As verminoses são um grupo de doenças causadas por parasitas, popularmente conhecidos como vermes, que podem ser transmitidas por meio do consumo de água e alimentos contaminados ou pelo fato de se andar descalço, por exemplo. Em geral, eles se alojam nos intestinos, mas podem abrigar-se também em órgãos como o fígado, pulmões e cérebro.
Dessa forma, devemos ficar em alerta com os principais sintomas de verminoses que normalmente envolvem o sistema gastrointestinal, após o consumo de água ou alimentos contaminados com ovos ou cistos, ou seja, as formas do parasita liberadas pelas fezes dos pacientes infectados.
Os sintomas podem variar de acordo com o agente infeccioso, mas, de forma geral são: dor e desconforto abdominal; náuseas e vômitos; diarreia ou prisão de ventre; perda de peso e/ou de apetite; anemia; fraqueza e cansaço excessivo; fezes muito escuras, brancas ou amareladas; coceira no ânus, em alguns casos. Há também a infecção que acontece por meio da entrada do parasita na pele, através de um pequeno ferimento, sendo possível notar vermelhidão e coceira no local.
Na presença desses sintomas, é necessário consultar um médico para realizar a avaliação e prescrição de exames parasitológicos para o diagnóstico, identificando o parasita responsável pela infecção. A forma mais comum de fazer o diagnóstico é por meio do exame de fezes, em que se analisa uma amostra em busca de ovos, cistos ou parasitas adultos. Também é realizado o teste sorológico, que detecta anticorpos específicos produzidos pelo organismo em resposta à infecção; ou em casos de suspeita de infecções causadas por larvas de parasitas, exames de imagem como a tomografia computadorizada ou a ressonância magnética para visualizar a localização e extensão das larvas no corpo também são realizados.
O tratamento é feito de acordo com a intensidade dos sintomas apresentados pela pessoa e com o agente infeccioso responsável, sendo normalmente indicado pelo médico o uso de antiparasitários eficazes e seguros, que podem ser de dose única ou indicados por um período de até 5 dias. Os mais comuns e fornecidos pelo Sistema Único de Saúde (SUS), de forma gratuita, são albendazol, mebendazol, ivermectina e nitazoxanida (Annita). Entretanto, é evidente que para prevenir as doenças parasitárias, é necessário saneamento básico, educação sanitária e hábitos simples de higiene pessoal e familiar, como lavar bem as mãos ao usar o banheiro e ao manusear alimentos.
Há algumas décadas, era comum o uso de antiparasitários, também chamados de vermífugos, no mínimo uma vez ao ano, principalmente para as crianças, a fim de mantê-las protegidas de parasitas, já que viviam em áreas que não tinham saneamento básico. E isso fez com que muitas pessoas, até hoje, acreditem que é importante consumir o medicamento periodicamente. Porém, nos dias de hoje não faz mais sentido o uso do medicamento sem prescrição, principalmente em locais com saneamento básico o risco de contaminação é menor. Logo, a prática de ingerir vermífugos regularmente deve ser adotada em áreas de risco aumentado de contrair algum parasita, em que há recomendação dos órgãos de saúde determinando a frequência e o fármaco que deve ser usado para o tratamento.
· Mas, se uma pessoa da casa toma o antiparasitário, todos precisam tomar?
Não é que haja necessidade, mas geralmente uma família tende a ter os mesmos hábitos alimentares e se um estiver com verminose, pode acabar passando para os outros. Por isso, orienta-se que ao tratar quem está com suspeita de verminose, os que dividem a casa também façam o tratamento.
· Há riscos para a saúde tomar antiparasitário sem necessidade?
Sim, tomar o antiparasitário sem necessidade expõe a pessoa a efeitos colaterais, como desconforto gástrico, enjoo, tontura e sonolência. Além disso, essas medicações podem alterar a microbiota do organismo, que é crucial para regular o sistema imunológico e absorver nutrientes. Portanto, o uso de vermífugos deve ser feito apenas com prescrição médica, após a detecção de sintomas claros ou confirmação por exame de fezes, ou conforme recomendação de órgãos de saúde.
· A partir de que idade é indicado que as crianças façam uso de antiparasitários?
Crianças entre 6 meses e 1 ano devem usar quando a verminose prejudica o seu desenvolvimento ou estado nutricional. Para crianças entre 12 e 24 meses, o albendazol pode ser utilizado após avaliar o risco benefício do seu uso. É sempre importante levar em consideração as condições do acesso ao saneamento básico no local em que a criança vive.
Antiparasitários são fármacos, portanto o uso deve seguir recomendação médica. Seja responsável e consciente com a sua saúde, respeitando as doses e as frequências recomendadas para evitar problemas de saúde como resistência por parte dos parasitas, reações alérgicas ou desequilíbrio da microbiota intestinal.
Referências bibliográficas:
Doenças Infecciosas e Parasitárias: Guia de Bolso. 8. ed. rev. São Paulo: SBP, 2020. Disponível em: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/doencas_infecciosas_parasitaria_guia_bolso.pdf
SOCIEDADE BRASILEIRA DE PEDIATRIA. Diretrizes para o Tratamento Antiparasitário em Crianças. São Paulo: SBP, 2020. Disponível em: https://www.sbp.com.br/especiais/pediatria-para-familias/cuidados-com-a-saude/verminoses-mitos-e-verdades/
MINISTÉRIO DA SAÚDE. Relação Nacional de Medicamentos Essenciais: RENAME 2020. Brasília: Ministério da Saúde, 2020. Disponível em: https://www.gov.br/saude/pt-br/composicao/sectics/daf/uso-racional-de-medicamentos
Autora:
Gabriela Acunha Razzera- Acadêmica do curso de Farmácia da Universidade Federal de Santa Maria. Aluna de iniciação cientifica do Laboratório Biogenômica.
Currículo Lattes: http://lattes.cnpq.br/7312380567761561