Você provavelmente cresceu ouvindo a Xuxa cantar “quem quer pão?”. Mas, quando chegou na vida adulta, deparou-se com as pessoas afirmando que não se deve comer pão porque engorda. Se seu mundo estava triste por isso, a Pró-Reitoria de Extensão (PRE) traz uma boa notícia: comer pão está liberado, mas moderadamente.
Isso não somos nós que afirmamos, mas a nutricionista e professora da UFSM Palmeira das Missões, Vanessa Ramos Kirsten, que abriu o I Ciclo de Palestras sobre agroecologia, promovido pelo projeto de extensão Fiat Panis da UFSM Frederico Westphalen. De acordo com ela, a alimentação saudável envolve muito mais que deixar simplesmente de comer algo, relacionando-se com a origem dos alimentos e a forma como os consumimos.
O evento, realizado no Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Frederico Westphalen, contou com a participação da comunidade local, representantes de instituições relacionadas a agricultura e com a Associação de Produtores Orgânicos do município, que realizou uma feira no local. O I Ciclo de Palestras Fiat Panis foi uma ação de extensão alusiva ao Dia Mundial da saúde, comemorado no último dia 07/04.
Entre temas destacados na sua palestra, a professora Vanessa abordou a relação entre doenças crônicas e alimentação. Ela lembrou que, entre as enfermidades que mais matam no Brasil, muitas estão relacionadas com os maus hábitos alimentares, como a diabete e os problemas cardíacos. A professora também lembrou do papel do poder público na construção de políticas para prevenir e controlar tanto as mortes quanto o aumento de número de casos dessas doenças.
“A gente vem tendo uma melhora muito grande nas políticas públicas relacionadas à alimentação. Como exemplo, podemos citar o programa de alimentação escolar do Brasil, o maior do mundo, que determina um percentual de alimentos que precisam ser oriundos da agricultura familiar. Além desse, temos a lei das cantinas, que está sendo implantada em quase todo país; o programa saúde na escola e a publicação do guia alimentar. Entretanto, mais que conscientizar a população sobre esse tema, é preciso que haja espaço para a alimentação saudável”, finaliza Vanessa.
A segunda palestra do evento foi conduzida pelo professor Igor Senger, docente do Departamento de Engenharia Ambiental da UFSM FW e atual vice-diretor do campus. Abordando questões relacionadas a comercialização de alimentos, o professor Senger abordou como a obesidade relaciona-se ao nosso ritmo de vida moderno e como está havendo um movimento para a alimentação mais saudável.
Para o zootecnista boliviano José Manuel Palazuelos Bollivian, é fundamental a Universidade sair de seus portões e debater com a comunidade para que ambas adotem uma postura mais reflexiva. Para ele, a construção de uma nova sociedade dá-se através do diálogo entre a Comunidade e a Academia. “Trazer essas questões sobre alimentação e produção agroecológica faz-nos questionar nossos modelos e nossas tradições que, de alguma forma, devem se fortalecer em alguns aspectos e provocar mudanças em outros”, comenta Bollivian.
Atualmente residindo em Frederico Westphalen, o profissional lembra que o Fundo das Nações Unidas para Alimentação (FAO) reconhece a agroecologia como o futuro da agricultura. De acordo com Bollivian, no modelo agroecológico, “a ruralidade deixa de ser entendida apenas como uma oportunidade de negócio para as empresas e passa a ser vista como forma de construção de uma sociedade rural, que contribui para o desenvolvimento local”.
Universitários, vamos evoluir do pão?
Tudo bem que dissemos acima que comer pão, moderadamente, está permitido. Mas nem só de pão vive o universitário, não é mesmo? E não é para substituir ele por miojo, por exemplo. É para comer alimentos saudáveis junto com o pão. E, antes que você diga que não tem tempo ou que alimentação saudável é cara, já fizemos essa pergunta à professora Vanessa.
“Quando o jovem reclama da falta de tempo, ele precisa se organizar, sempre digo que a família também precisa organizar sua alimentação. Ao comprar um cacho de banana, por exemplo, eu garanto um lanche na semana. Também é preciso fortalecer as ações que têm dentro da universidade, como as feiras, e não pensar nelas como algo de avó ou mãe, mas apropriar-nos deste movimento que traz alimentos mais saudáveis para perto da gente”, responde a professora.
Além disso, para os universitários da UFSM, a alimentação saudável custa R$ 2,50. “A UFSM é a universidade que tem o maior subsídio alimentar para os estudantes e nele fornece café da manhã, almoço e janta. Se o estudante realizar essas três refeições dentro dos Restaurantes Universitários, ele vai ter uma refeição de qualidade, porque são oferecidos alimentos bem naturais ali”, finaliza.
Wellington Felipe Hack
Núcleo de Divulgação Institucional