Profa. Dra. Silviamar Camponogara
A contemporaneidade é uma etapa que se caracteriza por aceleração e intensificação do ritmo de vida, uso intenso de tecnologias de informação e comunicação. Esse panorama traz implicações para diferentes aspectos do processo de viver humano, inclusive, para o mundo do trabalho. Na modernidade, importantes alterações, atreladas ao advento da Revolução Industrial, foram vivenciadas na realidade de trabalho, tais como: substituição das ferramentas pelas máquinas, da energia humana e/ou animal pela energia motriz e do modo de produção doméstico pelo sistema fabril. Já, na contemporaneidade, o trabalho está associado à efemeridade, transitoriedade, descontinuidade e caos.
Diante desse contexto, fenômenos como a intensificação e a precarização tornam-se parte do cotidiano dos trabalhadores, pois, verifica-se um dispêndio de energia física e mental/psíquica para realização de atividade em dada unidade de tempo, e, ao mesmo tempo, fragilidade de vínculos empregatícios, condições inadequadas de trabalho, jornadas exaustivas, baixa remuneração, desemprego, dentre outros. O trabalhador da área da saúde e, especificamente, da enfermagem também está imerso nesse panorama. Na contemporaneidade, os trabalhadores da enfermagem convivem com jornadas de trabalho extenuantes, com o subemprego ou duplos/múltiplos vínculos, condições de trabalho inadequadas, falta de materiais, dimensionamento inadequado de profissionais, com um processo de trabalho fragmentado, aumento do nível de complexidade dos pacientes/usuários, necessidade de atualização constante – demandas tecnológicas, inexistência e/ou ineficácia de políticas públicas. Esses aspectos expõem os trabalhadores a intensificação e precarização do trabalho, fatores que levam ao adoecimento e podem comprometer, substancialmente, a qualidade dos cuidados prestados.
Diante disso, muitos desafios se apresentam, os quais se constituem em ações essenciais no sentido de fazer frente aos inúmeros impactos que a contemporaneidade impõe aos trabalhadores. É imperioso aprofundar debate sobre a importância da construção de vínculos solidários entre os trabalhadores. Considera-se que esse, se concretiza em veiculo pelo qual ações de fortalecimento profissional podem se fortalecer e solidificar efetivamente, na perspectiva de oferecer, concretamente, uma alternativa para minimizar os efeitos negativos que a contemporaneidade traz para o mundo do trabalho, inclusive na enfermagem.
Referencias:
$11- Baumann, Z. Modernidade Líquida. Rio de Janeiro: Jorge Zahar; 2001$12- Hall, S. A identidade cultural na pós-modernidade. Rio de Janeiro: DP&A; 2006.$13- Antunes, R. O caracol e sua concha: ensaios sobre a nova morfologia do trabalho. São Paulo: Boitempo; 2006.$14- Merlo, A.R.C; Traesel, E.S. Trabalho imaterial no contexto do enfermagem hospitalar: vivencias coletivas dos trabalhadores na perspectiva da Psicodinâmica do Trabalho. Rev Bras Saude Ocup. São Paulo, 36(123):40-45, 2011.