Após a criação do curso técnico em Meio Ambiente do Colégio Politécnico da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), em 2011, viu-se a necessidade de um local em que os alunos pudessem colocar em prática o conhecimento adquirido em sala de aula. Inicialmente, essa prática era feita de uma maneira bem simples: com uma lona estendida no chão – para não contaminar o solo – e materiais orgânicos simulando o processo de compostagem. Por conta da alta demanda pelo serviço, foi preciso que houvesse o uso de uma estrutura maior e mais profissional.
Pensando na expansão da atividade para outros setores da Universidade, o professor Maurício Vicente Motta Tratsch, juntamente a outros profissionais do Politécnico, submeteram o projeto da composteira ao Projeto Ciclo de Vida Sustentável. Essa iniciativa tinha como objetivo dar espaço e visibilidade à ações que buscassem melhorar o meio ambiente. A composteira da UFSM foi contemplada com a máquina revolvedora – que auxilia na mistura dos resíduos orgânicos, favorecendo a entrada de oxigênio no processo de compostagem – e com as placas solares, para que pudessem gerar energia fotovoltaica e colocar em funcionamento a estrutura.
Atualmente o local é utilizado para as aulas práticas dos cursos de Técnico em Meio Ambiente, Técnico em Alimentos e no curso de Tecnólogo em Gestão Ambiental, nas disciplinas de Resíduos Sólidos e Tecnologias Limpas, Tratamento de Resíduos e Gestão de Resíduos, respectivamente. O húmus gerado pelas técnicas aplicadas na compostagem é utilizado para fomento do solo do próprio Colégio Politécnico. Alguns dos locais em que esse composto orgânico é usado são: o laboratório de fruticultura, laboratório de espécies nativas e práticas ambientais e também nas áreas verdes do colégio. O espaço possibilita aos acadêmicos uma experiência que não seria vivenciada em sala de aula, como o processo de análise de bactérias, utilização do triturador, e separação de resíduos para a compostagem. O projeto conta ainda com a participação de bolsistas, que tem como objetivo o conhecimento da prática e o monitoramento da chegada de resíduos do campus.
A coleta de resíduos orgânicos no campus sede ocorre através da parceria com o Setor de Planejamento Ambiental da PROINFRA, que gerencia a operacionalização da rota. A iniciativa surgiu com a professora Marta Tocchetto em 2017 com o trabalho de coleta seletiva, e atualmente abrange 24 pontos, entre eles: Restaurante e Lancheria Sabor e Rango (Centro de Educação – CE), Restaurante Pitadella (Centro de Ciências da Saúde – CCS), Cosmopolita CoffeeHouse (Centro de Tecnologia – CT), Incubadora Tecnológica, CPD, COPERVES, CQVS, DERCA, AGITTEC e Reitoria, tendo um montante aproximado de 250 kg de resíduos orgânicos por dia.
A composteira junto com outras iniciativas da Universidade, como os Pontos de Entrega Voluntária (PEV’s) de Resíduos Eletroeletrônicos e a própria Coleta Seletiva Solidária da UFSM, são de extrema importância para a destinação de resíduos no campus, pois propiciam a reciclagem e o reaproveitamento de resíduos que outrora iriam para um aterro sanitário.
Entendendo o funcionamento de uma composteira
A compostagem consiste no conjunto de técnicas que transformam a matéria orgânica em húmus, ou seja, um adubo de boa qualidade. No caso da técnica realizada pela UFSM, a principal fonte vem dos alimentos que são descartados pelos locais em que a coleta passa. Para que esse material possa ser utilizado na composteira, o alimento não pode estar cozido ou temperado e de preferência deve ter dimensão de 1 a 5 cm. Os resíduos utilizados para a criação do húmus são uma mistura balanceada entre fontes de carbono e de nitrogênio que resultam em alimento para as bactérias que realizam a decomposição, além de funcionar como regulador de umidade e temperatura.
Os benefícios da técnica da compostagem são vários, entre eles pode-se destacar: o baixo custo, destinação correta aos resíduos orgânicos, contribuição para melhoria da qualidade do solo e do desenvolvimento de plantas, e redução da utilização de fertilizantes químicos, resultando em uma menor contaminação ambiental.
Texto e foto: Maria Carolina Dias, estudante de Jornalismo e bolsista de comunicação na PROINFRA