O investimento em projetos de Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) é essencial para o fomento à cultura inovadora, porque aproxima os alunos de pesquisas de impacto positivo na sociedade, complementando a formação acadêmica. Na UFSM esse investimento fortalece a parceria entre a universidade e as empresas, incentivando a geração de conhecimento tecnológico e inovador. Os relatórios financeiros anuais desenvolvidos pela Coordenadoria de Transferência de Tecnologia mostram onde os recursos captados em projetos de P&D foram investidos na instituição em 2019.
Essas publicações possibilitam que a comunidade interna e externa tenham conhecimento do recebimento e da destinação dos recursos captados em projetos inovadores e laboratórios prestadores de serviços. As mesmas também divulgam quais áreas possuem financiamento e quais foram os projetos firmados no ano. A contadora da Coordenadoria de Transferência de Tecnologia (CTT), Lauren Lorenzoni, que trabalha na elaboração dos relatórios, explica que “com esse mapeamento, busca-se entender e divulgar o potencial de pesquisa, inovação e prestação de serviços da UFSM e quais são as áreas com capacidade de interação que precisam de fomento”.
Serviços prestados pelos laboratórios
Os serviços prestados pela UFSM permitem a disseminação e aplicabilidade do conhecimento existente na instituição, contribuindo para reduzir as dificuldades tecnológicas enfrentadas pela sociedade e possibilitando que empresas, comunidade e Estado tenham acesso à infraestrutura laboratorial e expertise dos pesquisadores e demais integrantes da equipe.
Os projetos de prestação de serviços potencializam o principal propósito da Universidade, que é a formação de profissionais com competências diferenciadas através do ensino, da pesquisa e da extensão. Assim, esses projetos capacitam os alunos para melhor inserção no mercado de trabalho e os aproximam dos problemas atuais da sociedade. Por meio desses projetos promove-se também a manutenção da estrutura dos laboratórios, a aquisição de materiais para aulas práticas e pesquisas e a renovação ou aquisição de novos equipamentos.
No ano 2019, as receitas captadas em projetos de prestação de serviços por meio dos laboratórios totalizaram um montante de R$8.611.641,17. Repetindo o desempenho de 2018, o Centro de Ciências Rurais (CCR) foi a unidade de ensino mais representativa, sendo responsável por aproximadamente 35% do total dos recursos captados. Na sequência, o Centro de Ciências da Saúde (CCS), o Centro de Ciências Naturais e Exatas (CCNE), o Centro de Tecnologia (CT) e o Colégio Técnico Industrial (CTISM) arrecadaram 25,63%, 19,8%, 19,7% e 0,41%, respectivamente. O gráfico abaixo demonstra as receitas dos laboratórios dos referidos centros.
Parceria que dá certo
O Laboratório de Análises Micotoxicológicas (LAMIC) da UFSM realiza avaliações de micotoxinas desde 1986 e, atualmente, é coordenado pelo doutor em Medicina Veterinária, professor Carlos Mallman.
As micotoxinas são metabólitos tóxicos secundários produzidos por fungos filamentosos que crescem e se proliferam em grãos quando em condições ideais de temperatura, umidade e presença de oxigênio. Com a necessidade do aprimoramento constante da área de nutrição animal, o controle e o gerenciamento das micotoxinas constituem um desafio importante, pois, por razões econômicas e de saúde pública, requerem cada vez mais atenção.
O LAMIC presta serviços para empresas como a Agrifirm, uma cooperativa global que tem sede na Holanda e, aqui no Brasil, trabalha com nutrição animal. O gerente técnico de aditivos da Agrifirm, Mateus Morgan, lamenta que o laboratório não tenha um reconhecimento tão grande pelas empresas brasileiras, já que é uma referência mundial. Quando questionado sobre a importância do vínculo com o Lamic, Morgan salienta o renome que a UFSM – e consequentemente o laboratório – tem: “dizer que somos parceiros do Lamic dá uma certa garantia de qualidade aos nossos produtos, porque nós estamos falando de um laboratório reconhecido mundialmente, então é sumamente importante essa parceria”. A parceria entre a cooperativa e o laboratório tem mais de 10 anos.
