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Entrevista com Fernando Floresta, Bacharel em Geografia e Mestre em Engenharia de Produção pela UFSM



Trabalhar no que gostava foi o que Fernando Floresta sempre quis. Após tentar várias cursos, concluir sua graduação e ser aprovado em um concurso público estadual, ele finalmente conseguiu. E foi durante uma de suas viagens à trabalho que a equipe Volver esteve com ele, enquanto ele nos contava sobre sua época na UFSM. Nosso entrevistado é Bacharel em Geografia pela UFSM – 1987 e Mestre em Engenharia de Produção pela UFSM – 2003. Há 10 anosé Analista Ambiental da Fundação Estadual de Proteção Ambiental – FEPAM.

Volver:Como era a vida na UFSM quando tu estava na graduação?

Floresta:Era muito parecido com hoje, talvez com um pouco mais de rigidez do ponto de vista acadêmico, hoje eu vejo mais flexibilidade nos cursos – o que não é totalmente ruim –, mas talvez a cobrança por parte dos professores fosse maior, principalmente com relação a exercícios em aula, tarefas complementares, bibliografia extensa, bastante prática de laboratório e de campo. Talvez a presença mais forte do professor em sala de aula, até pelo que eu sei hoje é dado muito seminário, a graduação vem seguindo o ritmo da pós-graduação, que exige mais iniciativa dos alunos, e antes, por não ter isso tudo, era mais direto, era mais presente em sala de aula, rigidez maior no controle de frequência, boa distribuição de provas, com calendário definido no começo do semestre. A convivência entre alunos e professores também era maior, tudo em função de não existir ainda a internet. Trabalhos eram datilografados, xerox era uma coisa rara, então a convivencia entre alunos e professores era mais forte, também. Então eu acho que a grande mudança foi nas redes de comunicação, a atualização e a facilidade do acesso.

Volver: Do que tu sentes mais falta do tempo de graduação?

Floresta: Ah! Eu sinto falta do ambiente universitário, da atualização que o ambiente proporciona, dos colegas, dos trabalhos em grupo, das viagens de estudo que a gente tinha bastante, e daquela convivência mais frequente: toda semana tinha encontro de alunos, se passava manhã e tarde no campus praticamente, e também tem o lado saudosista, né? Os colegas e o ambiente acadêmico, que eu sempre gostei muito. A universidade favorece isso, a proposta dela é também a universalização do ensino, e eu sempre gostei de estar envolvido com um monte de coisa, eu era “leitor de mural”: descobria cursos, eventos, palestras.O ambiente acadêmico era bem efervescente tanto no campus lá fora (camobi) quanto nas sociais e humanas, aqui no centro na antiga reitoria.

Volver: E tu pretendes voltar pra UFSM, pra ser estudante ou professor?

 

Floresta: Para professor não, eu nem tenho idade (risos) – vontade até tenho, mas tem gente mais nova para isso –. Mas eu mantenho contato com a universidade, seguido eu faço cursos de extensão, quando tem a chance eu me atualizo. Voltei muito tempo depois, pra fazer o mestrado, quando consegui liberação do trabalho. Iniciei um doutorado como aluno especial, não cheguei a fazer a seleção porque (o estado) não tinha liberado, mas agora tem um horizonte novo no estado que libera até dois dias na semana para o doutorado, então isso me motiva a tentar voltar pro doutorado, quem sabe? Mas aí é satisfação pessoal mesmo.

 

Volver: Como foi a tua vida depois que tu te formaste?

Floresta:No começo foi complicada, porque eu cheguei a cursar efetivamente uns 6 cursos na federal, mas só concluí um. Minha vontade mesmo era cursar o curso de Geógrafo, não existe mais, depois virou o bacharelado em geografia, era uma profissão nova que foi regulamentada como técnico encarregado a fazer a divisão política da união, de estados e municípios, criação de novos municípios, estudos geoeconômicos, antropológicos, geográficos, mineralógicos, recursos naturais e tudo mais… Então eu fiz o vestibular, gostei do curso mas atrasei. O complicado foi, depois de egresso, trabalhar numa profissão completamente nova, que ninguém conhecia. Me perguntavam “ah, tu é professor de geografia?” e eu dizia “não, eu sou geógrafo, posso fazer isso isso e isso”. Aí na época eu fiz cópia da lei (que explica o que um geógrafo é e faz) e larguei em municípios, no estado, em tudo. Era complicado, aparecia um trabalho de vez em quando, eu dei aula em colégios particulares, cursinhos pré-vestibular, trabalhei com turismo e cheguei a montar um escritório, trabalhei 17 anos como construtor ambiental. Eu dizia que nunca queria ser funcionário público, queria ser sempre autônomo. Em um dado momento eu cheguei à conclusão que na época – como hoje persiste – o melhor caminho ainda é o concurso público. Fiz vários concursos pra minha área, passei em quase todos mas só aceitei quando foi vaga em Santa Maria. Mas em termos de retorno eu passei um trabalho sem tamanho, mas não por culpa da universidade, foi culpa da profissão, culpa da conjuntura nacional no momento, preguiça minha de procurar coisas melhores… Mas hoje eu me sinto realizado, não ganho uma fortuna mas trabalho na área que eu gosto, tenho meu tempo, estou sempre em saídas de campo, atingi o que eu queria, e ainda vai me dar a chance de fazer o doutorado se eu quiser.

Volver:Depois da tua formação, o que tu percebeste que a ufsm não ensinou e tu teve que aprender por fora?

Floresta: Na minha área, o principal são as geotecnologias, a parte que no meu tempo não tinha trabalhos com mapas e tal era tudo manual, topografia era com teodolito, era trabalho com bússola, com trena, mas isso também não é culpa da universidade, foi culpa do momento, e o que eu tive que aprender por fora um pouquinho só porque eu não me interesso muito em aprender – eu não tenho mais idade pra isso (risos) –  é o uso das geotecnologias, ferramentas pra estudo de relevo, solo, mapeamento geral, ferramentas à disposição de todo mundo, mapas digitais, imagens digitalizadas, facilita muito o trabalho de campo, medição de áreas, etc. Talvez a universidade tenha deixado a desejar na parte prática da profissão, estágios não existiam na época, a gente tinha que procurar por conta, não oferecia um contato com a profissão, o que a universidade não proporcionou era a extensão no curso de geografia. Mas depois, pelo projeto Rondon, conseguimos fazer a prática de campo a partir do 5° semestre, trabalhando com mapeamento, com demografia das populações indígenas, trabalhar com educação ambiental, com levantamento de solos, de minerais, tudo através do projeto Rondon.

Volver:Tu tens uma filha estudando na universidade. Qual é a sensação de vê-la passando por isso que tu já passou?

Floresta:Primeiramente, é um orgulho ter uma filha fazendo curso superior, numa área que é parecida com a minha – ela cursa Engenharia Florestal –. Embora ela relate que tem várias disciplinas novas, tem um monte de tecnologias à disposição. Ela gosta bastante, embora tenha uma visão mais social da profissão e ache que o curso é voltado mais pro lado empresarial. Mas é muito bom ter uma filha ali, a gente troca bastantes informações, experiências da parte ambiental, ela tem intenção de ser professora, pesquisadora, e eu vejo isso com bons olhos. Outra diferença é a facilidade de se chegar num professor, num coordenador. Hoje em dia é mais tranquilo, todo mundo é mais camarada. Antigamente, principalmente porque era época de ditadura, falar com o reitor era quase falar com o presidente da república. Hoje facilita, o pessoal discute com o departamento, tem espaços variados, é bem mais democrático o ambiente universitário, eu acho. 

 

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