O surgimento inesperado da pandemia de Covid-19, doença causada pelo novo coronavírus, a partir de março deste ano, ocasionou uma série de necessárias medidas de prevenção, sendo o distanciamento social a principal delas. Tais medidas levaram a uma paralisação quase total de atividades presenciais em várias instituições, incluindo a Universidade Federal de Santa Maria. Dentre essas atividades, estão as realizadas pelos nove grupos incubados na nossa Incubadora Social. Alguns desses grupos tiveram suas atividades bastante impactadas pela pandemia, mas nem por isso deixaram de promover ações, projetos e oficinas dentro de seus eixos de atuação.
É o caso da Associação de Arte e Cultura Negra Ará Dudu. Formada por uma equipe majoritariamente negra, o grupo trabalha com a construção e a promoção tanto da arte quanto da produção cultural negra em Santa Maria. Inicialmente um coletivo, o grupo se tornou uma associação, em 2017, ao ingressar na Incubadora Social. Antes mesmo da pandemia, a .associação, além das rotineiras produções ligadas ao artesanato e à produção cultural, já estava desenvolvendo uma ação muito especial: o Projeto Obirin “Feminina Moda Negra”. Voltado para a exaltação da moda afro, o projeto buscou a capacitação de 50 mulheres, através de cursos de corte, costura e modelagem. Com as restrições impostas pela chegada da pandemia, a associação precisou interromper as atividades presenciais do projeto, mas logo as continuaram de forma online, o que possibilitou a confecção de diversas peças de vestuário e acessórios afro.
No último dia 25 de julho, a Associação divulgou, em comemoração ao Dia da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha, a primeira parte de um documentário, no qual foi mostrado o processo criativo do Projeto Obirin “Feminina Moda Negra”, além de um desfile com as peças e os acessórios produzidos pelas participantes durante a capacitação. O projeto, em parceria com Ilê Axé Omin Orun (Ase Leme), contou com o apoio do Fundo Elas de Investimento Social, da Laudes Foundation e da Incubadora Social da UFSM. Segundo a associação, “obirin” é uma palavra africana de origem Yorubá, que significa “feminina”, e “essa feminilidade dá nome a este projeto já como um meio de ligação e de empoderamento mútuo das jovens e mulheres que, em forma de rede, aprendem umas com as outras e se fortalecem construindo autonomia em todas as dimensões de suas vidas”. As atividades foram realizadas no Centro Cultural Ase Leme, localizado na Comunidade do Beco da Tela, e na Antiga Reitoria da UFSM, onde, além dos cursos de capacitação, as participantes tiveram apoio jurídico e psicológico. O documentário pode ser conferido no canal no YouTube da Associação.