Com o avanço das tecnologias de comunicação e gestão, além do impacto da pandemia de COVID-19, o trabalho remoto se consolidou como modo de trabalho possível para muitos profissionais no Brasil. Segundo dados do IBGE [1], em 2022, cerca de 9,5 milhões de brasileiros exerciam atividades de forma remota, o que representa 9,8% do total de pessoas ocupadas. Esse crescimento é ainda mais evidente quando comparamos com a década anterior [2]: em 2012, apenas 3,6% da população trabalhadora atuava em home office, enquanto em 2022 esse número subiu para 8,5%.
Dentro desse cenário, junto à crescente busca por bem-estar [3], no mercado de desenvolvimento de software e tecnologia, o Home Office se tornou não apenas viável e aceito, mas também preferível, visto as dificuldades atreladas a uma modalidade presencial de trabalho. Dificuldades, como deslocamento, rigidez de horários, risco de contágio e doenças, maiores gastos, entre outros. Entretanto, surgem outros problemas relacionados ao impacto psicológico e mudanças na qualidade de vida, a saber sensação de isolamento e solidão, dificuldade de separar vida profissional e pessoal, sensação do não desligamento, falta de estrutura e conforto adequado. Assim, se demonstra significativo a discussão sobre o tema para considerações.
Por que devo preferir Home Office?
Optar pelo home office traz uma série de benefícios que contribuem tanto para o bem-estar quanto para a produtividade. Um dos principais motivos é a flexibilidade e a autonomia, permitindo que você adapte sua rotina de acordo com suas necessidades pessoais. Em uma pesquisa recente da Alelo[4] em 2021, 50% dos entrevistados afirmaram que, sem o tempo gasto com deslocamento, conseguem realizar outras atividades, como exercícios e tarefas domésticas, o que melhora a qualidade de vida.
Outro benefício importante é a economia de tempo e dinheiro. No home office, você elimina o estresse diário de enfrentar o trânsito e reduz custos com transporte e alimentação. Segundo o estudo, 44% das pessoas destacaram a vantagem de ter mais tempo para estar com a família, enquanto 41% disseram que o ambiente remoto contribui para um aumento de produtividade e foco.
Além disso, o home office promove um ambiente mais personalizado, o que possibilita criar condições mais confortáveis e adequadas ao seu estilo de trabalho. Diante disso, pode-se destacar os pontos positivos:
- Proximidade com a Família
- Redução de Estresse com Deslocamento
- Maior autonomia e produtividade
- Menos gastos
- Flexibilidade de horários
Então, para aqueles que valorizam esses pontos, o home office é uma escolha vantajosa, promovendo maior qualidade de vida e menos pressão diária.
Por que devo evitar o Home Office?
O home office, apesar de suas vantagens, também apresenta desafios que podem impactar a saúde mental. Durante a pandemia, observou-se que muitos profissionais enfrentaram sentimentos de isolamento. A ausência de interações presenciais no ambiente de trabalho contribuiu para uma sensação de solidão e distanciamento, que pode gerar ansiedade e, em casos mais graves, depressão. Segundo o estudo de Lemos, Barbosa e Monzato (2021)[5], essa falta de interação direta foi uma das principais queixas dos trabalhadores em home office, principalmente aqueles que residem sozinhos.
Outro desafio é a cultura de estar sempre online, que se intensificou no ambiente remoto. A necessidade de responder prontamente a mensagens e e-mails cria uma sensação de vigilância constante, aumentando o estresse e levando ao esgotamento. Esse fenômeno foi observado por Pinho e colaboradores (2021), que destacaram o aumento da carga de trabalho e a sensação de nunca estar fora do expediente, o que dificulta o descanso e o desligamento completo das atividades laborais(3282-7236-1-SM).
Além disso, o home office dificulta estabelecer limites entre o trabalho e a vida pessoal. Com a ausência de uma separação física, muitos trabalhadores relatam a sensação de estar constantemente em “modo de trabalho”. Esse ambiente misto leva ao aumento da carga mental e física, afetando a qualidade do sono e o equilíbrio emocional, como apontado pelos estudos de Silva, Silva e Santos (2021). A falta de estrutura adequada em casa e a improvisação de espaços de trabalho também foram fatores que contribuíram para o aumento do estresse e da ansiedade nesse modelo de trabalho.
