
Recentemente, o Programa Nacional de Imunizações (PNI) do Brasil passou por atualizações importantes. A partir de 2025, a vacina contra a gripe (influenza) passa a integrar permanentemente o Calendário Nacional de Vacinação para crianças de 6 meses a menores de 6 anos, gestantes e idosos a partir de 60 anos. Isso significa que a partir do dia 15 de março de 2025, para esses grupos, a imunização estará disponível ao longo de todo o ano, e não mais apenas em campanhas sazonais. Essa medida fortalece a proteção contra a influenza e suas complicações, como a pneumonia, uma das principais causas de hospitalização e mortalidade associadas ao vírus.

A gripe é uma infecção respiratória causada pelos vírus influenza, de surtos anuais, que ocorrem principalmente no inverno. Os sintomas incluem febre de início súbito, tosse seca, dores musculares, mal-estar, dor de garganta, congestão nasal e cefaleia. Em pessoas vacinadas, os sintomas podem ser mais brandos ou até ausentes, o que ajuda a reduzir o risco de complicações graves, como a pneumonia. Utilizando dados americanos de 2005, a gripe e a pneumonia juntas foram a oitava principal causa de morte nos Estados Unidos, destacando a gravidade dessa relação, além da tamanha importância da vacina!
A pneumonia é a complicação mais comum da gripe e pode ocorrer de três formas principais: pneumonia por influenza (causada diretamente pelo vírus da gripe), pneumonia bacteriana secundária (quando uma infecção bacteriana surge após a gripe) e pneumonia mista (causada tanto pelo vírus quanto por bactérias). A distinção entre esses tipos é importante, pois o tratamento pode variar. Um grande indício de infecção bacteriana secundária, por exemplo, é a “dupla piora”: o paciente havia melhorado dos sintomas gripais, e volta a piorar após alguns dias. Os principais sinais de alerta incluem febre persistente, tosse com dificuldade para respirar, respiração acelerada e queda nos níveis de oxigênio no sangue.
Como o vírus da gripe pode aumentar o risco de pneumonia? A infecção por influenza afeta o sistema respiratório de diversas maneiras. Uma delas é a redução da movimentação do muco nas vias respiratórias logo após a infecção, o que pode durar até 12 semanas. Isso cria um ambiente propício para a aderência de bactérias no trato respiratório, além de enfraquecer o sistema imunológico. Esses fatores combinados elevam significativamente o risco de infecções nas vias aéreas superiores e pulmonares, complicando ainda mais a recuperação dos pacientes previamente infectados com o influenza.
Do ponto de vista da saúde pública, campanhas de vacinação realizadas antes da temporada de circulação do vírus são a forma mais eficaz de alcançar uma alta cobertura vacinal. A imunização pré-temporada tem como objetivo proteger a população antes do pico de disseminação do vírus, o que é especialmente relevante em um cenário de altas taxas de mutação viral, que pode resultar em novas variantes
capazes de escapar da imunidade populacional. As vacinas devem ser administradas assim que se tornem disponíveis, com a recomendação de vacinação idealmente antes do início da circulação do vírus — que no Brasil geralmente ocorre por abril. Desse modo, procurar a Unidade Básica de Saúde (UBS) e se vacinar é o ideal.
A vacinação anual contra a gripe é, portanto, uma ferramenta essencial na prevenção de complicações respiratórias graves, como a pneumonia. A recente ampliação do acesso à vacina no Brasil representa um avanço significativo na proteção da população, especialmente dos grupos mais vulneráveis. Manter a vacinação em dia é um compromisso com a saúde individual e coletiva. Ao nos vacinarmos, contribuímos para a redução do impacto da influenza, evitando não apenas a sobrecarga nos serviços de saúde, mas também a diminuição das taxas de hospitalização e mortalidade associadas à doença.
Referências Bibliográficas:
1. HIBBERD, Patricia L.; MONTO, Arnold; ORTIZ, Justin R. Seasonal influenza vaccination in adults. UpToDate, 18 dez. 2024. Disponível em: https://www.uptodate.com/contents/seasonal-influenza-vaccination-in-adults?search=influenza+vaccine&source=search_result&selectedTitle=2%7E150&usage_type=default&display_rank=1. Acesso em: 10 mar. 2025.
2. DOLIN, Raphael. Seasonal influenza in adults: Clinical manifestations and diagnosis. UpToDate, 3 fev. 2025. Disponível em: https://www.uptodate.com/contents/seasonal-influenza-in-adults-clinical-manifestations-and-diagnosis?search=influenza+pneumonia&source=search_result&selectedTitle=1%7E150&usage_type=default&display_rank=1. Acesso em: 10 mar. 2025.
3. SOUZA, Tiago. Vacina da gripe para crianças entra no Calendário Nacional de Vacinação. Ministério da Saúde, 28 fev. 2025. Disponível em: https://www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/noticias/2025/fevereiro/vacina-da-gripe-para-criancas-entra-no-calendario-nacional-de-vacinacao#:~:text=A%20partir%20deste%20ano%2C%20a,não%20apenas%20em%20campanhas%20sazonais. Acesso em: 10 mar. 2025.
Autora:
Fernanda Lavarda Scheinpflug, acadêmica do curso de Medicina da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) e colaboradora do Portal Ciência e Consciência.
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