Ir para o conteúdo PET Sistemas de Informação Ir para o menu PET Sistemas de Informação Ir para a busca no site PET Sistemas de Informação Ir para o rodapé PET Sistemas de Informação
  • International
  • Acessibilidade
  • Sítios da UFSM
  • Área restrita

Aviso de Conectividade Saber Mais

Início do conteúdo

Uma discussão sobre a atual indústria dos jogos



Olá pessoal! Seguindo a tendência do PET Redação anterior, hoje traremos uma discussão sobre um assunto um pouco diferente do que é comumente abordado aqui, o mundo dos jogos, falaremos sobre algumas das práticas que se tornaram comuns nessa indústria, e qual a minha opinião a respeito delas como jogador. Bom, vamos lá!

 

Uma visão geral

O mercado de jogos é um setor gigantesco que está em constante crescimento. Como entusiastas de jogos singleplayer, estamos sempre em busca de experiências únicas em jogos de ação e aventura com narrativas envolventes, como The Last of Us, Red Dead Redemption, The Witcher, entre outros. Esses jogos oferecem uma experiência cinematográfica e imersiva sem igual.

No entanto, apesar das sutis melhorias gráficas e de jogabilidade, ainda não vimos um jogo que aproveite de verdade todo o potencial dos consoles de nova geração. Esperávamos que essas novas plataformas, com o salto significativo em termos de tecnologia e desempenho que trouxeram, fossem capazes de proporcionar experiências de jogo inovadoras e revolucionárias, mas até o momento, essa promessa não foi plenamente cumprida pelos estúdios ao meu ver.

Juntamente com isso, a onda de jogar seguro também vem tomando conta do mercado. Remasters, remakes e continuações de franquias estabelecidas estão se tornando cada vez mais comuns. Embora os projetos provenientes dessas práticas sejam benéficos para as empresas e também revive a nostalgia dos jogadores, também levantam preocupações sobre a falta de originalidade e inovação nessa indústria.

Outra prática preocupante que tem se tornado comum no mercado é o lançamento de jogos inacabados, com promessas de atualizações futuras para corrigir falhas e incluir conteúdo adicional. Essa abordagem levanta questões sobre a integridade por trás desses lançamentos, deixando os jogadores frustrados e extremamente desapontados.

Neste artigo, levantaremos essas questões que afetam o mercado de jogos. Vamos explorar como a falta de inovação, a ênfase em remasters e remakes, e o lançamento de jogos inacabados impactam a indústria e a experiência dos jogadores.

 

Os consoles da 9ª geração

Lançados em novembro de 2020, os consoles da nova geração (nem mais tão nova assim), PlayStation 5 e Xbox Series S|X, impressionaram com sua capacidade de hardware. Eles eram significativamente mais poderosos do que seus antecessores, PlayStation 4 e Xbox One, e prometiam gráficos deslumbrantes, altas resoluções e tempos de carregamento praticamente inexistentes devido aos novos SSDs, as expectativas eram altas.

No entanto, mais de dois anos após os lançamentos podemos constatar que muitas dessas promessas não foram totalmente cumpridas. A maioria dos jogos lançados ainda é projetada para rodar nos consoles antigos, limitando assim suas capacidades e potencial. Mesmo títulos recentes dos próprios PlayStation Studios, como God of War: Ragnarok, Horizon Forbidden West e Gran Turismo 7, são compatíveis e rodam suavemente nos PlayStation 4, sem apresentar as evoluções da nova geração que os jogadores tanto querem ver. E por se tratarem de sequências diretas, evidenciam a falta de inovação real, já que oferecem jogos muito similares aos que já conhecemos em questões tecnológicas, apenas com conteúdo diferente.

Essa realidade nos leva a questionar se já atingimos o limite máximo de evolução nesse mercado. Podemos fazer uma comparação com franquias passadas, como Batman Arkham, na qual acompanhamos as grandes evoluções de Batman Arkham Knight, lançado para PlayStation 4 e Xbox One, em relação ao seu antecessor, Batman Arkham City, lançado para PlayStation 3 e Xbox 360. Essas evoluções significativas em termos de gráficos, jogabilidade e desempenho eram o que esperávamos ver com mais frequência.

