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Coletivo VOE apresenta primeiros dados de relatório sobre LGBTfobia em Santa Maria



Em 2015, a Organização das Nações Unidas (ONU) reconheceu o Brasil como um dos poucos países no mundo em que o governo apresenta informações anuais relacionadas à violência por homofobia. Embora não existam pesquisas feitas a nível federal (organizações sociais reúnem os dados), sabe-se que nosso país apresenta situação preocupante em relação a violências contra a população LGBT. Segundo pesquisa feita pela ONG Grupo Gay da Bahia, fundada em 1980, a cada 20 horas, um(a) LGBT morre no Brasil por ser LGBT – ou seja, por conta da LGBTfobia. No ano de 2017, houve um aumento de 30% nesses índices, e agora, em 2019, o número de homicídios novamente registrou crescimento de 10,1% no país.

Quando comparado a situação do Estados Unidos, por exemplo, as trans brasileiras correm um risco 12 vezes maior de sofrer morte violenta, segundo dados de um levantamento que aponta o Brasil como o país que mais mata pessoas trans. O Relatório Mundial da Transgender Europe mostrou que, de 325 assassinatos de transgêneros registrados em 71 países nos anos de 2016 e 2017, 52% dos casos ocorreram em território brasileiro. No último dia 07 de setembro, duas mulheres trans foram mortas em menos de 24 horas em Santa Maria.

É diante dessa realidade que se levantam movimentos em busca de melhores condições para a classe LGBT.

Ato realizado em protesto pelo movimento LGBT em Santa Maria contra a transfobia. Imagem: Coletivo Voe

Em atuação na cidade de Santa Maria, o Coletivo Voe é um grupo de ativismo LGBT, criado em 2011, que luta contra o machismo, o racismo e qualquer forma de opressão contra as identificações não heterossexuais ou não cisgêneras. Tais como a homofobia, a lesbofobia, a bifobia e a transfobia. Dentre suas atividades no município, o Voe promove debates, aulas públicas, palestras, festas, espaços de formação, rodas de conversa e a Parada LGBT Alternativa de Santa Maria. A última atividade mencionada, será realizada em sua quinta edição no dia 4 de outubro de 2019, e já conta com eventos para ajudar a arrecadar fundos.

Recentemente, o Voe liberou os primeiros dados de uma pesquisa sobre casos de violência motivados por LGBTfobia em Santa Maria entre 2018 e 2019, mais um passo em seu protagonismo dentro da militância no município. A iniciativa veio em resposta a falta de dados referente ao tema, que tem como consequência a ausência de políticas públicas efetivas, e pela motivação da Comissão Especial da Assembleia Legislativa Gaúcha sobre violência contra a população LGBT. A pesquisa ainda está em andamento, e pretende tirar a invisibilidade de um assunto que consideram de extrema relevância.

A campanha foi lançada no dia 29 de maio e a coleta de relatos continua até dezembro de 2019. No primeiro mês, o questionário obteve 53 respostas, nas quais 63 casos foram relatados. Confira alguns dados:

A maioria das respostas foram de mulheres que se identificam como cisgênero, ou seja, cujo gênero corresponde ao sexo biológico atribuído no nascimento.

Em relação à idade, jovens entre 18 e 25 anos de idade predominam.

Quanto à orientação sexual, gays, seguidos de lésbicas e bissexuais compreendem quase 88,7% dos participantes.

Os brancos somam 79,2% dos respondentes.

A renda familiar mensal apresenta certo equilíbrio, mas com destaque para o intervalo entre 1 e 3 salários mínimos.

Em relação às crenças, 54,7% declara não ter religião definida.

O nível de escolaridade predominante consta como de ensino superior incompleto.

Os relatos mostram que a maioria das violências ocorridas foram em via/logradouro público (35%) e no lar, ou seja, no local onde reside (21,67%).

O tipo de violência mais corriqueiro foi a agressão verbal e a psicológica, entretanto casos de abuso sexual e tentativas de homicídio também foram relatados. Em 42,8% dos casos, houve mais de um tipo de violência no mesmo episódio.

A pesquisa ainda revela que 46% das vítimas dizem conhecer o agressor, que em 95% dos casos não foi realizado um boletim de ocorrência e apenas 26% conseguiram alguma ajuda após o ato de LGBTfobia. 

Imagem: Coletivo Voe

A pesquisa será finalizada ao fim do ano de 2019, quando será disponibilizado o relatório final do trabalho. Se você é LGBT e já sofreu algum tipo de violência por ser LGBT na cidade de Santa Maria (RS), entre os anos de 2018 e 2019, faça seu relato ao Coletivo Voe por aqui.

Lucas Felipe da Silva

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