Introdução
O Diabetes Mellitus é um distúrbio metabólico que compromete o modo como o organismo processa a glicose. De acordo com a Federação Internacional de Diabetes (IDF), em 2021, cerca de 537 milhões de adultos, entre 20 e 79 anos, viviam com diabetes globalmente, sendo uma das condições crônicas mais prevalentes. Se as tendências atuais persistirem, estima-se que até 2045, 783 milhões de pessoas estarão convivendo com a doença. Os avanços na pesquisa sobre diabetes têm o potencial de transformar significativamente o manejo da doença, e consequentemente, a qualidade de vida de todos os afetados, trazendo esperança para milhões de pacientes.
Distribuição do Diabetes Mellitus pelo mundo
O diabetes afeta diferentes regiões e populações de maneiras variadas, refletindo tanto fatores genéticos quanto ambientais. A prevalência crescente exige uma atenção global, especialmente para encontrar soluções eficazes e acessíveis para todos os afetados.
Principais tipos de Diabetes Mellitus
Tipo 1 – O diabetes Tipo 1 é uma condição autoimune em que o sistema imunológico do paciente ataca as células do pâncreas, tornando a produção de insulina insuficiente. É geralmente diagnosticado na infância ou adolescência e requer administração de insulina externa para o controle dos níveis de glicose no sangue.
Tipo 2 – É a forma mais comum da doença (entre 90 a 95% dos casos), e ocorre quando o corpo se torna resistente à insulina ou não a produz em quantidade suficiente. Está associada a questões genéticas e também ao estilo de vida. Obesidade, sedentarismo e má alimentação são fatores que elevam a chance de desenvolvê-lo.
Diabetes Gestacional – O Diabetes Gestacional ocorre durante a gravidez quando o organismo não consegue produzir insulina suficiente para atender às demandas adicionais. Embora, geralmente, se resolva após o parto, o Diabetes Gestacional pode implicar maiores riscos para a saúde da mãe e do bebê e aumentar as chances de a mulher desenvolver Diabetes Tipo 2 no futuro.
Avanços nas pesquisas sobre o Diabetes Mellitus
Os cientistas empregaram uma abordagem experimental inovadora no tratamento. Inicialmente, foram coletadas células mononucleares do sangue do próprio paciente. Essas células do sistema sanguíneo foram então submetidas a um processo de modificação avançada, no qual foram reprogramadas para atuarem como células-tronco pluripotentes induzidas. As células pluripotentes são um tipo de célula que tem capacidade de se transformar em diferentes tipos celulares especializados. Após a reprogramação, essas células foram induzidas a se diferenciarem em células produtoras de insulina, que são normalmente encontradas nas ilhotas pancreáticas e são responsáveis pela produção da insulina. Para finalizar, essas células foram transplantadas de volta no corpo do paciente.
Metodologia do Estudo
Os cientistas empregaram uma abordagem experimental inovadora no tratamento. Inicialmente, foram coletadas células mononucleares do sangue do próprio paciente. Essas células do sistema sanguíneo foram então submetidas a um processo de modificação avançada, no qual foram reprogramadas para atuarem como células-tronco pluripotentes induzidas. As células pluripotentes são um tipo de célula que tem capacidade de se transformar em diferentes tipos celulares especializados. Após a reprogramação, essas células foram induzidas a se diferenciarem em células produtoras de insulina, que são normalmente encontradas nas ilhotas pancreáticas e são responsáveis pela produção da insulina. Para finalizar, essas células foram transplantadas de volta no corpo do paciente.
O que eles descobriram?
Onze semanas após o tratamento: O paciente não necessitava mais fazer uso de insulina externa;
Um ano após o tratamento: Ele não precisava mais de medicamentos orais para controlar os níveis de glicose;
Exames posteriores: Demonstraram que a função renal e pancreática melhorou significativamente.
Limitações do estudo
Reconhecemos a importância deste estudo, no entanto, é crucial reconhecer suas limitações. Para que um estudo tenha relevância a nível clínico, é necessário que ele demonstre uma melhora significativa em uma amostra maior. Resultados obtidos em um único paciente são importantes, mas servem para direcionar novos estudos e não para fundamentar decisões clínicas definitivas.
Outro fator que deve ser levado em consideração, são potenciais influenciadores desta resposta. O indivíduo já havia passado por um transplante renal anteriormente e fazia uso de medicamentos imunossupressores.
Além disso, também existem potenciais riscos, como a possibilidade de as células transplantadas se tornarem defeituosas e formarem tumores a longo prazo.
Conclusão
Embora longe de representar uma cura, este estudo representa um passo muito importante na pesquisa sobre o diabetes. Tratamentos envolvendo células-troncos ainda são experimentais e não estão prontos para uso generalizado. Portanto, são necessários estudos com amostra maior e delineamento clínico mais robusto para avaliar a segurança e a eficácia desse tratamento. A ciência progride com passos rigorosos, e é fundamental manter expectativas realistas.
Referências
American Diabetes Association. (2023). Tipos de Diabetes. Disponível em: https://diabetes.org/ Acesso em: 10 ago. 2024.
Conselho Federal de Farmácia. (2024). Primeiro relato no mundo: estudo experimental cura homem de diabetes tipo 2. Disponível em: https://site.cff.org.br/noticia/Noticias-gerais/20/05/2024/primeiro-relato-no-mundo-estudo-experimental-cura-homem-de-diabetes-tipo-2 Acesso em: 10 ago. 2024.
International Diabetes Federation (IDF). (2021). Diabetes Atlas 2021. Disponível em: https://diabetesatlas.org/ Acesso em: 10 ago. 2024.
Wu, Jiaying, et al. Treating a type 2 diabetic patient with impaired pancreatic islet function by personalized endoderm stem cell-derived islet tissue. DOI: 10.1038/s41421-00662-3. Disponível em: https://www.nature.com/articles/s41421-024-00662-3.. Acesso em: 10 ago. 2024.
Autora
Isadora Zanon, discente do curso de graduação em Farmácia pela Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), participante do grupo Traduzindo Ciência, e-mail: isadora.zanon@acad.ufsm.br e link do currículo Lattes: http://lattes.cnpq.br/1224903091360952