A carne ovina ainda possui pouco espaço de comercialização no mercado nacional. Por mais que a média anual no consumo de carnes de cordeiro no estado do RS seja de 2,9 Kg por habitante (Sorio, 2008), este número decresce para 700g em nível nacional. No entanto, este cenário vem mudando com o auxílio de novas pesquisas na área de melhoramento genético dos cordeiros, sanidade, bem estar animal, assim como novos espaços para comercialização da carne, como restaurantes e churrascarias especializadas em pratos específicos desta proteína.
Em parte, a situação para a menor comercialização está relacionada com a baixa profissionalização do setor produtivo, que acaba gerando uma carne com qualidade inferior, altos custos na criação de ovinos em uma escala pequena de produção por produtor e a falta de estruturação entre os elos desta cadeia produtiva até chegar no consumidor final. Isso reflete a necessidade de tecnificação na ovinocultura e dos envolvidos na sua produção, com intuito de viabilizá-la ao pequeno produtor, tornando-o menos vulnerável a oscilações externas e assegurando sua manutenção no mercado.
O bom manejo é o principal fator que otimiza a produção e redução de custos finais. Para a criação de ovinos, podem ser escolhidos sistemas extensivos, intensivos ou mistos. Nos sistemas extensivos, baseados na alimentação com pastagens, é importante que estas apresentem boa qualidade, adaptabilidade ao clima da região e que, preferencialmente, sejam piqueteadas. O capim Tifton 85, se destaca como uma boa forrageira tropical apresentando resistência a seca e a frios leves, mas para os estados do sul do Brasil, com climas mais amenos, a aveia preta e o azevém ou até mesmo o azevém perene são boas opções de forrageiras, que são bem aceitas pelos animais e geram bom ganho de peso.
Outro cuidado que se deve ter com as pastagens é em relação à altura de pastejo, algumas pesquisas mostram que quando em tamanho inferior a 6 cm de altura, são notadas severas perdas no ganho de peso de ovinos. Além de que deixar as ovelhas pastejando em tamanhos muito baixos de pasto, favorece a ingestão de larvas e, consequentemente, o desenvolvimento e acometimento por verminoses. Uma opção para criadores de ovinos que também desenvolvem agricultura e possuem lavouras cercadas, é a integração lavoura-pecuária durante o inverno, que além de proporcionar cobertura vegetal à lavoura, fornece alimento ao rebanho ovino.
No sistema intensivo, com maior uso de rações e suplementos concentrados, é importante que estes sejam de boa qualidade para que a engorda e o custo-benefício sejam adequados ao mercado. Podem ser utilizados volumosos oriundos de fenação ou silagem, aliados a outros concentrados, como milho, que apresenta boa energia, junto ao farelo de soja, que apresenta boa quantidade de proteína. Contudo, o custo para se manter a criação de ovinos apenas em sistemas intensivos é alto, ainda mais nestes períodos com os preços dos grãos alto. Dessa forma, utilizar sistemas com pastejo e suplementar a alimentação com rações pode apresentar ganhos, como a engorda mais rápida e uma boa nutrição ao rebanho.
Além da nutrição, o produtor deve se atentar ao manejo na reprodução para diminuir perdas no rebanho, aumentar a qualidade e garantir boa sanidade. É importante cuidar dos cordeiros recém nascidos para que não ocorra a mortalidade, por isso é muito importante que o cordeiro faça a ingestão adequada do colostro logo nas primeiras horas de vida e esteja abrigado de baixas temperaturas que possam levar a hipotermia da cria. Para isso, as instalações já devem ser construídas pensando se a produção será de lã, carne ou leite, além de estimar o tamanho do rebanho para que abrigue todos os animais e não ocorra superlotação.
A genética do rebanho deve ser bem pensada e escolhida de acordo com a adaptabilidade das espécies à região. Dentre as mais utilizadas nos rebanhos do Rio Grande do Sul, estão a Corriedale e a Ideal, essas duas raças são originárias da Nova Zelândia e Austrália, respectivamente, apresentam duplo propósito (produtoras tanto de lã, quanto carne), bem adaptadas à rusticidade do campo e aos sistemas extensivos. Dentre as raças de lã, pode-se destacar a Suffolk e a lle de France, esta última apresenta alta velocidade de crescimento. De raça deslanada, a Santa Inês é característica do sul do país com alta capacidade e engorda.
O setor da ovinocultura está crescendo e ainda tende a crescer muito no país, se baseando nas condições climáticas ideais e áreas territoriais, além dos investimentos no mercado de carnes. Para isso, investir na tecnificação da produção ovina e até mesmo na abertura de agroindústrias alimentícias para beneficiar a própria produção, aliada a boa gestão e manejo produtivo, observando e identificando os nichos de consumo são importantes estratégias que otimizam e trazem maior lucratividade ao produtor. Dessa forma, irá aumentar a produção, visando suprir a demanda interna e a diminuição no preço final pago no comércio pela carne.
Autor:
Venicius Ernesto Pretto, acadêmico do 4º semestre de Agronomia e bolsista do grupo PET Agronomia — Universidade Federal de Santa Maria.
E-mail: veniciuspretto@outlook.com