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Por Que Podemos Confiar nos Genéricos?



A implementação da Lei dos Genéricos (Lei nº 9.787), em 1999, permitiu a comercialização dos remédios genéricos no Brasil, proporcionando uma alternativa mais acessível à população e promovendo a concorrência no setor farmacêutico. Antes dessa lei, o mercado brasileiro de medicamentos era controlado pelos produtos de referência (de marca), patenteados e muitas vezes vendidos a preços altos, o que limitava o acesso de grande parte da população a tratamentos essenciais. A regulamentação dos genéricos representou um avanço significativo na política de saúde pública, visando a democratização do acesso a medicamentos no Brasil.

Um medicamento genérico é definido como: um produto comparável a um medicamento de referência “de marca” em forma de dosagem, via de administração, qualidade, farmacocinética (caminho que o remédio faz no organismo), farmacodinâmica (efeitos fisiológicos dos fármacos no organismo), desempenho, segurança e uso pretendido, mas é vendido sob o nome do princípio ativo (substância que produz os efeitos terapêuticos), com uma tarja amarela e um “G”, sem a marca.

Após 20 anos de registro e comercialização exclusiva pelo laboratório que desenvolveu um remédio, a patente expira, podendo a molécula ser analisada e reproduzida por outras empresas, ou seja, a partir disso pode ser iniciada a fabricação dos medicamentos genéricos. Como os fabricantes de genéricos não têm os custos iniciais de desenvolvimento e comercialização que os de novos medicamentos têm, eles conseguem vender seus produtos a preços bem mais baixos. Além disso, a entrada de genéricos no mercado geralmente resulta em competição, que pode levar a uma redução no custo geral dos medicamentos, beneficiando o sistema de saúde e os pacientes.

Para serem aprovados, os genéricos devem demonstrar bioequivalência ao medicamento de referência, o que significa que eles devem mostrar que chegam ao tecido alvo do paciente na mesma quantidade de tempo e em uma quantidade semelhante. Isso é importante para garantir que o genérico seja tão eficaz e seguro quanto o ”de marca”. Por exemplo: Um ensaio clínico feito na Universidade de São Paulo  com seres humanos buscou comparar a eficácia da enoxaparina genérica versus a de marca na prevenção e tratamento da trombose venosa, evidenciado que ambas mostraram-se equivalentes e seguras.

Entretanto sabemos que  o uso de medicamentos genéricos, por vezes, está atrelado a um certo “preconceito”. Um ensaio clínico realizado na Nova Zelândia, buscou avaliar o efeito das rotulações de medicamentos na percepção da eficácia e dos efeitos colaterais no alívio de dores de cabeça. Os resultados indicaram que os placebos rotulados como genéricos foram percebidos como menos eficazes e associados a mais efeitos colaterais em comparação com os placebos “de marca”, destacando o impacto psicológico da marca do medicamento na eficácia percebida e tolerabilidade dos medicamentos.

Apesar de haver certa resistência por parte de alguns pacientes e profissionais da saúde quanto à substituição de medicamentos de marca por genéricos, inúmeros estudos confirmam a equivalência entre ambos, assegurando os mesmos resultados. Além disso, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) submete os medicamentos genéricos a rigorosos processos de revisão antes de aprová-los para garantir que atendam a esses padrões.

Portanto, os medicamentos genéricos contribuem para a sustentabilidade do sistema de saúde ao reduzir os custos de tratamento e permitir que um número maior de pacientes tenha acesso aos tratamentos que precisam, e SIM tem os mesmos padrões de excelência daqueles considerados “de  marca”. 

Referências Bibiográficas:

1. https://bvsms.saude.gov.br/medicamentos-genericos-4/

2.https://drauziovarella.uol.com.br/genericos/beneficios-dos-genericos-alem-do-preco/amp/

3.https://www.gov.br/anvisa/pt-br/assuntos/medicamentos/genericos

4. Silva Mde F, Schramm SG, Kano EK, Mori Koono EE, Porta V, dos Reis Serra CH. Bioequivalence evaluation of single doses of twotramadol formulations: a randomized, open-label, two-period crossover study in healthyBrazilian volunteers. Clin Ther. 2010 Apr;32(4):758-65. doi: 10.1016/j.clinthera.2010.03.016. PMID: 20435245.

5. Gomes M, Ramacciotti E, Henriques AC, AraujoGR, Szultan LA, Miranda F Jr, Thethi I. Genericversus branded enoxaparin in the prevention ofvenous thromboembolism following major abdominal surgery: report of an exploratoryclinical trial. Clin Appl Thromb Hemost. 2011 Nov-Dec;17(6):633-9. doi: 10.1177/1076029611418967. Epub 2011 Sep 23. PMID: 21949036.

6. Casella IB, Puech-Leão P. Generic versus branded enoxaparin in prophylaxis andtreatment of vein thrombosis. Rev Assoc MedBras (1992). 2015 Jan-Feb;61(1):44-50. doi: 10.1590/1806-9282.61.01.044. Epub 2015 Jan 1. PMID: 25909208.

7. Kim DH, Addis VM, Pan W, VanderBeek BL. Comparative Effectiveness of GenericLatanoprost Versus Branded ProstaglandinAnalogs for Primary Open Angle Glaucoma. Ophthalmic Epidemiol. 2019 Feb;26(1):63-71. doi: 10.1080/09286586.2018.1516786. Epub 2018 Sep 6. PMID: 30188773; PMCID: PMC6344297.

8. https://psycnet.apa.org/fulltext/2015-46652-001.html.

Autor:

Luciano Araldi

Acadêmico do curso de graduação em Medicina pela Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), aluno de Iniciação Científica no Laboratório de Biogenômica e colaborador do Portal Ciência e Consciência.

Currículo Lattes: http://lattes.cnpq.br/3413142507576457.

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