A UFSM vem trabalhando em dois grandes estudos de vacinas contra a COVID-19. A vacina desenvolvida pela farmacêutica britânica AstraZeneca em parceria com a Universidade de Oxford, está em fase final. Já a vacina desenvolvida pela farmacêutica Clover Biopharmaceuticals está com os testes da segunda dose em andamento. Ambas integram a iniciativa Covax Facility, criada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) para acelerar o desenvolvimento e a fabricação do imunizante contra a COVID-19 e garantir o acesso justo e equitativo às vacinas para todos os países do mundo.
A escolha das entidades que integrarão a fase de testes é feita pelo patrocinador do estudo. As universidades são selecionadas a partir da experiência do centro de pesquisa clínica, que precisa ter desenvolvido estudos de vacinas anteriormente ou ter estrutura potencial para viabilizar esse tipo de pesquisa. Em geral, a experiência dos pesquisadores da universidade chama a atenção do patrocinador e a instituição acaba sendo escolhida. A qualidade do que já se desenvolveu nos estudos prévios, a chamada métrica de boa qualidade no desenvolvimento dos estudos, também é levada em conta.
Os estudos costumam ter um pesquisador responsável pela coordenação da equipe, denominado como investigador principal. Esse pesquisador tem a responsabilidade de monitorar e supervisionar todos os passos e procedimentos da aplicação da vacina nos voluntários e posterior acompanhamento. Além disso, o investigador principal é responsável pela manutenção da segurança dos dados clínicos, demográficos e epidemiológicos do estudo.
Na UFSM, esse investigador principal é o professor Alexandre Vargas Schwarzbold, do Departamento de Clínica Médica. Ele foi um dos seis pesquisadores brasileiros selecionados para desenvolver o estudo da vacina de Oxford. “Essa é a vacina mais utilizada no mundo atualmente e isso se deve também aos dados brasileiros. Nós tivemos um volume suficiente para, em tempo quase recorde, fazer a análise e mostrar para o mundo que a vacina era eficaz e com isso salvar muitas vidas”, conta Alexandre. A equipe envolvida nos estudos é composta por profissionais da Unidade de Pesquisa Clínica do Hospital Universitário de Santa Maria (HUSM).
Para Alexandre, a grande contribuição desses estudos para a ciência é mostrar que as tecnologias de vacinas vetoriais (como a de Oxford) e de proteínas recombinantes (como a da Clover) são viáveis. “Há uma grande tendência de o desenvolvimento ser eficaz e permitir uma amplitude de uso, o que gera grande impacto em saúde pública, no controle de doenças transmissíveis”, explica o professor.
A participação em estudos como esses traz grande visibilidade e credibilidade para a UFSM, abrindo portas para que se possa desenvolver novos projetos de vacinas e, quem sabe, novas parcerias internacionais. Em agosto, inicia-se um terceiro estudo, voltado para o vírus sincicial respiratório, que causa bronquiolite na infância. Essa é uma parceria da UFSM com a farmacêutica GSK Brasil. Os pesquisadores aplicarão a vacina em gestantes sadias com a finalidade de prevenir o aparecimento da bronquiolite nos bebês.
Texto: Giovana Dutra, acadêmica de Jornalismo e bolsista da Agência de Inovação e Transferência de Tecnologia (Agittec).