Expandir e modernizar a infraestrutura e a tecnologia de fornecimento de energias sustentáveis; facilitar o acesso e a pesquisa tecnológica em energia e em combustíveis limpos; aumentar a participação de energias renováveis na matriz energética global; e assegurar o acesso universal, confiável, moderno e a preços acessíveis aos serviços de energia. Essas são as metas do Objetivo de Desenvolvimento Sustentável n. 07, da Agenda 2030. O documento, ao qual o Brasil é signatário, visa a construir um mundo mais sustentável e desenvolvido até a próxima década, estabelecendo relações de cooperação entre nações, sociedade e natureza.
Embora pareça, em um primeiro momento, que esse ODS trate apenas da produção de energia elétrica, incentivando a transição de modelos energéticos não-sustentáveis – como termelétricas e usinas nucleares – para matrizes renováveis, o Objetivo é bem mais amplo, exigindo ações coordenadas na educação, no setor produtivo, nas pesquisas científicas, e na reestruturação de cidades, casas e empreendimentos. Além disso, a cooperação internacional, especialmente entre países desenvolvidos e em desenvolvimento, é fundamental para o intercâmbio de tecnologias.
No Brasil, de acordo com o painel do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), desde a assinatura do protocolo, a participação de fontes renováveis de energia no país vem crescendo. Em 2015, data em que foi oficializada a Agenda 2030, a participação das energias renováveis na Oferta Interna de Energia era de 41,3%. Em 2019, data da última atualização dos dados, a participação dessa matriz energética estava em 46,1%. Além disso, em outra meta do ODS, que procura assegurar o acesso universal à energia, o Brasil está bastante avançado, com 99,8% da população brasileira com acesso à eletricidade.
“De modo geral, o Brasil é o país que possui um dos melhores conjuntos de condições edafoclimáticas do mundo, para produção/geração de energias renováveis. No entanto, a falta de políticas públicas e de linhas de fomento à pesquisa no setor, que sejam minimamente continuadas, faz com que o setor industrial e os investimentos não tenham significância, nem consigam ter continuidade”, destaca o professor Ronaldo Hoffmann, do Departamento de Engenharia Química da UFSM, e que desenvolve pesquisas voltadas à eficiência energética há mais de duas décadas. Para o pesquisador, há uma necessidade de o Estado brasileiro estabelecer programas de pesquisa, inovação e extensão para que o campo das energias renováveis seja uma realidade concreta. “O setor produtivo necessita de incentivos, especialmente em fases iniciais de projeto e de implantação, com ações conjuntas de governo e associações, mesmo que por tempo pré-determinado, seguindo modelos internacionalmente adotados”, declara Hoffmann.
A professora do Departamento de Engenharia Mecânica da UFSM, Natália Daudt, ressalta que grande parte da energia elétrica consumida no Brasil, a partir de fontes renováveis, é proveniente das hidrelétricas. “Outras fontes renováveis de menor impacto ambiental, como a energia solar e a eólica, vêm ganhando destaque no país, sendo esse um dos poucos setores que teve crescimento durante a pandemia. Por isso, a transição da matriz energética para fontes renováveis deverá impulsionar a recuperação da economia no pós-pandemia”, destaca a pesquisadora.
Daudt também enfatiza que a UFSM tem relevância no cenário nacional quando tratamos da temática da geração e da transmissão de sistemas de energia. A partir de uma parceria com a Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL), a instituição busca contribuir com o aumento das energias de matriz eólica e solar no território brasileiro. “Uma das maiores empresas do setor de energia solar do Brasil foi criada por ex-alunos da UFSM, dentro da Agência de Inovação e Transferência de Tecnologia (AGITTEC UFSM). As universidades têm um papel fundamental na formação de profissionais que deverão contribuir para melhorar a realidade energética do país”, comenta a professora.
Além de ações de pesquisa e inovação, a UFSM também desenvolve projetos e programas de Extensão voltadas ao cumprimento do Objetivo 07 proposto pela ONU. De acordo com os dados registrados no Portal de Projetos, e reunidos no Mapa da Extensão 2021, atualmente a instituição promove 17 ações com a temática de Energia acessível e limpa, beneficiando aproximadamente meio milhão de pessoas em 09 municípios gaúchos. Para lembrar o Dia Mundial da Energia, comemorado em 29 de maio, convidamos duas ações para apresentar seus trabalhos, exemplificando como a UFSM atua na promoção do desenvolvimento sustentável.
Na primeira reportagem, você conhecerá o projeto Energizando o Futuro, que trabalha com a temática e mobilidade elétrica.
No segundo texto, apresentamos a ação que trabalha com o desenvolvimento de um destilador para a produção de bioetanol combustível.
Finalizando a série comemorativa do Dia Mundial da Energia, indicamos uma reportagem especial realizada pelo UMA – Universidade Sustentável, que destaca o trabalho desenvolvido por mulheres na promoção de um país sustentável. No texto, você conhecerá a ação que busca implementar matrizes energéticas renováveis em empresas e escolas da região norte e noroeste do Rio Grande do Sul.
Agenda 2030 na UFSM
A ação de Extensão apresentada neste texto atende aos seguintes Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS).
Acesse as imagens para saber mais sobre cada um deles.