Nos primeiros dias do mês de maio, o Estado do Rio Grande do Sul se viu diante de uma crise climática sem precedentes. De acordo com o Instituto de Pesquisa Aplicada (IPEA), 484 municípios foram afetados pelas fortes chuvas. Dentre eles, a cidade de Santa Maria, no coração do Estado, que contabilizou em torno de 130 deslizamentos de terra.
Em razão disso, muitas famílias tiveram que sair de suas casas, se mudando temporariamente para abrigos. Essa situação impactou principalmente as crianças, que passaram a ter que lidar com mudanças na rotina estando em um ambiente desconhecido. Buscando diminuir o impacto desses acontecimentos na vida dos pequenos, nasceu o “Coletivo Fluir: territórios educativos intersetoriais de ações e políticas em defesa das crianças”, grupo formado por 72 pessoas, entre alunos e professores da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM).
A iniciativa é organizada de forma coletiva, na qual todos participantes têm voz ativa e ajudam na organização das atividades em prol de um mesmo objetivo: proteger crianças em situação de vulnerabilidade.
Conversamos com as professoras responsáveis pelo projeto, Taciana Segat, Aline Siqueira, Fabiane Romano e Graziela Escandiel , sobre o desenvolvimento das ações que vêm sendo realizadas desde maio. A professoras contam que a ideia surgiu com o intuito de auxiliar as crianças que estavam desabrigadas devido às enchentes. Elas mencionam que, junto de outras professoras e alunas, foram aos abrigos da Igreja Santa Catarina e da Associação Beneficente Antonio Mendes Filho dos Servidores de Nível Médio da Brigada Militar e Corpo de Bombeiros Militar do RS (ABAMF), que estavam acolhendo muitas pessoas. Uma das preocupações iniciais das coordenadoras era propiciar um ambiente seguro para aquelas crianças, já que havia uma grande circulação de indivíduos naqueles locais. Com isso, eram feitos territórios (conjunto de atividades sobre determinado assunto) para que as crianças pudessem brincar e se distrair da realidade vivenciada por elas naquele momento.
Quando a situação das chuvas foi amenizada e as pessoas puderam deixar os abrigos, o projeto continuou. Agora, os territórios acontecem nas salas de aula de duas escolas municipais: EMEI Montanha Russa e EMEF Chácara das Flores.
Nas salas de aula, são feitas atividades utilizando conteúdos estudados pelas crianças, principalmente relacionados à natureza.
O Coletivo Fluir tem, em sua metodologia, o desenvolvimento de três territórios educativos intersetoriais, são eles:
- Crianças, famílias, escola e comunidade local;
- Formação da comunidade escolar;
- Gestão educacional e políticas públicas;
Dessas, apenas a terceira ainda não foi posta em prática, o que será feito no próximo ano junto à ampliação no atendimento para cinco escolas de Santa Maria.
As professoras destacam a importância dos projetos de extensão para conectar a Universidade com a comunidade geral: “Com o projeto, começamos a fazer algumas conexões e trazer para cá algumas pessoas que não nos acessam enquanto Universidade. Essas aproximações são super interessantes porque essa é a função da extensão, conectar a sociedade com a graduação e a pós-graduação.”
Para participar do projeto ou conhecer mais, é possível contatar participantes e coordenadoras na sala 3182 do Centro de Educação (CE), prédio 16.
Texto: Myreya Antunes, da Subdivisão de Divulgação e Editoração da PRE.
Revisão: Catharina Viegas de Carvalho, Subdivisão de Divulgação e Editoração da PRE.
Imagens: Acervo do projeto