O Colégio Politécnico da UFSM fechou uma parceria com a empresa Solubio. O projeto desenvolvido irá avaliar o uso de bioprodutos em culturas anuais de grãos e pastagens. As pesquisas foram programadas para as safras 2021/22, 2023/24 e 2024/25 na área nova do Colégio Politécnico e em propriedades de produtores rurais parceiros da região.
A iniciativa tem como objetivo identificar a eficácia dos bioprodutos na produtividade das culturas. A pesquisa irá ampliar a gama de informações sobre o processo de aplicação desses produtos visando a maximização da eficiência técnica, operacional, produtiva e econômica dos produtores rurais, e assim minimizar o impacto ambiental da cadeia produtiva dos grãos e pastagens.
As principais linhas de atuação do projeto visam analisar biofertilizantes e bioestimulantes. O professor do Colégio Politécnico, Ivan Carlos Maldaner, é coordenador do projeto e explica sobre os testes que estão sendo realizados:
“Esse projeto tem várias frentes: trabalhamos com os inoculantes e bioestimulantes para a soja, para reduzir a quantidade de fertilizantes formulados na cultura sem reduzir a produtividade, resultando em maior lucro para o produtor rural. Na Europa, já existe uma preocupação com a contaminação do lençol freático com nitrato. Então, o principal objetivo desse projeto é diminuir o uso de fertilizantes formulados com o uso de biológicos e para termos uma agricultura mais sustentável, com menor impacto no meio ambiente. O projeto também tem como objetivo trabalhar com bioestimulantes, promotores de crescimento, em gramíneas como arroz, trigo, milho e pastagens. Os bioestimulantes estimulam o crescimento radicular das plantas, com isso ocorre maior produção de matéria seca de parte aérea, contribuindo para o aumento da produtividade das culturas”, explica.
No momento os testes estão sendo realizados apenas na área nova do Colégio Politécnico, para coleta de resultados e em um segundo momento será ampliada para a propriedade de produtores rurais a fim de identificar a eficácia nas lavouras.
“No momento nós ainda estamos com muitos testes aqui da área nova do Colégio Politécnico. Já fizemos experimentos na safra passada, de verão, principalmente com soja e milho. Nessa última safra de inverno fizemos experimentos com aplicação de bioinsumos no trigo e em plantas de cobertura. A partir dessa próxima safra a nossa ideia é fazer outros ensaios em lavouras de produtores. Então, primeiro aprendemos o que funciona aqui dentro, e aí expandimos a nível dos produtores”, relata o professor.
A importância dos bioprodutos
Nos últimos 40 anos a produção de grãos quase triplicou no Rio Grande do Sul. Isso implica na maior quantidade de produtos químicos, que consequentemente se utilizam de matérias primas finitas e geram maior impacto no meio ambiente quando aplicados.
Os bioprodutos são produzidos a partir de matéria prima biológica e consequentemente são mais sustentáveis. Eles são produzidos por meio de processos biotecnológicos, que utilizam micro-organismos como bactérias, fungos e leveduras.
“O uso dos bioprodutos traz muitos benefícios, em especial na aplicação pelo produtor. Muitas das contaminações do agricultor ou do trabalhador do campo ocorrem pelo contato com produtos químicos no momento da aplicação na lavoura. Muitas vezes, por não usar equipamentos de proteção, ele acaba se contaminando. Já com o uso de produtos biológicos esse risco diminui”, conta Ivan.
Diante disso, a produção e o uso de bioprodutos têm se tornado cada vez mais importantes e estratégicos para a sustentabilidade, saúde humana e o desenvolvimento econômico e social. Já existem diversas iniciativas que trabalham no desenvolvimento de bioprodutos, inclusive uma parceria entre UFSM e a empresa Transfertech pode registrar o primeiro bioherbicida no Brasil.
Parceria que rendeu empregos
A parceria implementou uma biofábrica OnFarm em comodato com o Colégio Politécnico que permite aos estudantes aulas práticas de produção e demonstração de eficiência de bioprodutos. Na biofábrica os alunos podem trabalhar com a multiplicação de biológicos para realização de testes na área nova do Colégio Politécnico.
A acadêmica do curso Técnico em Agricultura de Precisão do Colégio Politécnico da UFSM, Rafaela Munhoz, participou do projeto quando era estudante do curso de Técnico em Agropecuária entre 2021 e 2022 e foi contratada pela empresa Solubio para integrar a equipe da empresa:
“Aprendi sobre o processo, os professores me deram oportunidade de ficar à frente das multiplicações e cada dia mais eu me descobria que eu amava trabalhar com biológicos. Por fim terminei o técnico, me formei e fui contratada para trabalhar na Solubio, empresa parceira que forneceu juntamente com o Advanced Farm 360 esse conhecimento para os acadêmicos do Politécnico e UFSM em geral”, relata.
A Solubio é uma empresa de biotecnologia de Jataí – GO. Hoje possui a mais moderna fábrica de bioinsumos da América Latina, com mais de 500 colaboradores. A Solubio é especializada no desenvolvimento de soluções sustentáveis para a agricultura.
Texto escrito por Débora Hundertmarck – Estagiária de Comunicação da Proinova