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Educomunicação e ação ambiental em projetos comunitários inspiradores



Em tempos de emergência climática, os debates frequentemente se concentram em acordos internacionais e políticas públicas, com um foco reduzido ao  papel fundamental das comunidades, onde, de fato, as transformações mais significativas têm início. É nos territórios, muitas vezes longe dos holofotes, que florescem iniciativas que combinam ação local, educação ambiental e comunicação participativa — pilares da educomunicação, entendendo a comunicação como instrumento de formação cidadã, crítica e emancipadora. 

Projetos comunitários alinhados com os princípios da educomunicação têm demonstrado que, quando as pessoas se percebem como agentes das mudanças, os resultados são mais consistentes, duradouros e enraizados no cotidiano local. Essa abordagem, que integra comunicação, educação e participação, parte da valorização dos saberes populares e da escuta ativa, favorecendo processos coletivos de aprendizagem e ação. 

O projeto Viveiro Cidadão, realizado na cidade de Rolim de Moura, em Rondônia, é organizado pela ONG Ação Ecológica Guaporé (Ecoporé) e vai muito além da produção de mudas nativas.Trata-se de um espaço vivo de educação ambiental, no qual moradores, estudantes e educadores se reúnem para aprender sobre reflorestamento urbano, biodiversidade e estratégias contra as ilhas de calor. Mutirões, oficinas e rodas de conversa transformam o viveiro em uma arena de convivência comunitária e ação climática. A força do projeto está justamente na prática educomunicativa: o conhecimento não é imposto, mas construído de forma dialógica e coletiva, reconhecendo e respeitando os saberes locais (Caldas, 2015). Assim, o que pode parecer um simples ato de plantar uma muda se torna também um gesto político, pedagógico e transformador.

No Movimento dos Catadores de Materiais Recicláveis, presente em diversas cidades brasileiras, essa articulação também é visível. Mais do que uma alternativa econômica, os catadores mostram como a economia circular é possível e sustentável, ao mesmo tempo que fortalecem o vínculo comunitário, geram renda e reduzem drasticamente o volume de resíduos descartados incorretamente. A ação dos catadores chama a atenção para um dos mais graves problemas do planeta: excesso de consumo e de lixo, aliados à falta de consciência no descarte correto de resíduos.

Em contextos urbanos do sul do Brasil, como Jaguarão e Pelotas, o projeto Ventos que Transformam promove a geração de energia solar e eólica a partir da organização comunitária. Mais do que tecnologia limpa, o foco está na justiça climática e na soberania energética. A criação de cooperativas de energia permite que as próprias comunidades gerenciem seus recursos, ampliando o acesso democrático a uma fonte sustentável, econômica e alinhada com as lutas sociais de base (Paiva, 2022).

Nas periferias das grandes cidades, a comunicação comunitária revela seu poder de engajamento e resistência. Projetos como o Fala Roça e o Voz das Comunidades, surgidos no Complexo da Maré e no Complexo do Alemão, são exemplos emblemáticos de como a comunicação feita por e para a comunidade pode combater a desinformação climática e ambiental, produzindo reportagens, vídeos, podcasts e conteúdos nas redes sociais em linguagem acessível e conectada à vivência local. Ao abordarem temas como enchentes, saneamento, lixo e calor extremo, esses coletivos contextualizam a crise climática dentro das realidades das favelas, espaços historicamente mais vulneráveis e menos ouvidos.

A mobilização popular e a resiliência das comunidades estão presentes em todos esses projetos. As pessoas se mobilizam e não esperam por grandes decisões políticas para agir. Não se limitam à sensibilização, promovem formação, envolvimento direto e processos decisórios horizontais, criando soluções adaptadas às suas realidades e mostrando que cada território pode ser protagonista na luta contra a crise climática.  Pensando nisso, nossa reflexão propõe pensar que a população não é mera receptora de conteúdos da comunicação ou da educação, mas é parte ativa do planejamento, da execução e da avaliação das ações. Desta forma, a educomunicação traz engajamento com propósito, pois sempre vale a pena a luta por transformação social em cada território.

Por Julia Gonsalo de Carvalho e Júlia Weber.

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