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Quando Fazer Mais se Torna um Fardo: Uma Reflexão sobre a Obsessão por Produtividade



Olá, pessoal! Hoje quero trazer uma reflexão sobre um tema cada vez mais discutido nas mídias sociais e que me despertou interesse para pesquisar e aprofundar no contexto de um PET-Redação. Vamos falar um pouco sobre a obsessão por produtividade.

 

O ritmo acelerado e a exaltação da produtividade:

O avanço da tecnologia nos últimos anos transformou drasticamente a maneira como vivemos e trabalhamos. Se, por um lado, a tecnologia trouxe praticidade e eficiência, por outro, também impulsionou um fenômeno preocupante: a obsessão pela produtividade. Esse pensamento, amplamente difundido em discursos motivacionais e narrativas de sucesso, se tornou um estilo de vida para muitos. Ele molda não apenas as dinâmicas profissionais, mas também as relações pessoais e a percepção de valor individual.

Vale destacar que a produtividade, em si, não é um problema. Pelo contrário, produzir com equilíbrio traz satisfação, crescimento e realização pessoal. No entanto, quando a produtividade se torna uma obsessão e ultrapassa os limites saudáveis, ela pode levar ao esgotamento físico e mental. Byung-Chul Han, no livro Sociedade do Cansaço, reflete sobre essa pressão incessante por desempenho e produtividade, apontando como ela leva ao desgaste emocional e à exaustão. A necessidade constante de estar produzindo cria um ciclo onde a produtividade deixa de ser uma ferramenta e passa a ser um fim em si mesma, sem garantir necessariamente bem-estar ou sucesso.

No ambiente profissional, essa mentalidade é sutilmente reforçada por discursos que associam produção incansável ao sucesso. A ideia de que “quem trabalha mais chega mais longe” leva muitas pessoas a acreditarem que, se apenas se esforçarem um pouco mais, alcançarão seus objetivos. No entanto, essa equação raramente se traduz na realidade. A obsessão por produtividade cria um ciclo no qual nunca se produz o suficiente, e a necessidade de “fazer mais” se torna uma meta inalcançável. Isso gera uma constante sensação de insatisfação e fracasso, impulsionando as pessoas a trabalharem ainda mais, perpetuando um sistema desgastante e insustentável.

 

O papel da inteligência artificial na produtividade:

Algo que surgiu nos últimos anos tem sido usado para reforçar ainda mais esse tipo de pensamento: a inteligência artificial generativa. Com seu desenvolvimento e aplicação no dia a dia, muitas tarefas foram aceleradas e facilitadas na maneira como as pessoas trabalham. Dessa forma, o indivíduo que utiliza esse tipo de tecnologia ganha mais tempo, pois algumas tarefas são feitas em questão de segundos por algum modelo de IA. A princípio, isso parece muito interessante; afinal, você resgata de volta o tempo que teria gastado realizando alguma tarefa. No entanto, muitas vezes a IA serve para tornar mais rápidas a execução de tarefas que não necessariamente precisam ser aceleradas, incentivando o indivíduo a produzir mais, mesmo que ele não precise.

Devido à ideia de que produzir mais é sempre melhor, esse tempo resgatado raramente é usado para lazer, descanso ou qualquer outra atividade pessoal. Pelo contrário, ele é absorvido pelo impulso de produzir ainda mais, reforçando o ciclo de incessante produtividade. No vídeo e roteiro “PRODUTIVIDADE (em tempos de IA)”, do canal Ora Thiago, Thiago Guimarães discute como a IA tem incentivado esse fenômeno, especialmente nas áreas criativas. Ele aponta que, ao agilizar a execução de tarefas, a tecnologia muitas vezes reforça a lógica de que, uma vez que você tem determinados processos facilitados pela IA, você deveria produzir mais, apoiando-se no discurso de que a tecnologia está ali para ser sua aliada, mesmo que isso não considere os limites do indivíduo e suas necessidades pessoais.

