
O desejo por uma pele bronzeada é comum em muitos países, especialmente no Brasil, onde o clima tropical e a cultura de beleza, muitas vezes, incentivam a exposição prolongada ao sol. Contudo, especialistas alertam para os riscos associados ao bronzeamento, seja natural ou artificial, destacando que não há uma forma completamente segura de bronzear-se sem expor a pele a danos significativos.

O bronzeamento ocorre devido ao aumento da liberação de melanina na pele, um pigmento responsável pela coloração. Apesar de proporcionar um efeito estético, a exposição à radiação ultravioleta (UV) do sol e das câmaras de bronzeamento danifica o DNA das células da pele, aumentando o risco de cânceres de pele, como o carcinoma basocelular, o espinocelular e o melanoma. O tratamento mais comum para esses tipos de câncer é a cirurgia para remoção da lesão, o que pode deixar cicatrizes, principalmente em áreas visíveis como o rosto, causando preocupações estéticas e psicológicas.
No Brasil, estima-se que, entre 2023 e 2025, ocorrerão cerca de 220.490 casos de câncer de pele por ano, totalizando aproximadamente 661 mil novos casos ao final do período. A principal causa é a exposição solar excessiva, sendo o sol a maior fonte de radiação UV. A radiação que atinge a superfície da Terra é composta por raios UVA e UVB. Os raios UVB têm um forte efeito carcinogênico na pele, enquanto os raios UVA podem causar mutações por meio de danos oxidativos ao DNA.
A exposição solar excessiva ou o uso de câmaras de bronzeamento preocupam especialistas, devido aos danos cumulativos à pele e ao aumento do risco de câncer. O risco é ainda maior em casos de queimaduras solares. De acordo com a Academia Americana de Dermatologia, uma única queimadura solar com bolhas pode quase dobrar o risco de melanoma, a forma mais letal de câncer de pele, ao longo da vida.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) classificou a radiação UV das câmaras de bronzeamento como cancerígena, e o Brasil proibiu seu uso estético devido aos riscos comprovados. Apenas uma sessão de bronzeamento artificial pode aumentar em 20% o risco de melanoma, tipo de câncer que pode se espalhar para outros órgãos e levar ao óbito. Esse risco é ainda maior se o uso ocorrer antes dos 35 anos.
Além do risco de câncer, a exposição solar também pode desencadear outros problemas de saúde. Entre os principais efeitos adversos à saúde, o mais comum é o eritema, conhecido como queimadura solar. A pele e os olhos são as áreas mais vulneráveis aos danos causados pela radiação UV. A exposição prolongada provoca o espessamento das camadas externas da pele, causando envelhecimento precoce, rugas e enrijecimento. Nos olhos, pode levar a problemas como ceratites, conjuntivites e cataratas. Além disso, a exposição solar na infância e adolescência preocupa especialistas, pois quanto mais cedo alguém começa a se expor, maior o dano acumulado e maior o risco de desenvolver câncer de pele ao longo da vida.
Mas afinal, há formas de se bronzear e reduzir os riscos à saúde? Se o objetivo é obter uma aparência bronzeada, os produtos autobronzeadores, como loções e sprays, são a escolha mais segura. Eles tingem a pele temporariamente sem causar danos. Porém, é importante lembrar que esses produtos não oferecem proteção contra os raios UV, tornando indispensável o uso de protetor solar.
Outras medidas de proteção incluem evitar o sol entre 10h e 15h, quando a radiação é mais intensa; aplicar protetor solar de amplo espectro com fator de proteção solar (FPS) entre 15 e 30, reaplicando a cada duas ou três horas, especialmente após nadar, suar ou usar toalhas; e usar roupas protetoras, como chapéus de aba larga, camisas de manga longa e calças. Essas ações são ainda mais importantes para pessoas de pele clara, crianças e aqueles com histórico de exposição solar prolongada. Vale ressaltar que mesmo em dias nublados, a radiação UV pode causar queimaduras solares.
O bronzeado ideal é aquele que não coloca a saúde em risco. A busca por uma pele bronzeada deve ser substituída por medidas de proteção solar e alternativas seguras. Uma pele saudável é o verdadeiro sinônimo de beleza e bem-estar.
Referências Bibliográficas:
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Autora:
Isabella Amaral Breidenbach
Acadêmica do curso de graduação em Enfermagem, aluna de Iniciação Científica no Laboratório de Biogenômica – Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) e colaboradora do Portal Ciência e Consciência.
Currículo Lattes: http://lattes.cnpq.br/1282264904376572