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Nova Esperança: uso de células modificadas do próprio paciente para o tratamento do melanoma, um tipo agressivo de câncer de pele



A Food and Drug Administration (FDA) é uma agência federal do Departamento de Saúde e Serviços Humanos dos Estados Unidos, similar à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) no Brasil, recentemente aprovou uma terapia com potencial de ser revolucionária para o tratamento de melanoma irressecável (que não podem ser retirados cirurgicamente devido sua localização ou tamanho) ou metastático (com capacidade de se espalhar para outros tecidos humanos), envolvendo terapia celular.

O tratamento com terapias celulares já é aplicado em cânceres do sistema hematopoiético (que atingem o sangue e a linfa), mas relacionado ao uso clínico à tumores sólidos, é a primeira vez que este tipo de tratamento passou a ser liberado. Isto representa um avanço significativo no tratamento do câncer oferecendo uma nova possibilidade de tratamento para tumores que muitas vezes, não tinham mais opções de tratamentos

A terapia aprovada, conhecida como terapia com células T, envolve a modificação genética das próprias células T do paciente, para que possam reconhecer e atacar especificamente as células cancerosas do melanoma. As células T são um tipo de glóbulo branco, também chamadas de leucócitos, que fazem parte do sistema imunológico do corpo humano. Elas são produzidas na medula óssea e têm a capacidade de reconhecer e combater agentes estranhos ao corpo, com potencial patogênico, como vírus, bactérias e células cancerosas

Essas células T (Células de defesa do paciente) são modificadas em laboratório para aprender a eliminar as células de câncer, que sempre são células alteradas, as células T são munidas com receptores de antígeno quimérico (CAR), que são receptores projetados para identificar uma proteína específica (sinal) encontrada na superfície das células cancerosas. sendo capazes de atacar as células de câncer, levando a uma resposta imune direcionada e potencialmente mais eficaz. Sendo assim, a terapia com células T, do tipo Car para melanoma tem o potencial de proporcionar uma resposta imune direcionada e específica, visando as células cancerosas enquanto minimiza os danos às células saudáveis.

Esta aprovação é um marco não apenas no tratamento do melanoma, mas também na evolução da terapia celular como um todo. No entanto, apesar dos benefícios potenciais, a terapia com células T CAR-T também apresenta desafios significativos. Um dos principais desafios é o risco de reações adversas, incluindo a Síndrome de Liberação de Citocinas (SLC) e a neurotoxicidade. A SLC ocorre quando as células T ativadas liberam uma grande quantidade de citocinas (proteínas do sistema imunológico que ajudam as células a se comunicarem e coordenarem a resposta do corpo a infecções e inflamações) desencadeando uma resposta inflamatória sistêmica que pode ser potencialmente fatal. A neurotoxicidade, por sua vez, pode se manifestar como confusão, convulsões e até mesmo coma. Esses efeitos colaterais requerem monitoramento cuidadoso e necessitam de intervenção médica imediata se ocorrem.

Além dos desafios clínicos, há também considerações logísticas e de custo associadas à terapia com células T CAR-T. O processo de fabricação da terapia é complexo e caro, envolvendo técnicas de engenharia genética avançadas e tecnologia de cultura celular sofisticada. Esse fato pode limitar o acesso a alguns pacientes, devido ao alto custo financeiro envolvido ou à falta disponibilidade de infraestrutura médica especializada para o seu manejo, fazendo com que o tratamento se torne, por vezes, elitizado e de difícil acesso.
 
           Contudo, apesar dos desafios e riscos associados à terapia com células T, não podemos ignorar o impacto positivo que essa descoberta traz para os pacientes. Agora, as pessoas com melanoma irressecável metastático têm uma nova possibilidade de tratamento, o que pode significar uma melhoria significativa em sua qualidade de vida e maiores chances de sucesso no tratamento. Essa conquista representa não apenas um avanço no tratamento do melanoma, mas também abre portas para o potencial tratamento de outros tipos de câncer de forma semelhante, representando uma promessa para o futuro da medicina oncológica e uma luz de esperança para aqueles que enfrentam essa doença devastadora. 

Referências Bibiográficas:

1) FDA. FDA approves first cellular therapy to treat patients with unresectable or metastatic melanoma. Disponível em: 
https://www.fda.gov/news-events/press-announcements/fda-approves-first-cellular-therapy-treat-patients-unresectable-or-metastatic-melanoma  

2) 
FiercePharma. FDA approves Iovance’s Amtagvi as first cell therapy for solid tumor. Disponível em: 
https://www.fiercepharma.com/pharma/fda-approves-iovances-amtagvi-first-cell-therapy-solid-tumor.

 

3) Wagner J, Wickman E, DeRenzo C, Gottschalk S. CAR T Cell Therapy for Solid Tumors: Bright Future or Dark Reality? Mol Ther. 2020 Nov 4;28(11):2320-2339. doi: 10.1016/j.ymthe.2020.09.015. Epub 2020 Sep 16. PMID: 32979309; PMCID: PMC7647674.

4) Flugel CL, Majzner RG, Krenciute G, Dotti G, Riddell SR, Wagner DL, Abou-El-Enein M. Overcoming on-target, off-tumour toxicity of CAR T cell therapy for solid tumours. Nat Rev Clin Oncol. 2023 Jan;20(1):49-62. doi: 10.1038/s41571-022-00704-3. Epub 2022 Nov 23. PMID: 36418477; PMCID: PMC10278599.

 

5) Neelapu, S. S., Tummala, S., Kebriaei, P., Wierda, W., Gutierrez, C., Locke, F. L., … & Hill, B. T. (2018). Chimeric antigen receptor T-cell therapy—assessment and Management of toxicities. Nature Reviews Clinical Oncology, 15(1), 47-62.

 

 

Autora:

Débora Luísa Filipetto Pulcinelli

Acadêmica do curso de graduação em Farmácia pela Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), aluna de Iniciação Científica no Laboratório de Biogenômica e colaboradora do Portal Ciência e Consciência.

Currículo Lattes: https://lattes.cnpq.br/7672415642403469.

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