 

A dissociação entre vida pessoal e trabalho

A obsessão por produtividade não se limita ao ambiente profissional; ela também redefine a forma como enxergamos nossas vidas pessoais. A série Ruptura ilustra isso de maneira extrema: nela, funcionários de uma empresa passam por um procedimento que divide suas memórias em duas—uma para o trabalho e outra para a vida pessoal. Isso significa que, ao entrarem na empresa, não têm lembrança de sua vida fora dela, e vice-versa. A metáfora da série levanta uma reflexão sobre como, muitas vezes, nossa vida pessoal é deixada em segundo plano devido ao ritmo acelerado do trabalho e à pressão constante por estar sempre produzindo. Afinal, até que ponto a obsessão pela produtividade pode nos levar a viver apenas para o trabalho, sem espaço para descanso, lazer e autocuidado?

A crença de que “sempre há mais a fazer” resulta em indivíduos sobrecarregados, que frequentemente negligenciam sua saúde mental e emocional. O medo de ficar para trás faz com que muitos se esforcem além de seus limites, sem perceber que esse comportamento não necessariamente leva a melhores resultados. Pelo contrário, pode resultar em estagnação, exaustão e, em última instância, na incapacidade de seguir adiante.

 

A importância de redefinir o sucesso

Em uma sociedade que frequentemente mede o sucesso pela quantidade de horas trabalhadas, metas alcançadas ou resultados financeiros, é fácil cair na armadilha de acreditar que o valor de uma pessoa está diretamente ligado à sua produtividade. No entanto, essa visão estreita de sucesso ignora aspectos fundamentais da vida, como saúde mental, relacionamentos significativos e momentos de descanso e reflexão. Precisamos questionar essa narrativa e redefinir o que significa ter uma vida bem-sucedida.

O sucesso não precisa ser sinônimo de exaustão ou de uma lista interminável de conquistas materiais. Em vez disso, ele pode ser entendido como um equilíbrio entre diferentes áreas da vida, onde o bem-estar emocional, o tempo dedicado às relações pessoais e o autocuidado têm tanto valor quanto as realizações profissionais. Ao ampliarmos nossa definição de sucesso, podemos criar espaço para uma vida mais autêntica e menos pressionada pelas expectativas externas.

A busca por uma vida significativa deve ser individualizada, levando em conta as necessidades, os desejos e os limites de cada um. Ao abraçar essa diversidade de perspectivas, podemos construir uma cultura que valoriza não apenas o que fazemos, mas também quem somos e como nos relacionamos com o mundo ao nosso redor.

Em um mundo que valoriza cada vez mais a eficiência e a produção constante, é crucial repensarmos o que realmente significa ser produtivo. A produtividade não deve ser medida apenas pela quantidade de tarefas realizadas ou pelo tempo dedicado ao trabalho, mas também pela qualidade do que é produzido e pelo bem-estar de quem produz. A hustle culture e a obsessão por produtividade podem nos levar a acreditar que nunca estamos fazendo o suficiente, mas é importante lembrar que o descanso, o lazer e o autocuidado são igualmente essenciais para uma vida plena e equilibrada. Precisamos questionar as narrativas que nos pressionam a produzir incessantemente e buscar um equilíbrio que nos permita viver com mais propósito e menos cobrança. A tecnologia, incluindo a inteligência artificial, pode ser uma aliada nesse processo, desde que utilizada de forma consciente e sem reforçar a lógica de que “mais é sempre melhor”. O desafio está em encontrar um ponto de equilíbrio onde a produtividade seja uma ferramenta para alcançar nossos objetivos, e não uma fonte de ansiedade e esgotamento.

Por fim, é fundamental reconhecer que o nosso valor não está atrelado apenas ao que produzimos, mas também à forma como vivemos e nos relacionamos com o mundo ao nosso redor. Ao priorizar o equilíbrio entre trabalho e vida pessoal, podemos construir uma relação mais saudável com a produtividade, onde o descanso e o bem-estar sejam vistos como partes essenciais do processo, e não como luxos dispensáveis. Afinal, uma vida bem vivida é aquela que encontra significado não apenas no que fazemos, mas também em quem somos.

 

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