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1ª Parada do Orgulho UFSM celebra a diversidade na academia



A Universidade Federal de Santa Maria, referência em ensino, pesquisa e extensão, teve, na tarde do último sábado, 29, a sua primeira Parada do Orgulho. O evento, aberto ao público, foi realizado no campus de Santa Maria. A iniciativa surge para visibilizar a comunidade LGBTQIAPN+ presente nas universidades federais, ressaltando a construção e divulgação da ciência no Brasil. 

A Parada também marcou o encerramento do Mês do Orgulho LGBTQIAPN+ 2024. O evento, organizado pela Casa Verônica, contou com DJs, apresentações, mostras, feiras e atividades esportivas e educacionais. O espaço foi um momento de lazer e de descontração para casais, famílias e amigos, que se reuniram para colorir o campus de amor. 

Fazer parte da história

O departamento de História da UFSM esteve presente com dois projetos no evento. A ação “Nosso amor tem história”, organizada pela professora e coordenadora do Grupo de Estudos e Extensão Universidade das Mulheres (GEEUM@), Nikelen Witter, trouxe uma exposição que resgata fotos e cartas de amor de outras épocas, desmistificando o pensamento de que em outros tempos este tipo de relação de amor não existia. “Porque existia, mas ficava escondido… e muito”, salienta.

Na Parada do Orgulho deste sábado, o público teve a oportunidade de conhecer a existência de diversas formas de amor e suas histórias. Para montar a ação, integrantes do grupo traduziram cartas de amor de outros países – em sua maioria recolhidas nos Estados Unidos, já que, de acordo com a professora, existem poucos materiais semelhantes no Brasil ou em língua portuguesa. Além disso, Nikelen afirma que durante a pesquisa se percebeu a existência de muitos registros de materiais escritos por homens, uma vez que textos de mulheres não costumavam ser guardados. 

Para a professora, a iniciativa mostra os finais felizes roubados ou concretizados que estão presentes nestes materiais, sensibilizando o público mais velho para que vejam seus pais e avós nas imagens, já que cartas traduzidas foram escritas a partir do século 20. A ação ainda deixou marcado na história os amores que passaram pelo evento, oferecendo sessões de fotos instantâneas (polaroide) de casais. Essas que ficaram em exibição no mural, juntamente às demais.

Outro projeto apresentado pelo departamento foi organizado pelo Diretório Acadêmico da História (Daquipalm), que levou ao público  o mural “Direitos LGBT ao longo da história”. Conforme a representante Rosa Maria Bernardoni, a iniciativa é ser um informativo resumido sobre os direitos das pessoas LGBTQIAPN+ desde a antiguidade até os dias de hoje. O mural ainda traz personalidades da comunidade que fizeram história ao longo dos anos. 

Rosa acrescenta a importância do momento para “colorir” a universidade e para que a comunidade tenha ciência de seus direitos. “Você precisa conhecer os seus direitos e o tempo que demorou para você ser respeitada. É necessário dar valor àqueles que passaram antes de nós. Hoje, eu posso usar uma saia porque alguém morreu (por usar saia) antes de mim”. 

Feira LGBTQIAPN+

Durante a Parada do Orgulho da UFSM, Casa Verônica também realizou a 2ª Feira LGBTQIAPN+, que contou com a participação de mais 15 pessoas expositoras. A Feira, realizada desde 2023, ressalta a produção artesanal de pessoas que integram a comunidade, incentivando a geração de renda e a visibilidade das produções. 

Stefania Gorski e sua namorada, Marcele Marin, estiveram presentes expondo produtos artísticos criados por elas. Para Stefania, a Parada, além de dar visibilidade à comunidade LGBTQIAPN+, é um espaço de acolhimento e de compartilhamento de conhecimentos. Enquanto feirante, ela acredita que o momento serve como um espaço para valorização do seu trabalho, já que “trabalhar com arte sendo LGBT+ é um processo que está integrado. E a nossa arte passa uma mensagem da natureza por meio de questionamentos, então as pessoas que se conectam conosco já têm um olhar mais aberto e não vêm com esse tom de preconceito ”, afirma. 

