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O Enade sob o olhar estudantil



Em 2012, no Rio Grande do Sul, dois cursos tiveram a nota do Enade avaliada em conceito 1: Ciências Contábeis, da Universidade da Região da Campanha, em São Borja, e o curso de Jornalismo da Universidade Federal de Santa Maria. 

Segundo a primeira Instituição, o mau desempenho dos alunos na nota da avaliação – que confere o conceito máximo de número 5 – foi resultado direto da falta de professores qualificados, com mestrado e doutorado. Já no caso da UFSM, o baixo rendimento ocorreu devido a um boicote realizado pela maioria dos 22 estudantes da turma de formandos que realizou a prova.

Devido à obrigatoriedade do exame para a obtenção do diploma, os estudantes optaram por assinar a prova e não responder as questões relativas aos conteúdos programáticos das disciplinas de Jornalismo. Como forma de manifesto, os alunos criticavam a forma de avaliação, vista por eles como uma forma genérica e incapaz de determinar a qualidade do curso. 

Cientes de que a visita presencial do MEC às instituições se faz necessária quando a nota do Enade é menor do que 2, com o boicote, os alunos pretendiam mostrar algumas deficiências da estrutura do curso para uma posterior melhoria do currículo e das instalações.

Apesar do boicote ter sido incentivado coletivamente, a iniciativa de resolver ou não a prova ficou a critério de cada um. A então estudante Débora Dalla Pozza respeitou a decisão dos colegas, mas optou por realizar o exame. 

Débora – que, atualmente, participa do colegiado do curso – acredita que é necessário haver uma comunicação maior entre as partes, salientando a importância da participação dos alunos nas instâncias de deliberação e de debate. “O boicote é válido e legítimo, mas acredito que existam ferramentas mais eficazes para a melhoria dos cursos, como a aproximação dos alunos e docentes”, aponta.

Neste ano, o curso de Jornalismo será novamente avaliado pela prova do Enade. A formanda Jéssica Ribeiro irá realizar o exame por acreditar na sua legitimidade. 

Segundo ela, uma nota ruim no Enade marca negativamente a instituição e, consequentemente, os futuros profissionais que dali saem. “Toda forma de avaliação é válida. É uma forma de nos avaliarmos e darmos resposta ao trabalho desenvolvido na Universidade”, afirma Jéssica.

Mais informações na página do Enade/UFSM.

Tainara Liesenfeld, acadêmica de Jornalismo, bolsista da Agência de Notícias

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