Projetos Inovadores
As Instituições de Ensino Superior tem um papel essencial em um sistema de inovação eficiente, pois a união entre o conhecimento científico produzido pela academia e o seu proveito no processo produtivo propiciam um ambiente ideal para que as novas ideias cheguem à sociedade, melhorando a qualidade de vida das pessoas. Neste contexto, os projetos de Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) subsidiam a inovação, aproximando os alunos das pesquisas e contribuindo na sua formação acadêmica, vindo ao encontro da missão da UFSM e também do Plano.
Assim, o conhecimento da academia, a qualificação dos profissionais e o acesso à infraestrutura da Universidade têm potencial para transformar conhecimentos em tecnologias competitivas e, assim, favorecer a soberania nacional, o desenvolvimento econômico e a geração de renda e empregos. A Agência de Inovação e Transferência de Tecnologia (AGITTEC) tem como uma de suas atribuições o fortalecimento da cooperação técnico-científica entre a universidade e a sociedade, incentivando o desenvolvimento tecnológico e inovador.
No ano de 2019, a UFSM obteve uma receita total de R$ 6.693.154,58 em projetos inovadores de pesquisa, oriundo de 28 empresas. Essa arrecadação é dada pelo somatório das receitas em projetos interinstitucionais, ou seja, aqueles oriundos de investimentos externos, considerando-se somente projetos em parceria com empresas públicas ou privadas. Pode-se verificar que o principal financiador foi a empresa Petróleo Brasileiro S.A. (Petrobras), que representa 24,52% da receita total, seguida pela Companhia Riograndense de Saneamento (Corsan) e Companhia Paranaense de Energia (Copel), que representam 17,98% e 13,57% respectivamente. Destaca-se, no gráfico abaixo, os financiadores com valores recebidos acima de R$ 20.000,00, sendo os demais valores somados no Financiador “Outros”.
A seguir apresenta-se a evolução das receitas para o período de 2015 até 2019. Conforme gráfico abaixo, pode-se observar que nos últimos cinco anos foram captados R$29.431.506,91 por meio de Projetos Inovadores.
Confira aqui os relatórios completos.
Por que fechar uma parceria com a UFSM?
As universidades conduzem pesquisas que geram descobertas inovadoras que podem melhorar a maneira que vivemos, trabalhamos e nos relacionamos. “A transferência de tecnologia desempenha um papel central, conectando essas descobertas com empresas que podem transformá-las em produtos para tornar o mundo melhor”, destaca a contadora Lauren. Uma descoberta pode ser transferida para uma empresa existente ou inspirar a criação de uma empresa totalmente nova. As empresas transformam ideias novas em produtos e/ou serviços que podem ter um grande impacto positivo no nosso cotidiano, saúde e bem-estar. Esse movimento, consequentemente, cria empregos, estimula a economia e incentiva a próxima geração de pesquisadores.
Enquanto a UFSM se beneficia através da capacitação acadêmica e profissional, aprimora infraestrutura e viabiliza pesquisas tecnológicas e divulgação científica, as parcerias também possibilitam que empresas e entidades de qualquer porte pratiquem inovação transformadora a um custo de desenvolvimento acessível. Se não houvesse essa possibilidade de interação, talvez algumas empresas não teriam capacidade para se desenvolver isoladamente. O coordenador da CTT, Ândiel Ortiz, enfatiza “juntos somos mais fortes, e a UFSM quer estar cada vez mais próxima da sociedade nas áreas de desenvolvimento tecnológico, inovação e empreendedorismo”.
Sobre a CTT
A Coordenadoria de Transferência de Tecnologia (CTT) é o setor da UFSM responsável por mediar as relações entre os pesquisadores e o Setor Produtivo, a fim de transferir o conhecimento gerado no ambiente acadêmico à sociedade. Para isso, a CTT busca interessados em utilizar as tecnologias desenvolvidas pela UFSM e apoiar a execução de projetos de inovação.
O setor também realiza a gestão administrativa de processos para aprovação de projetos e apoia juridicamente a elaboração e assinatura de contratos, sendo responsável pela análise formal, discussão contratual e observância de requisitos legais para celebração de contratos e acordos relativos à inovação no ambiente produtivo.
Texto: Giovana Dutra, acadêmica de Jornalismo e bolsista da Agência de Inovação e Transferência de Tecnologia (Agittec)
Ilustrações: Camila Santarem, acadêmica de Desenho Industrial, bolsista da Agência de Inovação e Transferência de Tecnologia (Agittec).
