O que é “Doping”?
É fazer uso de qualquer substância que aumente seu condicionamento físico e que conste como proibida na lista divulgada pela WADA (acesse clicando em: lista oficial 2024). A Lista Proibida é dividida em substâncias e métodos proibidos a todo tempo, em competição e em esportes específicos.
De acordo com o Artigo 2.1.1 do Código Mundial Antidopagem, os atletas são responsáveis por qualquer substância, metabólito ou marcador que seja encontrados em suas amostras. Os casos de resultados positivos no teste de antidopagem são conduzidos pelo Tribunal de Justiça Desportiva Antidopagem (TJD-AD), que irá julgar essas violações. Há duas possíveis consequências para o atleta: levar a uma suspensão definitiva ou provisória.
Sobre nosso convidado: André Valle de Bairros
Farmacêutico com doutorado em Toxicologia e Análises Toxicológicas, atuando como professor de Toxicologia Clínica pelo curso de Farmácia da UFSM, orientador do Programa de Pós-Graduação em Ciências Farmacêuticas da UFSM e coordenador do Núcleo Aplicado a Toxicologia (NAT), realizando projetos de pesquisa, ensino e extensão envolvendo Toxicologia e Análises Toxicológicas.
Sobre nosso convidado: André Valle de Bairros
Como é feita a detecção?
“Inicialmente, é necessário uma etapa pré-analítica, do qual a coleta de amostra (sangue e urina) é assistida pelo pessoal cadastrado pelo WADA (se for Olímpiadas). Sempre a coleta tem prova e contraprova, do qual são etiquetados e assinados pelo atleta para confirmar que não houve fraude ou adulteração de ambas as partes. Posteriormente vai ao laboratório, onde a amostra-prova passa por um processo de triagem analítica, que varia conforme o perfil de analito e prova esportiva.”
“Exames bioquímicos, esteroidais e hematimétricos são realizados para avaliar alterações significativas nos exames antidopagem. A análise de moléculas de baixo peso molecular, do qual a maior parte das drogas se enquadram, é realizada empregando cromatografia líquida ou gasosa acoplada a espectrometria de massas do tipo single. Para moléculas de grande peso como hormônios peptídicos (GH, eritropoetina recombinante humana, insulina, e outros), a análise é baseada em técnicas de radioimunoensaio, eletroforese em gel e western blotting.”
Como se confirma?
“Por cromatografia líquida ou gasosa acoplada a espectrometria de massas tipo Tandem ou acoplada a espectrometria de massas de alta resolução como QTOF (1) ou Orbitrap (2). Também há a GC-C-IRMS (3) que diferencia os isótopos de Carbono para verificar o uso de esteroides endógenos oriundo de aplicação externa.”
Estatísticas:
Tabela confeccionada em 2022, em que AAF significa “adverse analytical findings” ou, ao traduzir, “resultados analíticos adversos”.
As principais substâncias utilizadas são os esteroides anabólicos androgênicos, estimulantes, eritropoetina e diuréticos. Porém, atualmente o problema está também nas drogas sem registro químico, ou seja, que ainda não são identificadas devido desconhecimento das autoridades, conhecidas como “Designer Drugs”.
Um caso famoso relacionado a drogas não conhecidas foi da indústria Balco, que sintetizava esteroides anabolizantes sem registro químico, sem CAS, e que, dessa forma, não eram identificados nos exames de dopagem.
E como funciona para os atletas paraolímpicos?
Alguns atletas com deficiência precisam de medicamentos de uso contínuo que podem incluir substâncias da Lista Proibida. Nesse caso, é preciso solicitar uma Autorização de Uso Terapêutico (AUT), que dará ao atleta a permissão para a presença dessa substância em sua amostra biológica sem incorrer em uma Violação à Regra Antidopagem.
OBS.: A AUT emitida pela Organização Nacional Antidopagem (ONAD) é válida apenas em âmbito nacional para períodos em competição e/ou fora dela.
Referências:
Seize Oga, Márcia Maria de A. Camargo, José Antonio de O. Batistuzzo. Fundamentos de Toxicologia. 5 edição, 2021.
WADA. 2022 Anti-Doping Testing Figures. 2024. Disponível em: https://www.wada-ama.org/sites/default/files/2024-04/2022_anti-doping_testing_figures_en.pdf . Acesso em: 15 agosto 2024.
CÔMITE PARALÍMPICO BRASILEIRO. Notícias. São Paulo, SP: 2022. Disponível em: https://cpb.org.br/noticias/como-funciona-a-antidopagem-para-atletas-paralimpicos-que-usam-medicamentos/ . Acesso em: 15 agosto 2024.
Autores:
Luísa dos Santos Furquim, discente do curso de graduação em Medicina pela Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), participante do grupo Traduzindo Ciência, e-mail luisa.furquim@acad.ufsm.br, Lattes: http://lattes.cnpq.br/6264603590739657.
Roberta Danieli Marchesan, discente do curso de graduação em Farmácia pela Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), participante do grupo Traduzindo Ciência, e-mail roberta.danieli@acad.ufsm.br, Lattes: http://lattes.cnpq.br/9252659605014994.