Maneira como a mensagem será comunicada
A mensagem deve ser comunicada de maneira clara, honesta, empática e esperançosa. O profissional (ou a equipe) deve se mostrar disponível para a continuidade da comunicação e proporcionar a participação dos familiares, que podem ser aliados neste momento.
Para direcionar a maneira como a mensagem será comunicada, inclusive a linguagem, considere o melhor interesse da criança, garantindo sua voz.
Respeite as escolha da família no processo de comunicação do diagnóstico. A família pode, inclusive, escolher que essa comunicação aconteça no serviço de saúde.
Para uma comunicação clara acerca do diagnóstico de infecção pelo HIV, primeiramente é preciso identificar o que a família e a criança já sabem sobre a condição de saúde.
Você pode fazer perguntas como: “Por favor, me fale o que você sabe sobre o motivo de vir nas consultas? Me conte o que foi conversado com você na última consulta? O que você conhece sobre o resultado dos exames? Na sua opinião, por que você toma medicamentos todos os dias?”.
Posicione-se na altura do olhar da criança.
Você pode adequar a linguagem de acordo com o entendimento da família e com o quanto a criança sabe.
Você pode utilizar meios lúdicos na comunicação com a criança. É importante adequar o modo de comunicar-se com ela conforme a faixa etária: por exemplo, na idade escolar (6-10 anos incompletos) a compreensão é distinta da pré-adolescência (10-12 anos). Evite o uso de termos científicos.
As informações precisam ser transmitidas no ritmo de quem está recebendo a mensagem.
Comunique o diagnóstico e o prognóstico da criança sem omitir as informações ou mentir, esclarecendo as particularidades de sua condição de saúde.
Use os termos conforme o entendimento da família e da criança.
Uma informação honesta sobre a condição de saúde da criança possibilita que os familiares e a própria criança confiem no profissional. A confiança estabelece o vínculo para questionamentos, demandas de cuidado e perspectivas de futuro.
Escute, estabeleça confiança e vínculo, proporcione conforto e consolo, seja sensível às reações das crianças e dos familiares e considere seus sentimentos e preocupações.
A presença de barreira física, como a mesa do consultório, dificulta a abertura de diálogo entre a criança ou a família e o profissional de saúde. O contato visual, na altura dos olhos da criança, pode facilitar essa comunicação. Algumas reações (por exemplo: choro incontrolável e desorientação) inibem a capacidade da criança e do familiar de processar as informações e, por vezes, impossibilitam a continuidade da consulta. Considere, também, a linguagem não verbal com o familiar e com a criança, que é expressa por contato visual, tom de voz e expressões faciais.
Os familiares consideram que a maneira como o profissional transmite as informações influenciará no interesse da criança.
Comunique a mensagem de modo esperançoso. Preocupe-se em não deixar a criança confusa, e evite usar ilustrações que possam assustá-la. Preze por compartilhar exemplos de crianças com o mesmo diagnóstico e que conquistaram projetos de vida.
Com a terapia antirretroviral, um diagnóstico de infecção pelo HIV não precisa ser associado a maus prognósticos.
Mantenha-se disponível para continuidade do atendimento e/ou a necessidade de novas sessões. Marque outro encontro ou até mesmo agende ou reagende as consultas. Pode haver vários encontros, não há um número mínimo ou máximo, pois o acompanhamento da comunicação do diagnóstico com cada criança e sua família é singular.
A comunicação pode ocorrer durante um período de tempo, no decorrer de várias conversas.
Estabeleça o foco da discussão em cada encontro conforme as demandas da família e da criança. Avalie a carga de informações que o(s) familiar(es) e a criança podem receber. Para isso, fique atento às mensagens verbais e não verbais de sobrecarga de informações. Seja flexível para adotar outros recursos que favoreçam a compreensão da mensagem. Converse com calma.
É importante acompanhar as repercussões da comunicação.