Desse modo, pode-se pontuar que as dificuldades giram em torno de:
- Sentimento de Isolamento
- Cultura de estar sempre online
- Dificuldade de desconexão
- falta de estrutura adequada
- Aumento da carga de trabalho
Esses desafios mostram que, embora o home office ofereça flexibilidade, ele requer estratégias para preservar a saúde mental e evitar a sobrecarga.
O que posso fazer para fazer o Home Office mais agradável?
Para tornar o home office mais agradável e minimizar seus impactos na saúde mental, é fundamental estabelecer práticas que favoreçam o equilíbrio entre o trabalho e a vida pessoal. Essas práticas são[6]:
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- Organize seu Espaço de Trabalho: Invista em uma cadeira ergonômica e mantenha o local organizado para aumentar o conforto e a produtividade. Ilumine bem o ambiente e ajuste a altura da tela para evitar problemas de postura e cansaço visual.
- Gerencie as Notificações: Desative notificações de trabalho fora do expediente para evitar a sensação de “estar sempre disponível”. Durante o expediente, considere limitar notificações de redes sociais para manter o foco.
- Faça Intervalos de Qualidade: Use técnicas como o Pomodoro (25 minutos de foco com intervalos de 5 minutos) para garantir pausas regulares. Aproveite os intervalos para atividades que façam sair da cadeira.
- Estabeleça Limites: Criar uma rotina que ajude a separar o tempo de trabalho do tempo pessoal é essencial. Um bom ponto de partida é definir um horário fixo para começar e terminar o expediente. Rituais de transição — como arrumar o espaço de trabalho ao fim do dia ou fazer uma caminhada — ajudam o cérebro a perceber que o horário de trabalho acabou. Esses rituais podem reduzir a sensação de que você está sempre em “modo de trabalho”.
- Gerencie a Carga de Trabalho: Para lidar com o aumento de tarefas, priorize e planeje seu dia, estabelecendo metas realistas. Mantenha uma lista de tarefas e, ao fim do expediente, avalie seu progresso para evitar a sobrecarga de atividades.
Também, para unir os benefícios do home office e do trabalho presencial, o modelo híbrido é uma ótima alternativa, permitindo que profissionais trabalhem alguns dias em casa e outros na empresa. Por exemplo, com três dias de home office e dois no escritório, é possível manter a flexibilidade e o conforto do trabalho remoto, ao mesmo tempo, em que se fortalecem as interações presenciais, reduzindo o isolamento e facilitando a comunicação com a equipe. Esse equilíbrio promove uma rotina produtiva e saudável, combinando autonomia com as vantagens da convivência presencial e a estrutura do ambiente corporativo.
Conclusão
O home office tem se consolidado como uma alternativa de trabalho atraente, especialmente nas áreas de tecnologia, devido a seus benefícios de flexibilidade, economia de tempo e maior autonomia. Com a possibilidade de adaptar o ambiente de trabalho e eliminar o deslocamento diário, muitos profissionais veem nessa modalidade uma melhora significativa na qualidade de vida e uma oportunidade para conciliar trabalho e compromissos pessoais.
Por outro lado, o modelo também apresenta desafios como o isolamento, a sensação de estar sempre online e a dificuldade de estabelecer limites entre o trabalho e a vida pessoal, o que pode afetar a saúde mental. Para tornar o home office sustentável, é essencial adotar práticas como a criação de um ambiente de trabalho organizado, a gestão de notificações e a definição de horários para o expediente. Com essas estratégias, é possível aproveitar os benefícios do home office enquanto se minimizam os impactos negativos à saúde e ao bem-estar.
Referências
[4] – https://rhpravoce.com.br/redacao/pessoas-extremamente-felizes-em-home-office/
[5] – Ramos, M. E. B., & Moreira, L. C. M. (2022). O impacto do home office na saúde mental do trabalhador. Cadernos de Psicologia, 4(7), 372-397. Disponível em: https://seer.uniacademia.edu.br/index.php/cadernospsicologia/article/view/3282.
Autor: Leonardo Silva da Veiga Marinho Barbosa