Objetivo geral Monitorar a evolução da sintomatologia de TEPT, depressão e ansiedade numa amostra de brasileiros, durante a pandemia de COVID-19, e identificar fatores de risco sociodemográficos e relacionados aos traços maladaptativos da personalidade. Objetivos específicos • Identificar padrões de evolução (trajetórias) de sintomas de TEPT; • Documentar e relatar em tempo real a prevalência amostral e gravidade dos sintomas de TEPT no início, durante, e no declínio da pandemia; • Verificar fatores de risco sociodemográficos e relacionados aos traços maladaptativos da personalidade associados às trajetórias de sintomas de TEPT; • Verificar a estabilidade dos traços maladaptativos da personalidade durante a pandemia, ou seja, comprovar que tais traços permanecem estáveis mesmo durante acontecimentos da vida, ou não; • Relacionar a sintomatologia com variáveis atribuídas à exposição ao COVID19, como contato com casos, ter contraído a doença, estar em regiões da alta incidência, estar em quarentena/isolamento social e demais; • Comparar sintomas apresentados por profissionais que não puderam entrar em quarentena durante o período indicado (profissionais de áreas essenciais, como da saúde, limpeza, setor alimentício, setor de entregas, etc), com indivíduos que ficaram em quarentena; • Relacionar crescimento pós-traumático às trajetórias de TEPT e traços de personalidade.
O número de casos de COVID-19 no Brasil está crescendo de forma alarmante e as medidas de contenção da disseminação do vírus já foram impostas em grande parte do país. Espera-se um aumento dos transtornos mentais, principalmente o TEPT, que é comumente associado a outros transtornos, e pode levar ao comportamento suicida, além de causar um grande impacto socioeconômico e para a qualidade de vida.(SHIGEMURA et al., 2020) Dado o atual cenário de pandemia pelo SARS-CoV-2 (severe acute respiratory syndrome virus 2), agente etiológico da COVID-19, bem como medidas de contenção epidemiológica como a quarentena e o isolamento social, é fundamental documentar e avaliar possíveis repercussões psíquicas. Para isso, busca-se registrar tais repercussões na maior quantidade de pessoas possível, de forma segura e acessível. O monitoramento do adoecimento psíquico possibilitará a identificação da demanda por serviços de saúde mental em tempo real. As informações da pesquisa fornecerão subsídios para o planejamento e execução de intervenções. O estudo dos fatores de risco sociodemográficos poderão identificar pessoas mais vulneráveis ao adoecimento psíquico, para a criação de ações direcionadas aos grupos de maior risco. O estudo dos traços de personalidade associados ao risco trará benefícios a longo prazo, ao identificar indivíduos com maior probabilidade de adoecimento psíquico, auxiliando no planejamento de intervenções de reforço da resiliência, em escolas, universidades, e em empresas, por exemplo.
Espera-se demonstrar que existem pelo menos quatro trajetórias de sintomas de TEPT, depressão e ansiedade: pouco sintomática, recuperação rápida de sintomas, aumento gradual, crônico e grave desde o início. Espera-se encontrar fatores de risco associados a variáveis sociodemográficas, relativas à infecção, e traços maladaptativos de personalidade. Espera-se que as trajetórias menos sintomáticas estejam associadas a menor disfunção da personalidade e ao crescimento pós-traumático, 6 meses após o início do estudo.