UFSM tem grande visibilidade no setor, com demanda crescente para incubação de foodtechs
Foodtechs são startups que usam a tecnologia para ressignificar os sistemas alimentares desde a produção até o descarte de alimentos. Essas startups agregam diversas tendências aos seus produtos, processos e serviços, como: praticidade, redução de desperdício, segurança alimentar, bem-estar social, saudabilidade e sustentabilidade.
Esse segmento cresce rapidamente no cenário mundial em razão da necessidade de geração de soluções que garantam a qualidade nutricional e o acesso aos alimentos. Segundo o professor do Departamento de Ciência e Tecnologia dos Alimentos da UFSM, Juliano Barin, o Brasil ocupa um papel de destaque nesse ramo, o que tem ficado evidente pelo rápido surgimento de foodtechs no país, que, em 2018, contava com algumas dezenas e, em 2021, já está chegando a quase um milhar. Cabe ressaltar, ainda, o surgimento de Hubs específicos na área de alimentos, como o Food Tech Hub Br, que tem conectado as startups brasileiras aos principais ambientes de inovação no mundo.
Nos últimos 12 meses, o ecossistema da Região Central teve um crescimento considerável através da convivência e do amadurecimento das foodtechs. “As pessoas de fora do ecossistema estão muito mais atentas às nossas movimentações”, ressalta Rogério Assis Brasil, representante do coletivo ligado ao Food System Sabores Urbanos. Ele explica que isso se dá porque as startups começaram a ampliar suas conexões através de eventos, premiações e olhares de aceleradores e fundos de investimento.
Rogério acredita que, a partir de agora, é o momento de as empresas finalizarem os produtos para começarem a comercializar no mercado nacional. “Essas startups, somadas às pré-incubadas que podem entrar a partir do edital que está em processo, devem tornar o nosso ecossistema o maior ecossistema de foodtechs do Rio Grande do Sul. Isso se deve pela estratégia da Sabores Urbanos e das foodtechs já existentes de motivar os pesquisadores, os alunos e a comunidade a empreender, do acolhimento e da qualificação oferecidos pela Agittec, da comunidade e da estrutura da Universidade”, opina Rogério.
A UFSM tem grande visibilidade no setor, com demanda crescente para incubação de foodtechs. Em 2019, duas startups do segmento foram incubadas e, em 2020, mais três. Em 2021, somente na pré-incubação, ao menos seis empreendimentos de foodtechs estão concorrendo ao atual edital de seleção, demonstrando o crescimento do setor.
A Zeit oferece um serviço que permite que análises químicas sejam feitas em campo, direto na propriedade. Assim, é possível obter os resultados necessários para auxiliar os clientes em uma tomada de decisão mais rápida, com assertividade, otimizando o tempo e favorecendo a rastreabilidade dos processos. Como foodtech, a Zeit iniciou suas atividades na área da bovinocultura de leite, tendo como foco a análise em campo dos parâmetros da qualidade deste produto, favorecendo a rastreabilidade do leite bovino, auxiliando o produtor e as empresas a gerar maior produtividade e competitividade no mercado.
Além da bovinocultura de leite, a Zeit, em parceria com a Genesis Group, uma grande empresa do agro, constituiu a NIRA. “A tecnologia desenvolvida na NIRA também é portátil e é utilizada para a análise de grãos em campo. No momento, esta tecnologia está sendo utilizada para a determinação de proteína, óleo e umidade em grãos de soja, e está sendo expandida para farelo de soja e milho”, conta a diretora de operações e co-founder da Zeit, Paula Dalla Vecchia. Essa tecnologia irá beneficiar todo o elo da cadeia de grãos, desde as grandes traders e os armazéns, até os produtores.
Paula destaca que o setor de foodtechs está em um momento de muitas mudanças disruptivas. “A tecnologia no campo chegou a outro patamar. Cada vez mais, as soluções tecnológicas e inovadoras chegam para tornar o trabalho no campo, nas fábricas e nas indústrias mais fácil, agilizando a tomada de decisão”, comenta a diretora da Zeit.
Duas foodtechs incubadas na UFSM trabalham com microencapsulação. A Weecaps agrega valor funcional aos alimentos através da incorporação de probióticos microencapsulados, ampliando e preservando o bem-estar e a saúde dos consumidores. Já a W3 Special Ingredients utiliza ômega 3 vegetal microencapsulado em produtos cárneos e plant-based.
Também são residentes na incubadora a QueroChef, uma plataforma que auxilia os entusiastas da culinária a gerar um complemento de renda, e a Horty, que liga produtores de alimentos orgânicos e convencionais a consumidores nos centros urbanos, através do meio digital.
Em função do potencial de crescimento das foodtechs na Região Central, da demanda apresentada pelos empreendedores das startups e da formação de recursos humanos de qualidade na área de alimentos, baseada em trabalhos de pesquisa e desenvolvimento, a Agittec está reservando um espaço específico para startups do Food System na entrada do seu Parque Científico e de Inovação que, inicialmente será ocupado pelas startups Weecaps, W3 e Inocular.
Texto: Giovana Dutra, acadêmica de Jornalismo e bolsista da Agência de Inovação e Transferência de Tecnologia (Agittec).