Prof. Dr. Paulo Ivonir Gubiani
A abordagem desta palestra se insere na temática qualidade do solo (QS). A QS é uma expressão subjetiva, sem dimensão física definida, e sua quantificação tem sido o desafio de muitos cientistas do solo. Há muitos esforços com pesquisas para traduzir QS em propriedades de transferência e de armazenagem de massa e energia, os chamados indicadores de QS, que representam manifestações pontuais do complexo sistema solo. Um indicador significa algo que indica, sugere, e não se pode esperar que o indicador determine ou forneça previsões sobre o sistema, ou seja, sobre a funcionalidade do solo. A ideia de funcionalidade reside no entendimento dos níveis em que operam processos responsáveis pelo transporte de matéria (água, gases, nutrientes, substâncias orgânicas) e energia (calor, tensões), que regulam o cumprimento de funções do solo (ancoragem de plantas, habitat de organismos, regulagem do ciclo hidrológico, etc). Portanto, o potencial da modelagem de processos é muito superior ao do indicador para avaliar como o solo cumpre suas funções no ambiente. Nesta palestra, será apresentada uma estratégia de avaliar a funcionalidade hidrológica de perfis de solo, traduzida pela previsão, por modelagem, das frações de água infiltrada e disponível para escoamento. Essa abordagem foi aplicada em um estudo de dissertação e foi capaz de distinguir perfis de solo quanto sua funcionalidade hidrológica, além de mostrar que indicadores podem não ser confiáveis para supor funcionalidade do solo.