;
  • Ausência de sinais típicos de inchaço por problemas linfáticos, como a depressão na pele (cacifo).

A explicação para esse quadro se deve a alterações na forma como o corpo armazena gordura. No lipedema, esse armazenamento acontece de maneira desproporcional, criando um desequilíbrio que não responde às medidas convencionais para perda de peso. Com o tempo, essa situação pode afetar a circulação e até mesmo levar a problemas no sistema que ajuda a eliminar o excesso de líquidos, agravando os sintomas e criando um ciclo difícil de interromper.

Além dos aspectos físicos, é importante destacar que o lipedema também pode ter um impacto emocional significativo. As mulheres que convivem com essa condição frequentemente se sentem incomodadas com a aparência das pernas e com a dificuldade de encontrar roupas que se ajustem bem. A dor e o desconforto também podem afetar a autoestima e o bem-estar, fazendo com que o suporte psicológico seja uma parte fundamental do tratamento.

No que diz respeito às opções de tratamento, embora não haja uma cura definitiva, existem diversas estratégias que podem ajudar a controlar os sintomas e melhorar a qualidade de vida. Mudanças no estilo de vida, como a prática regular de atividades físicas de baixo impacto – por exemplo, exercícios na água, caminhadas e ioga – podem ajudar a manter a mobilidade e reduzir a sensação de peso. O uso de meias de compressão, que ajudam a melhorar a circulação, também é bastante recomendado, mas sempre de forma personalizada, já que cada pessoa pode reagir de maneira diferente.

A alimentação desempenha um papel importante no manejo do lipedema. Uma dieta balanceada, que evite alimentos que podem causar inflamação e priorize nutrientes saudáveis, pode ajudar a diminuir a sensação de inchaço e melhorar a saúde geral. Em alguns casos, técnicas como a drenagem manual, que auxiliam na remoção do excesso de líquidos, podem ser incorporadas ao tratamento, proporcionando alívio nos sintomas.

Para os casos mais avançados, quando o desconforto se torna realmente incapacitante, procedimentos cirúrgicos como a lipoaspiração – realizada de forma cuidadosa para preservar a função do sistema linfático – podem ser considerados. No entanto, a cirurgia é vista como parte de um tratamento integrado e não como uma solução isolada. É fundamental que, mesmo após a intervenção cirúrgica, a paciente mantenha hábitos saudáveis e continue com as medidas conservadoras para evitar a progressão do problema.

 

Em resumo, o lipedema é uma condição complexa que vai muito além de um simples acúmulo de gordura. Trata-se de um problema que afeta tanto o corpo quanto a mente, exigindo um olhar atento e multidisciplinar para que o tratamento seja eficaz. Reconhecer os sinais precocemente pode fazer toda a diferença, permitindo que medidas preventivas sejam adotadas e que a qualidade de vida seja preservada. Se você ou alguém que você conhece apresenta sintomas como os descritos, é importante procurar um profissional de saúde que possa oferecer uma avaliação detalhada e propor um plano de manejo individualizado.

Referências Bibliográficas:

1. AMATO, A. C. M. et al. Consenso Brasileiro de Lipedema pela metodologia Delphi. J Vasc Bras., v. 24, p. e20230183, 2025. Disponível em: https://doi.org/10.1590/1677-5449.202301831

2. BRITO, C. J. de; ROSSI, M. da S.; ARAÚJO, E. L. Cirurgia Vascular: Cirurgia Endovascular – Angiologia. 4. ed. Rio de Janeiro: Thieme Revinter, 2019. Sessão 3, cap. 6.

Autor:

Luciano Araldi, acadêmico do 7° semestre do curso de Medicina da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) e colaborador do Portal Ciência e Consciência.

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