Tivemos de mudar nossos hábitos com a pandemia de covid-19. Desde que o primeiro infectado foi noticiado, em 26 de fevereiro, toda a sociedade teve de se reinventar. Voos cancelados, o futebol também parou, escolas e universidades fechadas. Poucas atividades essenciais tiveram de manter seus serviços por um bem maior: a segurança de todos os brasileiros.
Moldada a situação, tivemos de nos adaptar ao novo normal, às novas formas de nos comunicar e de como nos relacionar com os demais. Ao passo que novos casos foram surgindo, uma velha conhecida do brasileiro estava cercando novamente o debate público: a desinformação.
O crescimento das redes sociais possibilitou que mais pessoas tivessem acesso à informação. Ao mesmo instante em que muitas informações foram distorcidas, interpretadas de maneiras incoerentes e, em certos casos, negligenciadas. Em um âmbito nacional, os meios de comunicação, mesmo com um histórico crescente e um constante processo de desvalorização devido a diversos ataques infindáveis de âmbito político, prestaram um papel necessário à prevenção e ao combate tanto à covid-19 quanto à desinformação.
A partir de junho deste ano, o poder público optou por mudar o horário de divulgação dos dados, o que passou das 17h para as 19h e, ao fim, às 22h, o que fez com que as informações do Ministério da Saúde ficassem fora de circulação de diversos jornais do país.
Em 4 de junho, o principal portal que continha informações sobre o avanço da pandemia no Brasil ficou fora do ar por 19 horas e, quando retornou, diversas informações foram retiradas, o que prejudicou a análise qualitativa por parte dos meios de comunicação.
Devido a esses contratempos e prezando pela informação eficiente e ágil para a comunidade, grandes nomes da comunicação e do jornalismo nacional formaram um convênio, a fim de proporcionar maior transparência nas informações voltadas à covid-19.
Em um âmbito local, a desinformação pode ser ainda mais prejudicial à segurança e à saúde da população. Muitas vezes, notícias com credibilidade demoram a chegar às pequenas cidades, por vezes sendo falta de investimento em jornais locais para obtenção de ferramentas necessárias para potencializar sua produção. Nessa situação, a Universidade Federal, a partir da Extensão, passou a contribuir de forma mais incisiva.
A Extensão Universitária tem seu trabalho firmado na sociedade a qual faz parte, desse modo, colaborar em suas necessidades é um dos pilares da atividade extensionista. A fim de combater a desinformação e levar produções qualificadas, com credibilidade e, principalmente, com embasamento verídico, a Agência da Hora, agência experimental de Jornalismo da Universidade Federal de Santa Maria campus Frederico Westphalen, junto ao Departamento de Comunicação UFSM FW e com apoio da Pró-Reitoria de Extensão, desenvolveu o projeto “Agência Da Hora no combate à desinformação: jornalismo colaborativo, checagem de fatos e curadoria de informações durante a pandemia”, durante três meses, no início da pandemia.
A ideia surgiu da professora coordenadora da Agência da Hora, Luciana Carvalho, ao notar a grande circulação de materiais com informações falsas. Ela viu, ali, uma necessidade de proporcionar, à sociedade, material qualificado, crítico e de credibilidade. O projeto contou com a participação de demais docentes, técnicos e discentes do Departamento de Comunicação.
A atividade desenvolvida proporcionou, ao público, checagem de informações, desmistificação de boatos e notícias falsas que circularam pelas redes sociais e demais meios de transmissão. O conteúdo foi divulgado em audiocasts disponibilizados no site criado para o Projeto no domínio da UFSM-FW, no spotify e em programas de rádio da região, assim como nas redes sociais da agência e em listas de e-mail, nas quais foram produzidas newsletters semanais. Levando em conta as circunstâncias, todo o trabalho foi desenvolvido de forma remota e dividido em grupos, a fim de organizar todo o material produzido e encaminhá-los para os diferentes portais.
Segundo Igor Mussolin, bolsista da Agência da Hora, o trabalho remoto não foi um problema. Foi, ainda, uma ótima experiência de produção, já que os profissionais da área estariam, em sua maioria, trabalhando de forma remota. Um desafio apontado pelo discente de Jornalismo foi a dificuldade de engajamento do público estimado para com o Projeto. Algo que pode ter interferido, de certa forma, na distribuição das informações apuradas para um maior número de pessoas.
O projeto, além de ter sido destaque no combate à desinformação na região, foi premiado. Recebeu o prêmio de Menção Honrosa, junto a demais universidades do país, no segmento de divulgações científicas, no I Prêmio Rubra de Rádio Universitário, premiação, criada durante a pandemia, para destacar o trabalho de divulgação e difusão científica durante esses tempos atípicos. Hoje o projeto não está mais em atividade, mas há intenção em retomar seus serviços com outros encaminhamentos, segundo Igor.
O trabalho desenvolvido pela Agência da Hora demonstra como a sociedade e, em especial, o jornalismo teve de se adaptar às novas formas de trabalho e interação. Adaptação é uma das potências na atividade jornalística e, tendo como exemplo a atividade qualificada, segura e tão importante que foi desenvolvida para a comunidade local, faz com que o jornalismo seja ressignificado a cada dia.
Redação: Wagner Stan/ Estagiário Pró-Reitoria de Extensão
Revisão: Erica Medeiros/ Pró-Reitoria de Extensão
A ação de Extensão apresentada neste texto atende aos seguintes Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS).
Acesse as imagens para saber mais sobre cada um deles.