No 1º Fórum de Direitos Humanos da UFSM, o movimento LGBTQI+ e a pluralidade que caracteriza o Sul do país são ressaltados em duas mostras fotográficas. As imagens, que estão expostas no hall da Reitoria até esta sexta-feira (7), reforçam temas como igualdade de gênero, sexualidade, etnia e religião.
O arco-íris em evidência
Uma das exposições no hall da Reitoria é organizada com as imagens produzidas pela publicitária Bruna Casser em 2016, durante um trabalho para a disciplina de Comunicação e Cultura do curso de Publicidade e Propaganda. As fotografias realizadas durante a 2ª Parada LGBTQI+ Alternativa têm como objetivo, segundo Bruna, “mostrar para as pessoas um pouco do que vivenciamos naquele espaço, mostrar que existem pessoas por trás de tudo aquilo. Representar isso através da fotografia é uma maneira pura e confortável de registrar o sentimento de liberdade que exala em ambientes que nos sentimos à vontade”.
Mesmo tendo finalizado o ensaio fotográfico em 2016, ano em que a 2ª Parada Alternativa ocorreu, Bruna afirma que seu trabalho ainda se faz relevante devido “às pessoas que conhecemos, suas histórias e suas lutas”. Para ela, é necessário representar a comunidade LGBTQI+ e lutar contra o preconceito e a repreensão. “Esse trabalho se apresenta em um momento em que só unida é que uma minoria percebe sua grandeza”.
O Sul como pano de fundo
Na segunda exposição do 1º Fórum de Direitos Humanos da UFSM, o público pode conferir imagens de pessoas que integram o universo da educação básica e universitária. O projeto fotográfico Regionalidades do Sul: Protagonismo Biográfico e Narrativas de Vida no Universo Acadêmico é coordenado pelo professor Jorge Luiz da Cunha e faz parte do Núcleo de Estudos sobre Memórias e Educação (CLIO) da UFSM, originado a partir de uma experiência realizada pela Professora Joana Elisa Röwer, da Universidade Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira (UNILAB).
Um dos objetivos do projeto de extensão é questionar a identidade gaúcha construída a partir da década de 1950. Para Jorge Cunha, a imagem antiga que se tem não corresponde à diversidade de existências individuais, sociais, culturais e políticas pertencentes ao extremo sul do Brasil. “Cada um é cada um e é nessa consciência de diversidade que podemos construir estrategicamente alternativas de viver juntos em igualdade e reconhecimento”, afirma ele.
Impressas em tecido, as dezesseis imagens que compõem a exposição mostram os rostos dos entrevistados para contar suas experiências e trajetórias, além de citações de cada um. Para o docente, o público deve enxergar a subjetividade das respostas: “a interpretação do dito ou do escrito deve ser mais do que uma interpretação pura daquilo que originalmente o narrador quis dizer”. Entre as diversas frases apresentadas, questões de gênero, sexualidade, etnia e religião se destacam. O coordenador diz que esse “é um tipo de registro que estimula sentidos e aprofunda nossa reflexão sobre a diferença do outro e a nossa”.
Reportagem: Paulo César Ferraz, acadêmico de Jornalismo
Edição: Luciane Treulieb, jornalista
Fotografia: Rafael Happke
Fonte: Revista Arco