A falta de avanço perceptível nesses jogos atuais levanta preocupações sobre a capacidade dos desenvolvedores de explorar plenamente o potencial desses hardwares. Embora existam sim diversos títulos que façam uso do poder adicional, com melhorias e aprimoramentos visuais nas novas plataformas, muitos jogos ainda parecem depender de fórmulas antigas e não oferecem uma experiência realmente inovadora, e o pior é que as pessoas estão parando de acreditar que isso é possível.

God of War Ragnarok vs God of War 2018 - Physics and Details Comparison -  YouTube

Comparação gráfica entre God of War (2018) e God of War Ragnarok (2022), através do canal do YouTube GameBest

 

A pandemia de COVID-19

A pandemia em 2020 não apenas atrapalhou nossos planos como os planos dos desenvolvedores e das empresas que operam no setor. Foram anos turbulentos e difíceis, com eventos sendo cancelados e escassez de componentes, afetando significativamente o progresso e desenvolvimento dos jogos. Essa situação perdurou por praticamente todo o ano de 2021 também.

A impossibilidade, em muitos casos, de dar continuidade ao desenvolvimento nos deixa pensativos sobre a necessidade de lançar os consoles da nova geração durante esse período conturbado. Embora o Xbox Series X tenha sido anunciado antes da pandemia, no final de 2019, surge a dúvida se realmente foi o momento adequado, considerando que o setor de hardware e produção de componentes eletrônicos foi amplamente afetado pelas restrições e interrupções causadas pela pandemia.

Lembro que na época dos lançamentos, era praticamente impossível adquirir um novo console devido à falta de estoque, e quando disponíveis, os preços também eram elevados. Isso resultou em dificuldades para os interessados em migrar para a nova geração. Embora hoje as coisas tenham se normalizado e as vendas retomadas, não podemos ignorar o impacto significativo que a pandemia teve na produção, contribuindo para atrasos que ainda são sentidos, embora o setor também tenha crescido exponencialmente nesse período, assim como o do entretenimento geral.

E claro, apesar dos atrasos e das incertezas, também testemunhamos o lançamento de jogos espetaculares, como Elden Ring no início de 2022. Títulos como esse demonstram que a indústria pode sim superar desafios e entregar experiências marcantes. No entanto, poucos jogos tem feito isso.

 

Uma nova (e frustrante) prática na indústria

Nos últimos anos, testemunhamos o surgimento de uma prática extremamente prejudicial na indústria de jogos: o lançamento de jogos incompletos e inacabados. O primeiro exemplo que me vem à mente é o lançamento de Cyberpunk 2077 em dezembro de 2020. Prometido como o maior e mais inovador jogo de todos os tempos, revelou-se uma grande mentira. O jogo foi lançado com um desempenho sofrível, com crashes, travamentos e repleto de bugs que tornavam a experiência praticamente injogável em muitos aspectos. Essa situação resultou em um dos maiores desastres na história dos videogames, que certamente não será esquecido tão cedo. Somente anos após o lançamento e uma infinidade de patches de atualização é que o jogo se tornou realmente decente e jogável.

Infelizmente, essa prática de lançar jogos inacabados tem se tornado cada vez mais comum. Empresas estão lançando jogos antes que estejam prontos, prejudicando a experiência dos jogadores. É importante ressaltar que essa problemática não se aplica a todos os lançamentos, mas é inegável que ocorreram exemplos recentes preocupantes. Um deles é Redfall, jogo lançado pela Microsoft que chegou ao mercado inacabado e com desempenho questionável (rodando a 30FPS no Xbox Series X), tendo a promessa de correções (patch de 60FPS) antes mesmo do lançamento. Outro exemplo é Star Wars Jedi Survivor que está enfrentando muitos problemas de desempenho, com crashes e travamentos constantes. Até mesmo o aclamado exclusivo do PlayStation, The Last of Us Part I, que recentemente foi lançado no PC, tornou-se motivo de chacota devido às péssimas otimizações na plataforma.

