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Leptospirose: um inimigo invisível nas águas.



As enchentes presenciadas no mês de maio de 2024 no Rio Grande do Sul, que acabaram gerando a maior tragédia climática da história do estado, e as grandes alterações climáticas que o Brasil está passando, acabam gerando situações com as quais não estávamos acostumados. Esses acontecimentos podem acabar impactando diretamente no estado de saúde da população, uma vez que muitas doenças infecciosas, com as quais não estamos familiarizados, acabam “utilizando” essas tragédias como portas de entrada para o corpo humano. Um desses casos é a Leptospirose, doença que se torna muito comum em situações de enchentes e alagamentos.

A Leptospirose é uma doença infecciosa causada por uma bactéria chamada Leptospira. Essa bactéria pode infectar vários animais, como suínos, bovinos e até mesmo cães, mas os principais transmissores da doença são os ratos. A infeção é transmitida ao homem pela urina desses animais contaminados, sendo assim, ela pode ocorrer de forma direta, entrando em contato com a urina ou fezes dos roedores propriamente ditas, ou de forma indireta (mais comum) que ocorre quando entramos em contato com água contaminada pela urina desses animais infectados.

O contágio dessa doença se dá pela pele; ou seja, caso haja contato direto da pele com água contaminada, a pessoa já estará em risco de contrair a infecção. Tendo isso em mente, percebe-se que quanto maior for o tempo de contato, ou quanto mais exposta estiver a pele (através de cortes, ferimentos, arranhões, etc.), maior será a chance de contrair a doença. Mas cuide, não é apenas a água que pode transmitir essa infecção. É importante, também, que ao transitar pelos locais que foram afetados e que ainda possuem dejetos, lama, e até mesmo escombros, se tome cuidado, pois a bactéria ainda pode ser transmitida por esses objetos ou por essa sujeira deixada pelas inundações.

Agora que já sabemos o que é a Leptospirose e como ela é transmitida, precisamos aprender a como identifica-la, ou seja, aprender o que ela causa, para que assim que tenhamos os sintomas, possamos procurar a ajuda de um serviço de saúde. Os principais sintomas causados pela infecção são:

·         Febre;

·         Falta de apetite;

·         Náuseas e vômitos;

·         Dor de cabeça;

·         Dor muscular (principalmente na panturrilha).

Além desses sintomas, existem alguns menos comuns, como diarreia, dores nas articulações, vermelhidão ou sangramento conjuntival (nos olhos), sensibilidade à luz e tosse. Outros sintomas como aumento do fígado e do baço só serão diagnosticados por um profissional capacitado. Vale ressaltar que em formas mais graves, pode ocorrer o surgimento de icterícia (olhos e pele amarelados), hemorragias e insuficiências renal, hepática e respiratória (Síndrome de Weil) além do desenvolvimento de meningite e, infelizmente, em últimos casos, o paciente pode evoluir para óbito.

Dessa maneira, caso você apresente esses sintomas, é recomendado que se dirija a algum estabelecimento de saúde, podendo ser Unidades Básicas de Saúde (UBSs), Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) e, até mesmo, plantões de serviços de urgência e emergência. Mas fique calmo, a Leptospirose possui tratamento e cura e eles são feitos através do uso de antibióticos e outros medicamentos que podem atenuar os sintomas. Vale ressaltar que, nos casos leves, o tratamento é feito a nível ambulatorial, já nos quadros mais graves, a internação hospitalar pode ser necessária, uma vez que o paciente contaminado pode possuir risco de vida; lembrando sempre que a automedicação não é indicada.

Bom, agora que também já aprendemos sobre os sintomas e o que fazer caso tenhamos eles, está na hora de aprendermos a nos prevenir, para evitar que isso aconteça conosco e com nossos entes queridos. Para que isso seja feito é importante prestarmos atenção às condições de saneamento básico dos locais que estamos em contato, além de um controle de roedores, já que eles são a principal fonte de contaminação. Mas como acontece em enchentes, todo o lixo e esgoto acabam contaminando a água, dessa forma é fundamental que evitemos o contato com a água ou com a lama, e caso seja necessário, sempre lembrar de fazer isso com botas de borracha e luvas de proteção, além de uma boa higiene pessoal após a exposição. Já, para desinfetar objetos e reservatórios de água, é necessário fazer uma solução de hipoclorito de sódio (1 copo de água sanitária a cada 20 litros de água ou, para reservatórios, 1 litro de água sanitária para cada 1.000 litros de água).

 

Para finalizar, lembre-se, caso apresentar os sintomas citados acima alguns dias depois de ter entrado em contato com água ou lama de enchentes ou até mesmo esgoto, procure imediatamente o centro de saúde mais próximo de você, a Leptospirose é uma doença curável e a melhor intervenção se dá de forma precoce.

Referências Bibliográficas:

1. Leptospirose, Saúde de A a Z, Ministério da Saúde. Disponível em: https://www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/saude-de-a-a-z/l/leptospirose#:~:text=Podem%20ocorrer%20diarreia%2C%20dor%20nas,de%20linfonodos%20e%20sufus%C3%A3o%20conjuntival.

 

2.   Leptospirose, Biblioteca Virtual em Saúde, Ministério da Saúde. Disponível em: https://bvsms.saude.gov.br/leptospirose/

Autor:

Henrique Scherer Buffon

Acadêmico do curso de graduação em Medicina, aluno de Iniciação Científica no Laboratório de Biogenômica – Universidade Federal de Santa Maria (UFSM).

Currículo Lattes: http://lattes.cnpq.br/9480594162344652

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