Ir para o conteúdo CIÊNCIA E CONSCIÊNCIA Ir para o menu CIÊNCIA E CONSCIÊNCIA Ir para a busca no site CIÊNCIA E CONSCIÊNCIA Ir para o rodapé CIÊNCIA E CONSCIÊNCIA
  • International
  • Acessibilidade
  • Sítios da UFSM
  • Área restrita

Aviso de Conectividade Saber Mais

Início do conteúdo

“Embriões humanos sintéticos”:  novos insights sobre os processos iniciais de desenvolvimento humano.



          Vamos começar do começo….

          O desenvolvimento do ser humano começa na fertilização, quando os cromossomos (material genético) do espermatozoide do homem e do oócito (popularmente chamado de óvulo) da mulher se unem, e ocorre a formação do chamado zigoto. Essa célula é geneticamente única porque metade de seus cromossomos vem da mãe e metade é derivada do pai. A célula zigoto se divide muitas vezes e, é progressivamente transformada em um ser humano multicelular por meio de divisão, migração, crescimento e diferenciação celular.

          O desenvolvimento começa na divisão do zigoto cerca de 30 horas após a fertilização, originando os blastômeros, o processo de divisão segue e tem-se a mórula que cerca de 4 dias após a fertilização, penetra na cavidade do útero. Entre o 5º e o 6º dia aumentam os níveis de gonadotrofina coriônica humana (aquela do teste de gravidez BetaHCG) e o embrião continua a fazer muitas divisões celulares. Mais ou menos aos 13 dias, começa a formação do sangue e dos vasos sanguíneos do embrião. A partir do 14º dia ocorre a gastrulação que é o processo pelo qual as três camadas germinativas precursoras de todos os tecidos embrionários, que formarão obviamente o embrião,  ou seja, o ser humano. Isto é um resumo do que acontece do momento em que ocorre a união dos gametas masculino e feminino até o 14º dia.

          Agora vamos ao que realmente interessa:

          A reunião da International Society for Stem Cell Research que ocorreu entre 14 e 17 de junho de 2023 no Estados Unidos, surpreendeu o mundo com o anuncio dos resultados preliminares da criação das primeiras estruturas semelhantes a embriões humanos. Essas estruturas são sintéticas a partir de células-tronco, ou seja, sem a necessidade do ovócito e do espermatozoide.

          De acordo com uma das líderes da equipe que desenvolveu os embriões sintéticos, a bióloga pesquisadora e professora da Universidade de Cambridge, e do Instituto de Tecnologia da Califórnia Magdalena Zernicka-Goetz sua equipe cultivou os embriões sintéticos até os 14º dia na fase de gastrulação. Lembramos aqui que 14 dias também é o limite legal de tempo que um embrião humano pode se desenvolver em um laboratório.        

          A pesquisadora citou que os cientistas estão confiantes que o desenvolvimento destas estruturas sintéticas semelhantes a embriões servirá para ajudar a compreender melhor as doenças genéticas e as causas dos abortos espontâneos, já que maioria das gravidezes falha até o 14º dia de desenvolvimento.

          Este estudo também será importante para uma melhor compreensão da placenta, que apesar do papel fundamental para a saúde da mãe e do feto, sabe-se muito pouco sobre este órgão durante a gravidez.

          No momento, os embriões modelo sintético estão confinados em tubos de ensaio. É ilegal implantar um no útero, e pesquisas com animais, com células-tronco de camundongos e macacos mostraram que, mesmo quando os cientistas tentaram implantá-los, eles não sobreviveram – provavelmente porque os pesquisadores ainda não descobriram como implantá-los completamente.

          Esta é uma pesquisa com potencial importante para descobertas sobre o desenvolvimento humano, mas também cheia de dilemas éticos.

          James Briscoe pesquisador do Instituro Francis Crick do Reino Unido chama atenção para alguns pontos:

1- Os embriões foram criados a partir de células-tronco embrionárias humanas, então parece que eles ainda precisam de embriões humanos para sua criação.

 

2-Uma das razões pelas quais os pesquisadores querem usar esses embriões é a pesquisa sobre aborto espontâneo e anomalias de desenvolvimento. Isso é muito importante, mas esses embriões sintéticos estarão “próximos o suficiente” dos embriões humanos reais para revelar respostas úteis?

 

3- Ao contrário dos embriões humanos resultantes da fertilização in vitro, onde existe uma estrutura legal estabelecida, atualmente não há regulamentos claros que regem os modelos de embriões humanos derivados de células-tronco. 

 

          O que nos resta é esperar pela publicação do artigo com os resultados completos destes estudos.  

Autora:

Profª. Dra. Fernanda Barbisan – Departamento de Patologia – UFSM

Currículo Lattes: http://lattes.cnpq.br/1428674947616182

Divulgue este conteúdo:
https://ufsm.br/r-910-212

Publicações Relacionadas

Publicações Recentes