Com a era da internet, tornou-se mais fácil para as empresas lançarem atualizações e correções através de patches, o que não era possível antigamente. Embora essa capacidade de atualização tenha inúmeras vantagens, parece que algumas empresas estão se aproveitando disso, lançando produtos inacabados na esperança de que as pessoas comprem a ideia para que só depois invistam em polimento. Isso acaba sendo extremamente frustrante para aqueles que pagam mais caro no lançamento e acabam tendo uma experiência pior do que os demais que adquirem o jogo um ou dois anos depois, por um preço mais baixo e com uma qualidade técnica superior.

 

A onda dos remasters, remakes e continuações

Em soma a tudo isso que já foi dito, outra forte tendência dos estúdios é o constante lançamento de remasters, remakes e continuações de franquias já estabelecidas. Os remakes de jogos como Resident Evil 2, 3 e 4 são exemplos que considero necessários, pois seus jogos originais são antigos e já estão bastante datados. No entanto, é possível citar o recente Dead Space Remake como um exemplo que, na minha opinião, definitivamente não precisava de um remake, já que o jogo original, apesar de antigo não está tão ultrapassado, tanto é que a jogabilidade se manteve muito similar.

Além disso, é evidente que a indústria de jogos tem se concentrado fortemente em sequências. God of War Ragnarok, Resident Evil 4 e muitos outros são exemplos disso. Evidentemente as empresas tem optado por jogar no seguro, lançando jogos que já fizeram sucesso no passado. Compreende-se que essas produções são enormes e possuem orçamentos na casa das centenas de milhões de dólares. No entanto, essa abordagem reflete uma falta de confiança em lançar algo novo e diferente, o que contribui para a falta de inovação que tanto mencionamos.

É importante ressaltar que essa tendência se aplica principalmente à indústria de jogos AAA. Os jogos independentes (indies), por sua vez, pertencem a uma categoria e mercado diferentes e não enfrentam tanto o problema da mesmice. Muitos indies ainda se esforçam em oferecer experiências inovadoras, explorando conceitos e mecânicas diferentes.

No entanto, é crucial questionar o equilíbrio entre a familiaridade e a inovação na indústria de jogos AAA. Os jogadores anseiam por novas experiências e por jogos que desafiem os limites do que é conhecido. Embora as sequências e franquias estabelecidas tenham seu valor, é essencial encontrar um meio-termo que permita o desenvolvimento de novas propriedades intelectuais e conceitos ousados, talvez a próxima evolução não seja conseguir os gráficos mais realistas possíveis, mas sim alcançar um estilo visual diferente juntamente com uma forma de jogar diferente.

 

Afinal, isso torna os atuais jogos ruins?

Definitivamente não! Todos os exemplos que citei são de jogos espetaculares e que merecem toda a aclamação que receberam. No entanto, em termos de avanço tecnológico, podemos observar que não estamos presenciando a mesma evolução que testemunhamos no passado, como a transição do Playstation 2 para o Playstation 3 e do 3 para o 4. A oitava geração já estabeleceu padrões tecnológicos bastante altos, e uma revolução não acontece do dia para a noite.

Embora reconheça que houve aprimoramentos (resoluções mais altas e maiores taxas de frames), acredito que já tenha passado tempo suficiente para termos presenciado algo que parecia inalcançável nos consoles antigos. Além disso, à medida que o mercado de jogos cresceu, os projetos se tornaram cada vez mais caros. Nesse contexto, é compreensível a tentativa de jogar no seguro, mas às vezes é necessário que as empresas se arrisquem com projetos ambiciosos e inovadores.

Além da busca pelos gráficos mais realistas possíveis, precisamos de uma revolução na forma como consumimos conteúdo. É preciso explorar novas formas de interação, narrativas e experiências imersivas que vão além dos aspectos técnicos. A evolução dos jogos não se limita apenas ao aspecto visual, mas também à maneira como nos envolvemos e nos conectamos com o conteúdo.

Em resumo, embora reconheça os jogos espetaculares lançados atualmente, é importante que a indústria dos jogos busque uma renovação. Precisamos de projetos que transcendam os padrões estabelecidos e nos surpreendam com inovações tecnológicas e conceituais. É hora de abrir caminho para novas propriedades intelectuais e experimentar novas abordagens, criando uma verdadeira revolução na forma como vivenciamos o mundo dos jogos.

 

Autor: Enzo Zanini Becker

Divulgue este conteúdo:
https://ufsm.br/r-791-3391

Publicações Relacionadas

Publicações Recentes