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Pesquisadora egressa da UFSM é a primeira brasileira a receber prêmio de prestígio na área de astrofísica

The Gruber Foundation Fellowship é destinado a jovens cientistas extremamente promissores




Marina durante 359ª Simpósio da União Astronômica Internacional (Foto: Arquivo pessoal)

Marina Bianchin,  egressa do Programa de Pós-Graduação em Física e do Grupo de Astrofísica da UFSM, recebeu o prêmio The Gruber Foundation Fellowships. O reconhecimento é destinado, anualmente, a jovens cientistas extremamente promissores na área de astrofísica e é financiado pela Fundação Gruber – uma fundação filantrópica que incentiva a pesquisa, premiando pesquisadores em diversas áreas – em parceria com a União Astronômica Internacional (IAU), e consiste em um valor de 25 mil dólares para financiar a pesquisa ou complementação salarial. Este ano, a bolsa foi concedida a três candidatos: Mohit Bhardwaj, da Índia, Pooneh Nazari, do Irã e Marina, sendo ela a primeira brasileira a receber o prêmio desde a sua criação, em 2000.

Marina cursou Física, bacharelado, mestrado e doutorado na UFSM. Formou-se em fevereiro de 2016; no mestrado em 2018; e no doutorado em 2022. Em outubro de 2022, iniciou pós-doutorado na Universidade da Califórnia, em Irvine, nos Estados Unidos. Atualmente trabalha com dados do telescópio espacial James Webb de galáxias luminosas no infravermelho. Sua aproximação com a área da pesquisa se deu em 2012, no primeiro ano da graduação quando foi contemplada com uma uma bolsa de Iniciação Científica. A estudante foi orientada pelo professor Rogemar Riffel, na graduação e no doutorado. Riffel conta que trabalha com Marina desde o início de sua formação e comenta do empenho que sempre teve: “Marina sempre demonstrou muito interesse pelo conhecimento e pela área, buscando se familiarizar com as técnicas e com a literatura específica. Na pós-graduação mostrou uma maturidade científica, comprometimento e um entusiasmo inspirador pela ciência.” diz. 

Marina conta que começou trabalhando com galáxias ativas e usou isso para aprender programação e ferramentas de análise de dados. Depois do primeiro ano de Iniciação científica, ela e Gabriele Ilha, na época, também, graduanda de Física, começaram a analisar os dados de observações no infravermelho da galáxia em interação. Em paralelo, também iniciou o estudo de aglomerados estelares jovens na Via Láctea, sob a orientação da, agora professora da Unipampa, Eliade Lima, que, na época, era pós-doutoranda do grupo. No doutorado, voltou a pesquisar galáxias ativas, focando na região central desses objetos e especificamente tentando entender como o gás se move nessas escalas. 

Toda a formação de Marina se deu na UFSM e, hoje, o vínculo que possui com a Universidade é na participação em projetos com o grupo de astrofísica, que envolvem, principalmente, o telescópio espacial James Webb. A doutora credita sua carreira e posição atual à Instituição, “com certeza eu não estaria onde estou sem a estrutura fornecida pela UFSM”, afirma. Quanto à premiação Marina diz: “eu sou a primeira brasileira a receber esse prêmio, mas ser a primeira brasileira que teve praticamente toda a sua trajetória escolar na rede pública tem um peso ainda maior. Apesar dos constantes ataques e ameaças sofridos pelas instituições públicas de ensino superior no Brasil, a formação é equivalente à obtida por pessoas em grandes centros”. 

Sobre o doutorado

O doutorado de Marina teve o objetivo de estudar os ventos emitidos por Núcleos Ativos de Galáxias (AGNs), determinando suas propriedades físicas e investigando o impacto desses ventos na formação de estrelas e, consequentemente, na evolução de galáxias. Hoje, sabe-se que a maioria das galáxias – inclusive a nossa – possui um buraco negro supermassivo (de milhões a bilhões de massas solares), mas somente em algumas delas, o buraco negro está capturando matéria. Ao capturar matéria, forma-se um disco de acreção – estrutura formada por materiais difusos em movimento orbital ao redor de um corpo central – no entorno do buraco negro que pode emitir grandes quantidades de energia. Esse fenômeno é chamado de Núcleo Ativo de Galáxia. Para descrever a evolução de galáxias, os modelos cosmológicos devem incluir o efeito dos ventos produzidos no disco de acreção, durante as fases em que o buraco negro está capturando matéria. O trabalho da Marina focou em determinar as propriedades físicas dos ventos de gás, que são os ingredientes dos modelos teóricos. 

Marina, também, participou de um projeto que está em execução pelo Telescópio Espacial James Webb (JWST), e atualmente está trabalhando com dados de outros projetos JWST na Universidade da Califórnia.

Texto: Gabriela Leandro e Tatiane Paumam, acadêmicas de jornalismo e voluntárias da Agência de Notícias
Edição: Mariana Henriques, jornalista

Fonte: ufsm.br 

 

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