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Reconstrução RS: projeto da UFSM leva soluções em comunicação para empreendedores da Quarta Colônia

Projeto foi selecionado no primeiro edital do Território Imembuy.



No fim de tarde de uma sexta-feira, a professora Juliana Petermann se deslocou até o nono andar da Reitoria da UFSM, onde marcamos para nos encontrar para uma conversa sobre o 4C, projeto de extensão laboratorial coordenado por ela e focado na produção de marcas para pequenos empreendimentos da Quarta Colônia. A professora, que encaixou a entrevista em meio à docência, coordenação do Programa de Pós-graduação em Comunicação e vida pessoal, iniciou a conversa com uma informação notável: desde sempre, ela tinha o objetivo de “fazer diferença na vida das pessoas”.

Residente de Silveira Martins, Juliana viu a sua ligação com a Quarta Colônia se fortalecer durante a pandemia. No momento, ela estava em pós-maternidade e em isolamento, o que permitiu o estabelecimento de um vínculo com a localidade e a concepção de ideias de como impacta-la positivamente no futuro. A docente identificou o potencial dos produtos e serviços da região, mas notou a necessidade de identidades visuais mais atrativas e alinhadas aos padrões comunicacionais. Assim, com o lançamento do edital de fomento a projetos de extensão, o 4C ganhou o seu momento de sair do papel, unindo o desejo de transformação social da docente com a sua expertise de quase 20 anos na área da comunicação.

Equipe durante curso para micro-empreendedores da Quarta Colônia.

Firmado em 2021, o projeto se fundou em quatro palavras iniciadas com a letra C, que, logo, originaram seu nome: caminhos, comunidade, colônia e criatividade. A simplicidade sempre foi sua marca registrada, o que, após quatro anos, permitiu seu reconhecimento dentro da comunidade universitária. Nesse contexto, o projeto passou a participar do currículo prático do curso de Publicidade e Propaganda, durante as disciplinas de “Gerenciamento de Marcas” e “Agência Experimental”. Nelas, os graduandos têm contato com demandas concretas de criação publicitária, retiradas do contexto do projeto; assim, desenvolvem projetos de marcas, entregando um produto único e completo, com manual de uso e possíveis aplicações, como em camisetas e souvenirs.

Além das práticas em sala de aula, o projeto também realiza eventuais atividades no Espaço Multidisciplinar de Pesquisa e Extensão da UFSM, em Silveira Martins. Elas, organizadas como oficinas e mini cursos, abordam conhecimentos específicos sobre a manutenção das identidades visuais e sobre comunicação, o que incentiva a autonomia e confiança na implementação e gestão das marcas pelos produtores.

Comunicação que transforma – em duas vias

Uma das marcas do projeto, em trocadilho não literal, é a possibilidade de trocas entre os estudantes, os empreendedores e os outros membros do processo de produção. Durante as disciplinas, os estudantes recebem briefings (o conjunto de ideias do cliente para a marca, que é utilizado como recurso na produção pelo publicitário) para trabalhar, contando com apoio de membros da pós-graduação para orientações.

Equipe durante planejamento de ações.

“O processo de produção é coletivo”, destaca a professora Juliana. Nas aulas, os estudantes, munidos dos briefings e das orientações, constroem as marcas conjuntamente com os clientes, entendendo e incluindo saberes que contribuem para o resultado final que represente fielmente a qualidade do produto e a história que ele carrega. Essa abordagem é interessante pois, segundo a professora, “a universidade não sabe de tudo” – essa noção, advinda da extensão, permite trocas de conhecimentos, experiências e aprendizados mútuos, sem julgamentos ou hierarquias, o que é enriquecedor para os estudantes e para os clientes.

O momento da entrega das marcas finalizadas é outro destaque. Segundo a professora, é nesse dia que a relação entre todos os envolvidos se concretiza. As apresentações são realizadas de forma presencial, com o encontro dos agentes, que compartilham suas intenções, percepções e valores associados à marca recém-nascida. É um momento que estreita os laços entre a universidade e a comunidade de forma muito singular.

Uma marca desenvolvida pelo projeto que se tornou uma espécie de case de sucesso é o Sr. Dino. A empresa, sediada na cidade de Agudo, comercializa réplicas de cinco dinossauros encontrados no município, além de kit de escavação, jogo da memória, quebra-cabeças, kit de anotações com bloco, lápis e caneta, etc. Os materiais podem ser conferidos no Instagram da empresa, @srdinoagudo.

“Marcas têm grande valor de transformação”

Cumprindo seu objetivo de fazer diferença, Juliana foca as atividades do projeto naqueles que, normalmente, não teriam condições de investir no desenvolvimento de uma marca. Entendendo que essa realidade é majoritária, a professora prioriza a seleção de microempresas e agroindústrias, que empregam até nove pessoas. A seleção das empresas é feita por meio de edital lançado anualmente. O edital de 2024 está com inscrições abertas até o dia 02 de setembro.

Equipe se reune focando conhecimentos diversos para potencializar Quarta Colônia.

Ela destaca o potencial que uma marca sólida traz para os empreendedores e, logo, para a região, aumentando, por exemplo, o turismo. Esse contexto de transformação local, aliás, é um dos objetivos secundários do projeto, que, para o futuro, pensa em expandir a área de abrangência para todo o território dos Geoparques, de forma a unificar o potencial turístico do Rio Grande do Sul. Pensando nisso, o projeto tem se alinhado cada vez mais a iniciativas focadas no desenvolvimento regional, como o Conecta, do Distrito Criativo, e o Fórum de Extensão, da própria UFSM. Além desses, o projeto foi contemplado no edital do Território Imembuy, uma nova proposta de desenvolvimento regional para os municípios do centro gaúcho.

Desde o início da atuação do projeto, mais de 20 empresas já foram auxiliadas na criação e gestão de suas marcas, o que resulta em um impacto positivo difícil de medir – não que Juliana não esteja interessada em fazê-lo. De forma animada, ela me contou na entrevista que um dos próximos passos do projeto será no caminho da pesquisa, para capacitar no mapeamento das empresas e aprimorar os serviços prestados. Esse caminho foi acelerado pela Calamidade Pública de maio, que impactou diretamente muitos produtores ligados ao projeto – ter dados sobre isso é vital para mapear os próximos passos, e esse é objetivo do 4C para o futuro.

As atividades do projeto podem ser acompanhadas no Instagram, @4clabdemarcas.

Texto: Pedro Souza, da Subdivisão de Divulgação e Eventos da PRE

Revisão: Melissa Martini, da Subdivisão de Divulgação e Eventos da PRE

Imagens: Acervo do projeto 4C

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