A UFSM deu início ao projeto “Estudo avançado de misturas asfálticas recicladas à quente e implantação de trechos experimentais”, que busca melhorar a sustentabilidade e o desempenho das rodovias no estado do Paraná. A pesquisa, que tem como foco a reutilização do Resíduo de Asfalto Fresado (RAP), recebe apoio da concessionária Via Araucária, responsável pela administração de rodovias na região metropolitana de Curitiba.
O projeto propõe o uso do RAP, material gerado a partir da remoção de asfalto antigo durante a manutenção das rodovias, em novas misturas asfálticas, com a adição de um agente rejuvenescedor. De acordo com o coordenador do projeto, Lucas Bueno e o pesquisador Pedro Junior, a ideia central é reduzir o impacto ambiental, aproveitando esse material que muitas vezes é descartado, e ao mesmo tempo melhorar a performance dos pavimentos, tornando-os mais duráveis e econômicos.
Apesar do uso do RAP já ser comum em outros países, como os Estados Unidos, no Brasil, o processo ainda é timidamente adotado. Segundo os pesquisadores, o projeto visa testar o material em condições reais de tráfego, com a aplicação de trechos experimentais nas rodovias administradas pela Via Araucária. Durante o estudo, será possível acompanhar o comportamento do pavimento ao longo do tempo, comparando os resultados obtidos nos testes laboratoriais com a performance observada em campo.
Com a parceria firmada, a UFSM receberá um investimento de aproximadamente R$2,7 milhões, que será destinado à pesquisa, bolsas de estudo para alunos e profissionais envolvidos, além de recursos para materiais de consumo e viagens para eventos acadêmicos. A colaboração com a Via Araucária, que ficará responsável pela aplicação do material nas rodovias, trará um grande avanço para o desenvolvimento de soluções mais sustentáveis para a infraestrutura rodoviária no Brasil.
Além dos benefícios ambientais, o projeto também promete trazer melhorias para a sociedade em geral. “O uso do RAP pode reduzir a necessidade de materiais virgens, como o asfalto novo e o agregado mineral, resultando em economia de recursos naturais e menores custos na produção de pavimentos”, destacou Bueno. Ainda acrescentou que a utilização de misturas mais sustentáveis também pode abrir portas para o desenvolvimento de novas normas e práticas que tornem o uso de materiais reciclados mais comum em projetos rodoviários.
Os pesquisadores esperam que, ao final do projeto, seja possível comprovar que o uso do RAP, combinado com o agente rejuvenescedor, oferece um desempenho similar ao dos pavimentos tradicionais, beneficiando tanto o meio ambiente quanto a economia. Além disso, o projeto contribuirá para a criação de um método de projeto para revestimentos asfálticos reciclados, um avanço necessário no Brasil, onde essa prática ainda não é amplamente regulamentada.
Por fim, Bueno e Junior destacaram a importância da colaboração e do apoio da equipe da Proinova, que ajudou a agilizar o processo de formalização do acordo de parceria com a Via Araucária.
Texto: Gabriela de Almeida, bolsista de comunicação da Proinova.