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Afinal o uso do Viagra diminui o risco de Alzheimer?



A doença de Alzheimer (DA) é a principal causa de demência em todo o mundo, por isso, os cientistas seguem em busca de tratamentos para prevenir e retardar a progressão desta doença.  Na pessoa com Alzheimer, ocorrem  dificuldades no raciocínio e na comunicação, tanto para falar quanto para entender o que está sendo falado, perda de memória e sensação de confusão em relação ao tempo-espaço, há dificuldade em reconhecer o local em que está ou em qual período do ano está, por exemplo.

O Sildenafil, conhecido popularmente como Viagra, é um medicamento utilizado no tratamento da disfunção erétil e hipertensão arterial pulmonar, que inibe a enzima  fosfodiesterase 5 (PDE5), presente nos neurônios. Seu mecanismo de ação nessas doenças é aumentar a vasodilatação, ou seja, aumentar o fluxo sanguíneo. A PDE5 é um componente decisivo desse processo complexo que culmina com a degradação de uma molécula chamada monofosfato de guanosina cíclico (cGMP). Basicamente quanto maior o nível de PDE5, menor o nível de cGMP. A diminuição de níveis de cGMP está correlacionada com depressão e declínio cognitivo.

           Na DA, a atividade da via da cGMP, descrita acima, está gravemente comprometida. É possível evidenciar isso, pois ao  analisar pacientes com DA em comparação com aqueles sem a condição,  os níveis de cGMP foram significativamente mais baixos no líquido cefalorraquidiano. Além disso, os níveis de proteína PDE5 foram encontrados aumentados no córtex temporal destes pacientes, parte do cérebro que tem como função o processamento de memórias, compreensão de linguagem e percepção auditiva e visual. Devido a esses achados, a inibição da enzima PDE5 é uma das propostas a ser utilizada como abordagem terapêutica no tratamento da DA.  Além disso, o cGMP é responsável por aumentar a expressão e atividade do coativador-1 do receptor ativado por proliferadores de peroxissoma (PGC1α), uma proteína que tem seus níveis significativamente mais baixos nos hipocampos (localizados no cérebro) de pacientes com DA em comparação com pessoas sem o diagnóstico. Esta proteína é importante na atividade antioxidante, pois induz a expressão de genes antioxidantes (diminuem o estresse oxidativo, uma das causad do Alzheimer).

Ainda em relação a esta proteína, segundo um estudo de 2020 que analisou artigos relacionados ao Sildenafil e o Alzheimer, o medicamento tem o potencial de reverter a diminuição de PGC1α no hipocampo em pacientes com DA. De acordo com este estudo, como a maioria das doses de Sildenafil aumenta  as enzimas antioxidantes, o medicamento deve fornecer benefícios significativos para pacientes com DA, por aumentar o fluxo sanguíneo cerebral e aumentar a taxa metabólica cerebral de oxigênio.

Entretanto, um estudo de 2022 evidenciou que, apesar das pesquisas prévias, principalmente com modelos animais,  proporem que inibidores da PDE5 podem melhorar a memória e a função cognitiva, os  resultados de estudos observacionais e ensaios clínicos com humanos  ainda são inconsistentes. Logo, enquanto o primeiro artigo destaca o potencial terapêutico do Sildenafil para o Alzheimer, o segundo não encontrou associação entre o uso desse medicamento e o risco de desenvolver a doença. .

Já em  2023 um estudo realizado pelo Hospital Mount Sinai dos Estados Unidos, analisou  a relação entre o uso de Sildenafil e um menor risco de desenvolver a DA, utilizando um grande banco de dados de planos de saúde dos Estados Unidos. O estudo sugere que o medicamento pode ser um candidato promissor no tratamento do Alzheimer, pois está  associado a uma redução de  60% na incidência da condição. Os resultados indicam que há necessidade de uma investigação mais aprofundada, pois o Sildenafil pode ter potencial terapêutico para a DA, porém, mais estudos clínicos são imprescindíveis para validar essa possibilidade.

Portanto, enquanto há indicações promissoras, a relação entre o uso de Sildenafil e a redução do risco de Alzheimer ainda não foi estabelecida de forma definitiva, e mais pesquisas são necessárias para compreender melhor a possível conexão e seus possíveis efeitos colaterais.

Referências Bibliográficas:

 1. Sanders O. Sildenafil for the Treatment of Alzheimer’s Disease: A Systematic Review. J Alzheimers Dis Rep. 2020 Apr 22;4(1):91-106. doi: 10.3233/ADR-200166.
Disponível em: Sildenafil for the Treatment of Alzheimer’s Disease: A Systematic Review – PMC (nih.gov)

2. Rishi J Desai; et al. No association between initiation of phosphodiesterase-5 inhibitors and risk of incident Alzheimer’s disease and related dementia: results from the Drug Repurposing for Effective Alzheimer’s Medicines study, Brain Communications, V. 4. N.5. 2022.
Disponível em: Repurposing for Effective Alzheimer’s Medicines | Comunicações cerebrais | Acadêmico de Oxford (oup.com)

3. Huo X, Finkelstein J. Using Big Data to Uncover Association Between Sildenafil Use and Reduced Risk of Alzheimer’s Disease. 2023.
Disponível em:
Using Big Data to Uncover Association Between Sildenafil Use and Reduced Risk of Alzheimer’s Disease – PubMed (nih.gov)

 

Autora:

Isabella Amaral Breidenbach

Acadêmica do curso de graduação em Enfermagem, aluna de Iniciação Científica no Laboratório de Biogenômica – Universidade Federal de Santa Maria (UFSM).

Currículo Lattes:  https://lattes.cnpq.br/1282264904376572

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