Com a intenção de ampliar o conhecimento de crianças e adolescentes sobre seus corpos e suas sexualidades, o Blitz da Saúde na Escola oferece aulas de educação sexual em instituições santa-marienses. O projeto é uma parceria da Liga Acadêmica de Saúde da Mulher (LiASM) e do Núcleo de Estudos em Medidas e Avaliação dos Exercícios Físicos e Saúde da UFSM (NEMAEFS). Entre os membros da equipe estão estudantes dos cursos de Fisioterapia, Enfermagem, Medicina e Educação Física, orientados pelas professoras Luciane Sanchotene, Melissa Medeiros Braz e Ângela Zanella. O Blitz realiza atividades para proporcionar instrução às crianças e adolescentes sobre sexualidade, métodos contraceptivos e proteção contra ISTs.
Blitz da Saúde na Escola e o projeto Proação
O Projeto Blitz da Saúde na Escola tem sua origem no Projeto Proação, que desde 2017 realiza avaliações antropométricas em estudantes de Santa Maria a fim de acompanhar o desenvolvimento dos jovens. Durante as atividades do Proação, a professora Luciana, juntamente com a estudante e co-orientadora Ivana Camargo, observou a necessidade de adicionar ações de educação sexual ao projeto. Assim, as aulas foram inseridas em 2022, para proporcionar instrução às crianças e adolescentes na Região. “As pessoas não sabem fazer sexo seguro, não sabem se cuidar. Isso é uma falha que vem do ensino básico, quando estão começando a desenvolver um interesse pela relação sexual, por outras pessoas”, relatou a estudante da Pós-Graduação em Fisioterapia, Ivana Camargo.
Ivana também explica que a equipe esclarece para as instituições sobre qual é a intenção do projeto. “A gente deixa bem claro que educação sexual não é ensinar a fazer sexo, mas sim instruir, para quando acontecer a relação, eles estarem preparados e informados sobre ISTs, gravidez, e não terem nenhum problema”, disse Ivana. Além de informações sobre proteção e contraceptivos, o Blitz também discute junto aos alunos sobre os limites e o respeito sobre o seu corpo e o corpo do outro. Durante as palestras, o grupo ensina aos jovens a importância de vocalizar o “não” em momentos em que não se sentirem confortáveis e também informa como a pressão externa para ter relações pode ser prejudicial. Os estudantes também são instruídos sobre como buscar ajuda, caso se deparem com uma situação de perigo, em Unidades de Saúde Básica e Delegacias próximas à instituição de ensino.
As ações do projeto não são benéficas apenas para os jovens, elas também são uma forma de instruir os professores e tutores sobre como abordar o assunto com crianças e adolescentes. Ivana relata que, na visita do projeto ao Colégio Fátima, os professores salientaram como a ação havia sido esclarecedora para eles. “E isso mostrou para os alunos que eles também estavam dispostos a conversar sobre isso na sala de aula, deu abertura”, explicou a co-orientadora. A equipe utiliza uma linguagem acessível para os jovens, como forma de captar a atenção dos estudantes, e também se informam com os professores sobre casos de IST ou gestação na escola, para tratar do assunto dentro da realidade dos alunos.
A equipe do Blitz é formada por alunos de Fisioterapia, Enfermagem, Medicina e Educação Física, que podem ingressar no projeto a qualquer momento da graduação. Os acadêmicos têm a oportunidade de entrar em contato com o público, o que não é comum durante os primeiros semestres em cursos da saúde. “Nós, da Liga e do Núcleo, acreditamos que a gente precisa desenvolver essas habilidades, de falar em público, aprender a se expressar, fazer uma apresentação”, relatou Ivana. Para também desenvolver a pesquisa científica, a equipe está planejando a apresentação de dois relatos de experiência, de atividades já realizadas, na Jornada Acadêmica Integrada, que acontece entre os dias 23 e 27 de setembro.
Graduada em Fisioterapia em 2023, Ivana é uma das autoras do projeto e hoje, como estudante da Pós-Graduação, atua como co-orientadora do Blitz. Ela relata que a sua experiência trabalhando com crianças e adolescentes é totalmente positiva: “Eu já tenho facilidade de lidar com adolescentes, de falar em público, e eu tento passar isso pro resto da equipe. A cada nova atividade, é uma experiência nova que a gente adquire”. Ivana também conta que antes de ministrar sua primeira aula de educação sexual, não imaginava que um profissional da saúde pudesse atuar dentro da escola, mas que, hoje, espera seguir na área em sua carreira profissional.
O Blitz hoje
Até agora, o Projeto já realizou três ações presenciais, em instituições de ensino e de apoio na cidade de Santa Maria, e mais três atividades desenvolvidas de forma online. Neste segundo semestre, o Blitz espera realizar uma atividade a cada 15 dias, em diferentes instituições. A equipe também está trabalhando na produção de folders, para divulgação do projeto, e materiais com instruções sobre como usar preservativos corretamente. Os materiais devem ser entregues aos alunos, durante as atividades, e serão disponibilizados às instituições de ensino.
Atualmente, o Blitz está planejando uma ação voltada à disponibilização de caixinhas de preservativos nas escolas. Ivana explica que o projeto vem encontrando resistência das instituições, que acreditam que a caixinha pode se tornar uma brincadeira entre os alunos. “A gente tenta explicar que não tem problema, desde que eles tenham acesso de forma direta, sem precisar pedir para um professor, ou para um colega. Assim, a gente evita transtornos”.
Mais informações sobre o Blitz da Saúde na Escola e suas atividades podem ser encontradas nas redes sociais do projeto, @blitz.educacaosexual, ou através do e-mail: blitzdasaudees.ufsm@gmail.com.
Texto por: Luísa Monteiro – Bolsista de Jornalismo da Subdivisão de Divulgação e Eventos
Fotos: Acervo do Projeto Blitz nas Escolas