Já Marcele acredita que essa ocupação do campus, de maneira pública, faz com que os estudantes LGBTQIAPN+ da UFSM ganhem visibilidade em Santa Maria. “Mesmo que as pessoas tenham algum estigma sobre a Parada do Orgulho, agora têm a oportunidade de estar aqui, junto com a comunidade participando”.

Flávia Trevisan também marcou presença no evento. A estudante de Artes Visuais, que levou suas obras para venda, comenta que “poder mostrar que a gente tem direito de ocupar esses espaços, tanto quanto outras pessoas” é fundamental. Segundo Flávia, trazer seu trabalho para um público que a representa e pensa da mesma forma que ela, apreciando a arte, é gratificante.

Apoios que transformam

O Programa de Educação Tutorial (PET) – Educação Física, que é parceiro da Casa Verônica, também fez parte do evento. Luísa Mazzarino, bolsista do PET e coordenadora do Diversifica (atividade vinculada ao PET), explica que o grupo tem promovido eventos voltados à diversidade abordando questões sociais, de gênero e sexualidade. Luísa acrescenta que momentos como a Parada são mais do que necessários para se sentir pertencente à universidade, auxiliando no processo de permanência estudantil. “Estar em um lugar novo é assustador, mas quando o lugar te acolhe fica mais fácil”, completa.

Um espaço de lazer e de luta

A Parada do Orgulho UFSM, além de ser uma oportunidade de recordar a luta da comunidade LGBTQIAPN+ ao longo dos anos, também foi um espaço de lazer, acolhimento e memórias. Pedro Santiago, estudante de Agronomia, devidamente trajado com a bandeira da comunidade, conta que sua ida ao evento foi para aproveitar o momento. Para ele, essa é uma forma para que as pessoas possam enxergar o movimento e entender a importância que ele tem na universidade.

Isma Lisot marcou sua presença na Parada com uma performance artística. A jovem afirma que em suas apresentações busca trazer representatividade para a comunidade trans, e principalmente utilizando músicas produzidas por pessoas trans. 

Mas não foram apenas os jovens que participaram do evento. Luiz Carlos dos Santos Rodrigues e Aldoir Moraes também foram até à universidade para celebrar o dia e visualizar como está, atualmente, o movimento do qual Luiz foi pioneiro em Santa Maria. Os dois, que viveram a juventude na época da ditadura, afirmam ser bom ver a nova geração engajada na causa, tendo mais liberdade para debater essas questões dentro da própria UFSM.

Luiz afirma que, apesar das mudanças sociais dos últimos anos, o discurso continua o mesmo, e, por isso, é importante “ter essa diversidade presente, para além de desmistificar os preconceitos”, porque “a sociedade tem uma certa resistência em aceitar as pessoas da forma que elas são e se acha no direito de decidir como os outros devem ser”. Ele reitera que a questão principal não é apenas “aceitar” a comunidade LGBTQIAPN+, mas respeitar: “não adianta eu te aceitar e não te respeitar”.

Aldoir faz parte do movimento LGBTQIAPN+ há anos e diz que foi à Parada para ver amigos antigos que também participaram. Ele conta ter cursado sua graduação no âmbito das Ciências Rurais, e que, na época, as pessoas do Centro tinham muito preconceito com a comunidade. 

Luiz e Aldoir eram amigos de Verônica de Oliveira, cujo nome é símbolo de resistência e escolhido pela comunidade para nomear o espaço de acolhimento às pessoas em situação de violência de gênero na UFSM – a Casa Verônica da UFSM, organizadora da Parada. O evento também serviu para relembrar a Luiz e Aldoir momentos com a amiga, que descrevem como uma pessoa maravilhosa e que deixou marcas de sua bondade por onde passou.

Texto: Júlia Petenon, estagiária de jornalista da Casa Verônica

Fotos: Diogo Castilhos, bolsista de comunicação da Casa Verônica

Edição: Wellington Hack, jornalista da Casa Verônica

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